Ela esteve tão perto! Tão perto e Nanda nada conseguiu dizer! Quando a viu partir naquele carro mais lágrimas banharam seu rosto. Ficou estática parada na calçada. Não podia perdê-la assim! Ela teria que lhe ouvir. Era apenas uma esperança, Nanda sabia. Conhecia bem Carla, e sabia que ela não ouviria, e se ouvisse não acreditaria. Tudo que pretendia era tentar, até que não tivesse mais forças. Sentiu a mão em seu ombro. Virou-se.
--Nanda eu... – Secando as lágrimas disse.
--Não temos nada pra conversar Tamara. – Tentou sair mais a outra segurou seu braço.
--Ei, não sei o que aconteceu, mas se causei isso eu peço desculpa, eu... – Nanda riu irônica entre lágrimas.
--Causou isso? Se causou isso? Eu nem sei como, mas Carla diz que me viu com você! Você me beijou sem que eu esperasse e destruiu minha vida! Desde aquela noite que me beijou não vejo Carla, e quando eu tento resolver as coisas você aparece! Por favor! Não preciso! Tudo que não preciso agora são suas desculpas! – Nanda desvencilhou o braço que ela segurava e olhou o apartamento onde Star havia entrado.
Depois de saber que Carla estava no Brasil, não foi difícil descobrir o endereço de Dona Lena na lista telefônica. Nanda até se condenava por não ter pensado antes em procura-la na casa da mãe, mas o estado de sofrimento que ficou vivendo, jogada naquela casa em Lyon entre as lembranças de Carla, não permitiu que pensasse direito. Também nunca pensou que ela estaria em um lugar onde pudesse ser achada.
Atravessou a rua. Ao entrar no hall do prédio o porteiro a parou.
--Para qual apartamento senhorita? – Nanda tentou apenas passar, mas o homem a interceptou. – Desculpe, mas precisa ser anunciada.
--Eu vou ao apartamento de Carla, na cobertura. – O homem olhou sério.
--Desculpe senhorita, mas as visitas não estão autorizadas. – Os olhos de Nanda se encheram de lágrimas.
--Moço, chama a Dona Lena, ou a Star. Meu filho está lá, o Augustã, deve conhece-lo. Eu preciso...
--Sinto muito. Dona Lena foi clara. Ninguém pode subir. – Nanda não acreditava.
--Mas não vai nem interfonar? Diga que... – Nisto as portas do elevador se abriram em uma gritaria.
--ME SOLTAA, ME SOLTAAA! LARGAA EU! QUERO MINHA MÃE! EU QUERO A MINHA MÃE! – Augustã gritava de costas para Nanda, muito vermelho e enlouquecido nos braços de Star. Ela olhou nos olhos de Nanda. Sabia que Carla não ia aprovar o que faria, mas o garoto a estava deixando desesperada.
--Ele tá quebrando tudo! Tá surtando! Dona Lena não tá! Não sei o que fazer! – O garoto pensou que ela falava com o porteiro. Assim que se virou e viu Nanda seus gritos cessaram na hora.
--Mãe! – Ele disse pulando do colo de Star e se jogando nos braços de Nanda com olhinhos chorosos. Nanda o apertou forte nos braços, de olhos fechados lágrimas lhe corriam enquanto beijava o pequeno.
--Ah filhote! Que saudade de você! – Ele segurou seu rosto com as duas mãozinhas olhando-a nos olhos.
--Não vai embora mais Mãe! – Ela o apertou nos braços novamente e suas lágrimas se multiplicaram. Nisto ouviu a voz inconfundível que vinha detrás dela.
--O que você tá fazendo aqui? Sobe com a tia Star Augustã! – O pequeno se revoltou.
--NÃO VOU NADA! VOU FICAR COM A MINHA MÃE! – Nanda considerou. Fez com que o pequeno a olhasse nos olhos.
--Ei! Calma filhote! Ninguém vai separar a gente! Fica calmo! Você não pode fazer assim! – Olhou para a mulher à sua frente falando sentida. – Ele é meu filho, eu tenho saudade, eu tenho saudade de Carla também! Dona Lena, sei que é a sua casa, mas a senhora não me deu a chance de falar nada em Lyon. Só peço que me ouça, me deixe falar. Eu amo Carla mais que tudo! Sei que ela não vai me ouvir, mas a senhora... Por favor! Me escute uma vez, só uma vez! – A senhora a encarava séria. Bufou em rendição.
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O Poder eo Sonho
Roman d'amourNanda é a garota hétero romântica. Ama estrelas e borboletas, acredita seriamente em vida em outros planetas, e sonha com o amor perfeito. Sabe que vai encontrar um amor doce, sensível e especial. Carla é objetiva. Ama o poder acima de tudo, tem suc...