A moça tão linda e bem vestida, descontrolada gritava em francês, batendo na mesa em sua crise de raiva, com o rímel borrado a chorar, em um dos restaurantes mais bem frequentados de Paris. Carla já imaginava que seria assim, quase sempre era.
--S'il vous plaît Anne! Je vous ai dit qu'il ne serait pas toujours. Je dois plus rien à dire. Au Revoir! – (Anne, por favor! Avisei que não seria para sempre! Não tenho mais nada a dizer. Adeus.) - Respondeu e levantou saindo dali.
À porta o manobrista já trazia seu carro. Conhecia bem aquelas cenas para saber que quando Carla Paim fazia uma mulher se enfurecer, não ficava para ver o resultado, saía antes que a mídia também quisesse conferir. Sua presença naquele restaurante se devia exatamente ao fato de todos os funcionários serem discretos e nunca fazerem perguntas. Não era a primeira vez que ela deixava uma senhorita em prantos naquele local. Depois seu assessor apareceria e pagaria a conta, e os estragos se fosse necessário. Quase sempre era.
Carla saiu guiando calmamente pelas ruas da cidade em direção a Lyon. Não a abalava de forma nenhuma o que aconteceu, e com certeza não seria a última vez a acontecer. Nunca recusava uma paixão, e quando houvesse outra seria da mesma forma. Tomaria da outra tudo que lhe apetecesse, fartaria-se dela, sem nada de si realmente entregar, não envolvia seu coração nestas coisas. E quando esta paixão se tornasse algo normal, ou algo que caminhasse para um relacionamento sério, sairia disto como se nada tivesse acontecido, como já havia feito todas as vezes.
O problema era sempre o mesmo, para a maioria das garotas com quem teve algo, tempo e relacionamento significavam a mesma coisa. Carla não pensava desta forma. Não seria por se relacionar com a mesma garota um ano que a estava namorando ou casaria com ela. Podia se sentir mais envolvida por alguém que conhecia a quatro minutos, pois tempo e relacionamento, para ela não relacionavam-se de nenhuma forma. Confessava para si que gostou mais de algumas que de outras, e isso apenas fazia com que fugisse mais rápido. Sabia que estava errada, mas nunca confessaria a ninguém. Jamais se entregaria. Seu coração seria somente seu para sempre.
Era esperta o suficiente para saber o quanto custaria um amor, o quanto isso mudaria sua alma. E ela sabia quem era, quando se olhava no espelho, sabia bem que ali estava exatamente a garota determinada que sempre foi, seus objetivos bem claros. Sabia que não mudou em nada, e nem mudaria. Paixões, muitas paixões apenas, e quando já não davam certo, não se permitia chorar nem se arrependia.
Não que levasse esses relacionamentos como aprendizado, pelo contrário. A cada relação que se ruía começava tudo novamente, do zero, de volta ao ponto um, como se se apaixonasse pela primeira vez. Nunca deixava que um relacionamento mudasse nada nela, e era exatamente essa sua intenção, afinal, amava quem era.
Olhou para um dos bares onde várias pessoas bebiam alegres. Pensou que poderia beber uma cerveja bem gelada, mas não faria isso. Seus objetivos bem determinados não permitiam que se desviasse um milímetro. Não era um sacrifício isso, ela levava a vida que queria, mas sabia o quanto lhe custou para chegar ali, e jamais pararia.
Muitos gostavam de dizer que ela contou com a sorte para estar ali, dirigindo aquele belo Lamborghini Veneno de quase quatro milhões pelas ruas da cidade luz, a verdade é que não havia sorte nenhuma nisto, e ela sabia bem cada esforço que realizou, e cada passo que deu para chegar até ali.
Quando era criança, morava no Rio de Janeiro em um casebre miserável no Bairro Operário. Dormia no chão, a dividir velhos e esmolambados colchões com a mãe costureira e o irmão dois anos mais velho que ela. Ele tinha um sonho, dizia que ia tirá-los daquela merda, seriam ricos, e poderiam comprar o que quisessem, e antes de dormir, ele ficava descrevendo como seria, dizendo que a primeira coisa que compraria era uma televisão para verem o futebol, pois nem isso tinham. E o futebol, era a porta de saída dele.
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O Poder eo Sonho
Любовные романыNanda é a garota hétero romântica. Ama estrelas e borboletas, acredita seriamente em vida em outros planetas, e sonha com o amor perfeito. Sabe que vai encontrar um amor doce, sensível e especial. Carla é objetiva. Ama o poder acima de tudo, tem suc...