Capítulo 37

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       Capítulo 37

Ane

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        Mesmo que esse plano envolvendo Nate, tenha se enfraquecido e muito nas últimas horas; foi impossível perder a chance de ver a careta de Julie. Afinal... Ele estava lá, na frente dela e se eu chegasse por trás, o abraçando, sabia que conseguiria uma visão privilegiada da reação de Julie a nosso "proximidade" fajuta. "Penso logo existo" nunca se encaixou tão bem antes. A amiguinha de Nate e Daytes observou cada segundo, desde o em que minhas unhas arranharam o abdômen marcado de músculos de Nate sobre a sua camisa, até a parte qual eu me mantinha abraçada à ele com ódio nítido em seus olhos e no fim quando o loiro sequer chegou a se despedir de si, antes de transferir por total sua atenção para mim; foi como se eu tivesse conseguido algum tipo de prêmio, porquê o que me movimentou iniciar esse jogo estava se concretizando em frente aos meus olhos. O buraco entre os dois estava cada vez mais visível, céus, era tão presente a desavença deles que houve um segundo em que eu podia jurar que  chegava ser possível tocar nela. Mesmo que com alguns desvios; meu plano estava dando certo, eu estava conseguindo quebrar a amizade patética deles, no mesmo tempo que estava conseguindo ter Nate Holden entre meus dedos.  Meu olhar caindo para nossos dedos entrelaçados, enquanto caminhávamos em direção à mesa é a prova disso. Levá-lo até a nossa mesa, foi só uma parte da imensa encenação, porquê de alguma forma eu sabia que fazer isso; faria com que Julie se corroesse mais ainda. Sem contar o fato de que provocá-lo é definitivamente uma diversão e tanto, principalmente quando seus olhinhos azuis claros entregam o quanto ele está perdido em mim. Observar Nate comer o sanduíche natural ao invés do hambúrguer também foi outro ponto para o meu lado do jogo, já que estava nítido que ele não estava gostando daquilo e ainda assim estava comendo, porquê eu mandei. É tão patético como qualquer um facilmente consegue ter Nate nas mãos... O fato de ser eu quem está traçando suas jogadas no tabuleiro também soa meio patético, porquê nunca pensei que estaria aqui, sentada no colo de um lebre, o orientando em um cardápio mais saudável, horas depois de ter corrido com ele pelo campus e o pior de tudo; ter gostado. Por que estou começando a sentir que por mais que tudo aponte que estou chegando bem perto da recompensa, do topo com esse plano; ainda sinto que a qualquer instante meu tabuleiro irá despencar, derrubando todas as minhas peças?

      Após nosso lanche, deixamos a lanchonete antes de Samanta e Natasha, por temos aulas na nossa grade curricular antes das delas. E parte de mim insiste que por mais que quase toda manhã naquela lanchonete havia sido mera encenação; foi bom ter abraçado Nate e sentar em seu colo. A leveza que nos rodeava era perfeita, até o momento em que Nate tocou no assunto referente à minha perna novamente e automaticamente acabou com o clima. No fim nos separamos, mas não antes de Nate me puxar para um de seus abraços asfixiante antes. Enfrento um dia inteiro de aulas, e perto das 6pm chego ao meu alojamento, porém no instante em que retiro minha chave da mochila; encaro o saco marrom em frente à minha porta. Assim que paro em frente aquilo, olho ao arredor, para ver se quem quer que tivesse colocado aquilo ali; estava ainda por perto, mas o corredor permanece vazio e como estava atrapalhando a minha passagem, sou obrigada a me agachar, capturando o saco, mesmo que de sobrancelhas juntas. Abro a porta e após entrar no quarto; a fecho intrigada em analisar o saco. Caminho até minha cama, deixando com que meus saltos produzam seu som habitual contra o carpete fino e desgastado do quarto. No percurso deixo a chave sobre a escrivaninha e a mochila sobre a cadeira à frente da mesa. Me sento na beirada do colchão e deixo o saco em meu colo, ainda o analisando. Há um porquê de bem poucos caras saberem onde fica meu alojamento; para que eles não me enviem pretextos para um segundo encontro, já que nunca gostei disso; de segundas chances onde me forçava a gostar de escuta-los falando. Suspirando já incomodada pelo fato de que esse saco deve pertencer a um dos meus últimos casos; o abro e no instante em que meus olhos encontram com meus saltos da tarde passada, completamente sujos de lama; ergo as sobrancelhas. Uma surpresa me ocorre a medida que outra coisa também me domina, outro sentimento, mas não sei exatamente classificá-lo. Quando os ligo à Nate — o único que sabia onde os saltos estavam — me pego sorrindo ao perceber que ele prestou atenção no que disse na noite passada, quando lamentei ter perdido esse par, continuo sorrindo ao detalhe dele ter voltado ao ferro-velho apenas e somente para recuperá-los para mim. Espera, o cara realmente voltou lá só para encontrar os meus saltos? Minha mente questiona e claro que sim, afinal estamos falando de Nate... Droga. Não era para esse sorriso estar em meu rosto.

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