Capítulo 39

935 70 15
                                    


Capítulo 39

Ane

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

        Aceitar Nate "me ajudar" foi um tiro no próprio pé, porquê cada uma das vezes, em que suas mãos se posicionam estrategicamente em minhas cinturas — no mesmo local em que estavam ontem, quando estávamos sobre o meu colchão — para refazermos os passos que temos que fazer; é um verdadeiro desafio. Um desafio, porque tenho que focar, um desafio porque ele está me distraindo, um desafio porque suas mãos são como brasa quente na minha pele, um desafio porque... Por mais que eu queira levar isso tudo que estamos fazendo; apenas como uma besteira, uma vingança patética, só consigo rolar mais e mais ladeira a baixo, fazendo com que o nosso floco de neve se transforme em uma bola gigantesca, caindo a toda velocidade do topo da montanha, aumentando de tamanho conforme continua rolando, sem ter como fazê-la parar. Gretta manda as duplas fazerem novamente, um passo que estamos repetindo faz mais de 20 minutos e isso me faz revirar os olhos, enquanto Nate continua mantendo seu sorriso de adolescente no rosto. Reviro os olhos novamente só por ele estar sorrindo e volto a ficar atrás para si. Por mais que a ideia dos jogadores invadirem nossas apresentações ainda continue ridícula no meu ponto de vista, tenho que confessar que Gretta finalmente montou um passo "ok". Nem bom, mas também nem ruim. Eu faria algumas, poucas, mudanças nele, porém é aceitável, é melhor que os passos que ela monta para apenas as líderes. O loiro à minha frente continua a prestar atenção em Gretta, mesmo que ela já tenha repetido como é para transcorrer o passo umas mil vezes e quem olha para o rosto de Nate nesse segundo; diz que ele nunca a escutou antes, tamanho é seu interesse. Bufo e espero até que Grettazinha cale a boca e nos "mande" refazer o passe. Como temos que nos sincronizar, espero até que as demais garotas que também estão atrás dos jogadores, se preparem e por estarmos na ponta; Nate quem inicia toda a coreografia, ao se agachar no gramado primeiro e os demais jogadores, colegas seus, se agacham logo em seguida. As mãos do loiro sobem no ar a minha frente e eu as seguro, apenas para ter equilíbrio o suficiente para passar cada uma das minhas pernas pelos seus ombros, me sentando sobre os mesmos. Nate segura firme em minhas mãos e levanta comigo em seus ombros, os outros lebres ao nosso lado fazem o mesmo movimento que Nate, copiando os nossos passos. Sinto suas mãos depositando um breve e rápido aperto nas minhas; em um tipo de incentivo, antes de Nate transferir seus dedos para minhas coxas ao lado da sua cabeça e eu erguer um dos braços no ar, insinuando estar com os pompons das líderes. Como se fosse um espelho, refletindo nossos movimentos; cada líder e jogador ao nosso lado fazem exatamente a mesma coisa que eu e Nate fizemos e no instante em que o último casal termina o movimento; Gretta levanta as mãos falando animadamente um; "Isso!". Não sei o porque Daytes está tão animada... Não fizemos nada que qualquer outra pessoa com o mínimo de coordenação motora não pudesse fazer.

        A loira finalmente nos libera para fazermos a segunda parte da coreografia e nesse segundo sinto um medo percorrer meu corpo e se alojar na minha perna esquerda. Nate como das outras vezes; concorda com a cabeça para o que sua amiga acabará de falar e isso faz com que seus cabelos façam cócegas em minha pele descoberta das coxas. Ignoro meu cérebro maligno que me lembra da mesma cócega que senti na noite anterior, produzida também pelos seus cabelos loiros, mas em outra total ocasião. Suas mãos que antes estavam em um aperto delicado; se intensificam e acabo respirando fundo, tanto pelo medo, quanto pela lembrança patética que me surgiu, e isso, essa minha reação faz com que o loiro jogue sua cabeça para trás, em busca de fixar seus olhos nos meus.

— Ei, não pensa muito, só faz, você consegue — Nate sussurra em um incentivo bobo, com uma fatiga clara em seu tom de voz, mesmo que em seus lábios um sorriso esteja estampado, quase que como ele quisesse ter certeza de que seu sorriso disfarçaria a sua fatiga não hora do apoio moral.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora