Capítulo 19 - Resistência

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Carla acordou às quatro horas da manhã. Ainda deitada alongou os braços, segurando um de cada vez pelo cotovelo. Seus olhos abertos no escuro estavam um pouco apreensivos. Havia sonhado com Nanda. Nada significativo, mas somente o fato de ser Nanda já significava muito. Estava se entregando totalmente para ela, e muito, muito rápido! Isso a assustava.

Levantou e deixou que a agua corresse quase fervente sobre o corpo. Queria ao menos parar de pensar em Nanda por um instante, mas onde procurasse em sua mente, ela estava lá.

Depois de vestir-se e tomar um milk shake de sorvete de creme e Ovomaltine, que misteriosamente lhe esperava pronto toda vez que acordava, ela entrou no carro e foi até o Parc la tete d'or, onde começou a correr. Geralmente conseguia esvaziar totalmente a cabeça correndo, mas agora não mais. Nanda ainda estava lá.

Ela era tão linda, tão doce, chegava a ser boba. O jeito que falava tudo que lhe viesse na cabeça quando estava nervosa era muito lindinho! E aquele sorriso! O que era aquilo?! Era mágica pura! Carla acelerou mais o passo. Talvez se ficasse quase sem ar conseguisse parar de pensar naquela pele bronzeada e macia! Tocar a pele de uma garota podia ser excitante, mas acariciar as costas de Nanda, tocar a pele quente, suave e delicada, tinha sido algo que a acendia de uma forma completamente nova! E era melhor nem pensar no beijo dela, no sabor encantador daqueles lábios! No aroma doce que confundia todos os seus sentidos. Tudo em Nanda era demais! Perfeito demais! Nanda era uma cilada!

--Não posso me entregar desta maneira! Não posso! – Disse sem fôlego parando com as mãos nos joelhos. Respirou um momento e continuou a correr.

Nanda estava tomando e bagunçando tudo nela! Enquanto as outras garotas com quem se relacionou imploravam por um momento de atenção, uma noite de sexo, algum tempo com ela, e acabavam ficando com os restos de tempo que sobrava do futebol e dos treinos, Nanda só precisava aparecer, que ela saía atrás, indo onde ela quisesse, fazendo o que ela quisesse, e concordando com tudo, até com aquela amizade ridícula onde não conseguiam ficar longe dos lábios e dos braços uma da outra!

Se com as outras era segura e firme, com Nanda era uma apaixonada idiota! Era isso que estava sendo! E era só olhar nos olhos dela para que não conseguisse evitar nem controlar nada! Um olhar, um sorriso e Nanda a tinha por completo! Isto para Carla estava inadmissível! E por mais que dissesse a si mesma que não ia mais fazer-lhe as vontades, nem pactuar com esta amizade fake que criaram, sabia que no momento em que Nanda aparecesse se entregaria outra vez! Mesmo sem querer, ficaria doce e mansa, disposta a tudo com ela, pois a verdade, é que havia paz, uma paz que nunca antes sentiu, apenas em segurar sua mão.

Se estar com Nanda lhe trazia paz, Ao mesmo tempo lhe causava uma guerra interna! Não era de entregar o coração, e quem tinha um espaço nele, às vezes nem sabia disto, e com certeza nenhuma das garotas com quem esteve chegou a passar perto daquele coração tão seletivo.

Olhou o relógio. Já havia corrido o suficiente. Iria ver alguém que com certeza tinha um lugar em seus sentimentos, mesmo que quase ninguém soubesse!

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