Capítulo 33

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                               Capítulo 33

                                        Ane

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        Ás vezes queria que Nate percebesse o que estou fazendo consigo, que se afastasse o mais rápido possível e não simplesmente agisse como se eu sequer tivesse o machucado e eu sei que de certo modo o machuquei, porque ele é o tipo de pessoa patética que se machuca com palavras, com realidades. Fora que a expressão que surgiu em seu rosto quando disse que não éramos amigos foi uma totalmente diferente da que ele geralmente exibe... Não tinha alegria nela. Pensar nisso faz com que minha raiva fervilhe novamente ao mesmo tempo que aquele aperto em meu peito se intensifica, como se parte de mim não quisesse machuca-lo, mesmo que eu tenha iniciado toda essa história patética com esse fim. Sua pergunta patética não para de se reprisar em minha cabeça, conforme atravesso o hall de entrada patético, da sua casa patética e só quando estou parada no meio do quintal patético de Nate, que consigo respirar novamente. Ele conseguiu. Ele saiu por cima. Tanto que sequer ligo de estar na rua com as roupas quais estou vestida. Pensar nisso tudo faz com que aquela raiva de antes se transforme em uma indescritível, já que em nenhum momento era para Nate estar por cima, eu deveria ter o comando... Sempre. Estou observando todas as minhas peças do tabuleiro caírem, menos o peão de Nate que continua intacto e destruindo. De jogada em jogada, o jogo está virando e de alguma forma irracional, seu peão está muito próximo à minha rainha.

        Passo a mão no meu cabelo molhado e percebo que já fazia tempo que não sentia a sensação das minhas mechas molhadas sobre meus ombros. O dia por um todo começa a se reprisar em minha cabeça e acabo rindo sem humor, porquê não pude ter sido mais patética... Estou me perdendo cegamente em Nate e isso não poderia acontecer em hipótese alguma, já que se o quero na minha mão, tenho que ter certeza, que de alguma forma eu não estarei na dele... E agora, na verdade há poucos minutos atrás; Nate acabou de me lembrar que há vezes em que, por um deslize, estou nele por completo e não só em suas mãos. Solto o ar e olho ao arredor do jardim simples da sua casa. Isso é tão confuso porquê parte de mim, acredita em tudo que falei na sua cara a segundos atrás... Acredita que somos de realidade opostas, afinal, enquanto faço de tudo por uma chance de estar no topo, de receber a medalha; Nate se contenta em apenas colocar seu nome na lista de competidores, para no fim sequer concorrer de fato. Que não podemos nunca ser amigos, porquê para isso acontecer significa que eu teria que perdoa-lo, detalhe esse que tenho quase certeza de que não consigo, mesmo que outra parte de mim mesma me lembre que tudo isso aconteceu há um ano atrás.

       Tudo em relação à Nate é irônico, é patético e é sufocante.

      É irônico porque não somos iguais em nada e mesmo assim nunca beijei lábios que se encaixaram tão bem nos meus quanto os de Nate. Nunca fiquei com algum cara que se importasse de fato em me levar a um ferro velho? Para que eu pudesse desestressar? com excessão de Nate, claro. É patético porque quando iniciei esse "plano" idiota, tinha a mais absoluta certeza de que não me envolveria emocionalmente com Nate, óbvio que rolaria beijos, sexo, mãos bobas, mas nunca pensei, nem mesmo por um segundo; que eu pudesse gostar — e muito — de tudo nele e em tudo que Nate Holden acredita, o mesmo cara que ferrou com qualquer chance que eu tinha de conseguir o título de líder... E é sufocante porque fingir não estar atraída por alguém como Nate, que consegue ser gentil até mesmo com uma formiga; exige todo e qualquer autocontrole que ainda tenho. O único problema é que não sei ao certo o quanto ainda resta... Na verdade, tenho certeza que ainda não transamos de novo, porquê ainda existe uma mágoa do passado que não está tão turva quanto o restante dos meus sentimentos bagunçados. Mas eu queria que estivesse.

Talvez ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora