Capítulo 7 - Querer

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Nanda acordou com o sol que entrava pela janela a lhe bater no rosto. Era uma bela manhã, e ela ficou deitada a sorrir e relembrar da noite incrível entre todas aquelas luzes. Pensou em Carla.

Ela era tão irritante! Um exemplo perfeito de todos aqueles que não acreditavam em seu trabalho. Apesar disto, havia algo interessante nela. Algo que não sabia explicar, mas ela parecia ter algo diferente do que demonstrava.

Nanda tomou um banho demorado, e já estava na cozinha tomando o café, ainda pensando em Carla.

Nunca teve amizade com nenhuma garota, as três irmãs eram totalmente fúteis e não a suportavam! Com o irmão caçula tinha uma relação um pouco melhor. Não que fossem amigos, ou que ele a respeitasse de alguma forma, mas ainda assim era menos cruel que as garotas.

Sempre ouviu o mesmo das garotas. Para elas era a esquisita, a boba infantil, a retardada! Lembrou que foi esta a primeira coisa da qual Carla lhe chamou. Nunca teve uma amiga mulher, e devia ser por isto que não tirava Carla da cabeça.

Além de Jonas, que foi seu melhor amigo, tinha uma boa amizade com o primo Davi, o rejeitado pela família. Davi tinha muitas amigas mulheres, e sempre lhe dizia que a amizade das garotas era algo especial.

Nanda via na vida real e nos filmes, aquela relação maravilhosa e carinhosa entre duas garotas, e se antes não conseguia, agora podia compreender o que havia de tão mágico e amoroso em amizades com garotas!

Aquela amizade tão nova com Carla, era algo que nunca imaginou. Seu coração estava animado, diferente. E mesmo que Carla não tivesse o mesmo ponto de vista que ela, algo dentro de si a queria por perto.

Entrou no pequeno escritório do apartamento, onde haviam pilhas de papel acumulado. Precisava trabalhar.

Eram duas e quinze da tarde. Carla estava em frente ao prédio de Nanda desde as dez para a uma. Ela não aparecia. Desceu do carro e foi até a portaria. O porteiro não estava. Olhou os nomes no interfone, e lembrou que não fazia ideia do sobrenome dela. Dois garotos adolescentes desceram do elevador e a olharam animados.

--Cosmo! Me donnez un autographe?! – O garoto pediu um autógrafo. Ela deu autógrafos aos dois e tirou fotos com eles.

-- Vous savez où habitê Nanda? Elle est venu du Brésil. (Sabem onde mora a Nanda, que chegou do Brasil?) – Sorrindo enorme o garoto respondeu.

--je sais, le BCBG! (sei, a BCBG!) – Carla perguntou intrigada.

-- Qu'est-ce que c'est BCBG? (O que é BCBG?) – O garoto respondeu rindo mais ainda.

--Beau cul, belle gueule! Est là dans le 402!(Bela bunda, bela cara! É no 402!)

--Merci. – Agradeceu e subiu rindo. Os pirralhos já estavam de olho na vizinha brasileira gata.

Nanda ouviu a campainha.

--Entra! – Gritou sem pensar nem tirar os olhos do computador. Como a campainha não parava levantou e foi até a porta. Carla estava escorada no batente e lhe sorriu.

--Sério que estou a meia hora lá embaixo e nem pronta você está? – Nanda estava vermelha de vergonha.

--Carla me desculpa! Entra! Eu mergulhei em uns relatórios de atividade espacial e não vi a hora passar! – Carla respondeu colocando as mãos no bolso da frente do jeans.

--Ou isso ou esqueceu que combinamos. Se não quiser ir eu... – Nanda a interrompeu segurando sua mão e conduzindo-a até a sala.

--Não! Não esqueci e eu quero ir sim. Fica à vontade que vou me trocar e volto logo. Vai ser rápido. – Disse enquanto subia para o quarto. Carla a admirou subir as escadas, aquele belo corpo no confortável pijama. Ela era uma delícia! A cintura fina e uma bunda redondinha maravilhosa. "Que morena fantástica!" Carla pensou consigo.

O Poder eo SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora