Capítulo 93

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                              Capítulo 93

Ane

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Eu consegui enxergar nitidamente cada centímetro do rosto de Nate, mesmo quando o próprio estava distante. Consegui identificar seu sorriso adolescente, seu nariz reto, seus lábios e seus olhos preocupados com a ideia de eu não conseguir enxerga-lo... O que não o julgo, porquê se for totalmente sincera; nem eu mesma estava acreditando que iria conseguir distinguir o desenho do seu rosto. É uma explosão de sentimentos — pela primeira vez — bons que acontecem em meu interior, que ainda não consigo explicar como me sinto em saber que poderei finalmente identificar a expressão no rosto de alguém a mais de três passos de distância de mim. Um pequeno feito que lá no fundo; sempre desejei. Céus, irei até mesmo reconhecer caligrafias e fotografias, é uma mistura em igual de um querer gritar e chorar ao mesmo tempo. Principalmente quando vejo as lágrimas escorrendo dos olhos de Nate e percebo que não era apenas o meu coração que estava acelerado esperando pela resposta que eu não tive coragem de adquirir esse tempo todo... A mesma resposta que só Nate saberia como consegui-la, driblando todo meu nervosismo e ansiedade. A resposta que o loiro de fato conseguiu me envolvendo em uma brincadeira patética, me mostrando que conseguirei enxergar qualquer coisa a distância e eu nem precisarei estar sonhando dessa vez. Apenas por pensar que depois de hoje irei conseguirei enxergar acordada, conseguirei saber quem me cumprimenta na rua e conseguirei ler as informações nas placas; sinto um sorriso surgir em meu rosto e me permito ser uma patética apaixonada por alguns instantes.

— Eu disse que você iria conseguir — mesmo sorrindo, seu tom de voz vacila na emoção do momento e seus olhos ainda brevemente marejados o denunciam que Nate está tão feliz por mim, quanto é humanamente possível.

"Humanamente possível" que piada... Afinal, não é segredo para ninguém o quanto Nate vêm me mostrando que consegue fazer e ser muitas coisas que muita gente simplesmente seria incapaz. E nem estou falando sobre seus dotes sexuais, ou a forma única que ele me faz sentir toda vez que seus dedos estão apertando os meus. Na verdade, mesmo que eu tenha absoluta certeza de que super-heróis não existam; percebi que há vezes onde Nate se autoriza a sentir o que eu sinto, se autoriza a entrar de cabeça, mesmo sem saber se o lago é raso ou não e são exatamente nesses momentos que ele se transforma em uma figura que eu procuraria em meu pior pesadelo, que eu gritaria por socorro e que eu definitivamente o beijaria de cabeça para baixo na chuva.

— Não me dê os créditos, o trabalho foi do doutor — acabo rindo e minhas mãos vão ao encontro do seu rosto, o moldando entre meus dedos.

Meus polegares enxugam os breves riscos molhados em suas bochechas, igual como ele havia feito antes e isso o faz sorrir.

— Ei, estou tentando bajular a minha namora — Nate brinca na sua melhor voz e escorrega suas mãos das minhas cinturas para estacioná-las na base da minha coluna.

— Ok, ok, desculpe — peço rindo e só então, depois de ter dito minha última palavra, percebo que ela soou... Natural e não como se eu estivesse me forçando a dizê-la.

Meus olhos começam a passear o rosto de Nate. É patético como tudo acontece de uma forma natural quando estou com ele. É quase que automático. Como se toda a sua bondade fosse a minha, por mais que seja nítido que ainda temos muitas incompatibilidades... Meus devaneios são cortados quando a voz do doutor surge, preenchendo a sala de espera onde estamos; chamando meu nome. Respiro fundo e sinto o mesmo nervosismo de antes correr em meu interior conforme o sorriso distraído em meu rosto se vai, mesmo que agora eu saiba que vai "acabar" tudo bem. No entanto, é inevitável você não se sentir assim, ainda mais quando passou anos fugindo desse medo e agora aqui estou.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora