Capítulo 52 - Improvável

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Carla começou a rir enquanto chorava. O rádio só podia estar brincando com seus sentimentos. Estacionou o carro. Há mais de meia hora se negava a chorar, e agora chorava rindo. A probabilidade do rádio tocar aquela música, ainda naquele momento, aquela música que ela nem conhecia, mas que falava tanto de Nanda para ela, era quase nenhuma. E mesmo assim a música tocava. Estacionou o carro, e ouvia a música a rir e chorar.

Não identificado (Banda Fênix)

Eu vou fazer uma canção pra ela

Uma canção singela, brasileira

Para lançar depois do carnaval

Eu vou fazer um iê-iê-iê romântico

Um anti-computador sentimental

Eu vou fazer uma canção de amor

Para gravar num disco voador

Eu vou fazer uma canção de amor

Para gravar num disco voador

Uma canção dizendo tudo a ela

Que ainda estou sozinho, apaixonado

Para lançar no espaço sideral

Minha paixão há de brilhar na noite

No céu de uma cidade do interior

Como um objeto não identificado

Que ainda estou sozinho, apaixonado

Como um objeto não identificado

Que ainda estou sozinho, apaixonado

Eu vou fazer uma canção de amor

Para gravar num disco voador...

Só que ao contrário da canção, Nanda não estava sozinha, estava com Tamara. Como isso doía! Estava sendo tão difícil superar aquele amor. E ela aparecia assim, do nada na sua porta, com a ruiva!

Carla desligou o rádio. Isto não devia importar mais, e não importaria. Não ia voltar àquela torrente de dor que se entregou assim que ficou sem Nanda. Agora ela podia superar. Resistir. Não se entregaria. Aliás, não havia mais nada para entregar. Não tinha mais coração.

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