Capítulo 48

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                             Capítulo 48

                                       Nate

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      De certo modo, agradeço mentalmente a amiga de Ane por ter desconstruído todo nosso mundo de ilusões... Na verdade o meu mundo de ilusões. O mundo em que eu pude jurar ter me apaixonado por uma garota, que estava igualmente apaixonada por mim, quando na verdade era só... Um plano. O mundo onde fantasiava que estava a ajudando superar suas próprias inseguranças e medos. O mundo onde, cada sorriso que conseguia flagrar em seu rosto era uma vitória. Agradeço mentalmente S por ter me feito parar de sustentar essa raiva cega de Ane. Começo a reprisar todas às vezes em que a ruiva me olhava com raiva, por eu tentar ajudá-la a não cair em seus próprios precipícios e percebo que o ódio em seus olhares não eram porque eu tentava de alguma forma ajudá-la e sim porque era eu... Na sua frente. Por mais fodido que isso tudo seja, não estou surpreso, não de verdade pelo menos. Não deu certo com Julie, por que iria dar certo com Ane? A autopiedade, apesar de supervalorizada é um dos meios mais eficazes de autoconforto existentes e eu me permito me agarrar a ela. Me permito acreditar que tudo isso, todas às vezes em que nos conectamos, seja sexual ou emocionalmente; foi culpa minha. Eu quem fui atrás do seu quarto. Eu quem me voluntariei à ir ao shopping com Ane. Eu quem me permiti, novamente, me apaixonar sem sequer tê-la conhecido totalmente... Os avisos de Julie aparecem em meu inconsciente e fecho os olhos por um segundo. Eu escolhi acreditar em Ane — a garota que estava me usando como um mero boneco — ao invés de Julie. Parte de mim quer sentir raiva disso tudo e outra simplesmente não consegue acreditar. Afinal é difícil acreditar que a garota com quem você estava, nunca esteve de verdade com você... Nunca sentiu o que eu senti toda mísera vez em que nossos lábios se encontravam.

— Ei, tá tudo bem? — escuto a voz preocupada de Thomas e abro os olhos, deixando a imagem de Ane de lado por um curto espaço de tempo.

Transfiro minha atenção para a entrada da sala e percebo Chuck e Gibson entrando no cômodo também. Droga, deveria ter subido para meu quarto.

— Não sei se quero falar sobre isso — consigo responder meu amigo, mas sem a animação que sempre cultivo e espalho, porquê simplesmente hoje não dá.

— Porra, parece que teve as bolas arrancadas, Nate — Chuck declara ao se sentar ao meu lado no sofá — Aposto que foi aquela ruiva não foi? A fez aquele showzinho na cozinha — seu semblante passa do divertido, para uma careta e Gibson se senta no sofá.

— Foi mais ou menos isso — resmungo, não sabendo se estou com disposição para conversar sobre isso com eles...

      Da vez em que as coisas deram errado com Julie, foi um tanto quanto diferente, já que apesar de ser uma brincadeira cósmica do universo; ela não ficou comigo, porquê não gosta de homens e não porquê havia um plano todo elaborado por baixo da faixada dos seus sorrisos superficiais. Pensar nisso; nos seus sorrisos que de alguma forma eu sabia que não eram reais, me faz perguntar; o por quê? Já que passamos a vida inteira a procura de um alguém, quem conseguíssemos entender, quem conseguíssemos desvendar apenas com um olhar e quando eu — finalmente — encontro esse alguém... É Ane. Então novamente; por quê? Por que logo ela? Por que simplesmente não deixo tudo isso se encerrar, como qualquer outra pessoa faria? Por que não podíamos nos apaixonar normalmente e nos apresentarmos no início dos jogos como G&G fazem? Ou por que não podíamos ter enfrentado nossas desavenças como C&B e no fim ainda poderíamos ter feito uma tatuagem para combinar? Até mesmo por que não poderíamos se sincronizar tanto ao ponto de cozinhamos juntos como T&E? Droga, por que sinto que sou maior culpado nisso, por não ter percebido suas intenções, do que a própria por me... Enganar?

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