Capítulo 36 - Egoísmo

108 7 0
                                    


Aquilo estava simplesmente insuportável! Se antes estar com Nanda a deixava feliz, agora tudo que acontecia quando a encontrava era ficar mais e mais frustrada! Cada vez mais cheia de um amor que não podia oferecer. Sentada em meio à orquestra ela tocava no automático e lembrava-se do encontro das duas naquela manhã.

Nanda ligou e convidou-a para almoçar. Tamara vibrou e logo já encontrava aquele sorriso maravilhoso! Apenas olhar para ela já lhe traria uma paz imensa! Nanda contou eufórica. A SICG3 lançaria uma sonda de estudo espacial. Como uma das pesquisas envolveria a já tão discutida propagação de som no espaço, neste caso, a sonda emitiria sons. Tamara estava radiante com a novidade.

--Que legal Nanda! Era o que você queria! Coordenar um projeto de exploração. – Nanda sorriu imenso. Seus olhos brilhavam cheios de animação.

--Mais que isso! Tenho um sonho sabe! Sempre sonhei que quando eu encontrasse o amor da minha vida, escreveria uma canção e a faria tocar no espaço, mesmo tudo indicando que nada se ouça lá. E agora eu tenho esta oportunidade. Tenho o amor da minha vida, tenho uma sonda espacial... – Puxou o papel dobrado do bolso. – E tenho estas palavras aqui, mas não tenho uma música. Pensei que você podia me ajudar com esta parte. – As mãos de Tamara recuaram e o sorriso sumiu do seu rosto.

--Carla sabe que está fazendo isto? – Nanda ainda sorria.

--Não, é surpresa. – O riso de Tamara foi quase um bufar.

--E acha que ela se importa? – O sorriso de Nanda sumiu e deu lugar a um semblante um pouco decepcionado e tímido.

--Não... É que... Bem esquece, era só um sonho besta. – Tamara segurou uma de suas mãos sobre a mesa.

--Sonhos nunca são bestas Nanda, apenas às vezes os colocamos nos lugares errados... Nas pessoas erradas. Uma música especial tocando no espaço é incrível! Mas talvez não seja o estilo de Carla. Talvez ela prefira um troféu ou um estádio com seu nome, seus sonhos são lindos, talvez só estejam no lugar errado! – Nanda baixou a cabeça.

--Bem, esquece isto. Me fala de você. Está esquisita, tristinha, o que aconteceu? – "Aconteceu que eu te amo", Tamara pensou.

--Nada, nada que valha à pena. Eu tenho que ir, vou tentar replantar o jardim hoje, eu acabei com todas aquelas flores, vou começar do zero. – Nanda se entristeceu.

--Porque fez isso! Eram lindas! – Tamara respondeu com a voz seca.

--Perderam a magia. – Beijou a face de Nanda e saiu.

Até quando Nanda ia fingir que não se importava em ver seus sonhos serem despedaçados um a um? Mais cedo ou mais tarde ela ia compreender que estava com a pessoa errada. E não! Tamara não comporia uma música de Amor para Cosmo, não mesmo!

O Poder eo SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora