Capítulo 5 - Paixão

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Quando a juíza apitou o fim da partida Carla se jogou de cara na grama. Tinha corrido até o final. Como ela tinha previsto e sentido, aquele jogo foi uma porcaria.

Enquanto todas as garotas comemoravam abraçadas no banco de reserva, ela saiu do campo sem olhar para trás. Pegou sua mochila no vestiário e saiu chateada, sem nem se trocar. Não entendia como as colegas de time podiam comemorar aquele dois a um idiota!

Depois que ela empatou a partida o Wolfsburg fechou. Todo o time atrás parecia ser feito por onze zagueiros. E por mais que furasse aquele bloqueio, a bola não colaborava. Não entrava.

Faltando cinco minutos para o fim do jogo, ela avançou com as duas laterais e a meia atacante todas dentro da pequena área. Limpou, chutou estourando na trave, voltou em Zoey que chutou e a goleira espalmou, sobrou pra ela que entregou pra Star, novamente na trave, sobrou novamente para ela que chutou e a goleira tirou com um soco. Se indignou! Recebeu a bola da Star e saiu driblando todo mundo! Chapelou uma das zagueiras, deu uma caneta na outra, deu uma lambreta para passar por Zoey que estava perdida atrapalhando, e por fim dando uma roleta na goleira entrou gol adentro com bola e tudo. Se não entrava a chute ela levava até lá dentro! Depois disto acabou o jogo, e aquele placar era uma vergonha. Foi um jogo feio de assistir.

Chegou no estacionamento pensando longe. Quando olhou para sua vaga tomou um susto.

--Não esqueceu nada? – Nanda disse desligando o alarme do carro. Carla sorriu e pôs as mãos na cintura.

Enquanto dirigia para o túnel, que Carla havia dito que era a primeira coisa que tinha de ver, Nanda sorriu.

--Parabéns pelo jogo. Foi bem legal. – Carla bufou sorrindo.

--Legal? Aquilo foi uma palhaçada! Não tem dois meses que metemos nove a zero nesse mesmo time! Não sei o que aconteceu hoje! Vira aqui, depois à esquerda. – Nanda concordou com a cabeça. Mais por educação pois não entendia nada de futebol. Carla continuou. – Você perguntou de onde eu sou, eu sou do Rio De Janeiro, e você?

--Também. – Nanda sorriu. – Cheguei ontem.

--Eu estou a mais de cinco anos fora do Brasil, a dois aqui. Você veio para a Fetê des Lumieres? Entra aqui, depois naquele anel. – Nanda negou com a cabeça.

--Não, eu vim pra ficar. Fui contratada para ser uma espécie de aliança entre setores. Digamos que fui contratada por três empresas. Vou reunir informações da GEIPAN, da 3AF e do CNES. – Carla fez sua melhor cara de quem não tinha entendido nada. Nanda revirou os olhos. – As três empresas fazem basicamente estudos espaciais, de óvnis, ufos. – Carla arregalou os olhos rindo.

--Tá brincando né?! Você veio do Brasil aqui, trabalhar para gente que estuda ETs? – Nanda perdeu o sorriso.

--Sim. Na verdade não. Sim e não! A coisa é complicada. Óvnis e Ufos são basicamente a mesma coisa, são objetos voadores não identificados. Muitas vezes são terrestres. – Carla sorriu com ironia.

--Muitas vezes? Todas você quer dizer! – Nanda perguntou séria.

--Então não acredita em vida em outros planetas?

--Lógico que não! – Nanda estava brava.

--E eu não acredito em futebol! – Carla ria.

--Lógico que acredita!

--Não! Não acredito!

--Acredita sim! Você viu uma partida hoje! Ruim, mas viu! – Nanda explicou.

--Para mim é mais fácil acreditar que existe algo lá fora, do que acreditar que vinte pessoas adultas se reúnem para chutar uma bexiga de ar, enquanto milhões de pessoas assistem e dizem – Fez uma voz de idiota. – Olha lá, os idiotas que eu escolhi são melhores do que os seus, por isso eu ganhei! E saem gritando e comemorando a idiotice! – Carla apenas ria.

O Poder eo SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora