Capítulo 11 - Notícias

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Já passava das dez. Nanda acordou e suspirou, assim que abriu os olhos seu primeiro pensamento foi Carla. Fechou os olhos novamente e passou as duas mãos no rosto. Aquele beijo não lhe saía da cabeça um instante.

--O que tá acontecendo comigo?! – Disse para si mesma enquanto levantava e ia para um banho. A agua gelada corria sobre ela. Pensar naquele beijo ainda a esquentava. Estava muito confusa.

O beijo havia sido tão mágico, tão envolvente. Lembrou de tudo que sentia ao olhar para Carla, mesmo antes daquele beijo, e compreendeu que não era uma amizade entre garotas o que estava sentindo. E nunca havia se sentido assim antes.

Não é como se nunca antes tivesse tido desejo. Namorou Jonas por anos e tinham uma relação sexual saudável, mas nunca tinha sentido nada tão forte. Um beijo! Apenas um beijo e superava toda a sua história sexual com a sensação que lhe causou! Foi um beijo diferente, que causava emoções fortes demais para pensar.

Depois de Jonas, foi para a cama com apenas mais um garoto. Se com Jonas o que mais marcava no sexo eram as sensações de imenso amor e carinho, com aquele foi vazio, foi como se nem tivesse acontecido. Era uma garota saudável e sentia desejo, mas preferia acalmar este desejo sozinha, acariciando seu próprio corpo a se entregar novamente sem nenhum amor, isso não levaria a nada.

Já na mesa do café pegou o celular e encontrou uma mensagem do primo Davi.

*Bem vinda ao clube dos rejeitados da família! Entrou com chave de ouro! Eles vão te matar!

O que será que ele quis dizer com aquilo? Várias ligações não atendidas da casa dos pais. Não estava com cabeça agora. Se alguém tivesse morrido Davi teria avisado. Depois conversaria com eles pelo Skype. O melhor que tinha a fazer agora era trabalhar.

Abriu a porta para ir buscar as caixas com papéis no carro e havia um jornal em frente sua porta. Estranho, não havia assinado nenhum jornal! Enfim, seria bom saber como andavam as coisas em sua nova cidade.

Juntou o jornal que estava dobrado ao meio, largou-o sobre a bancada da cozinha. Encheu uma xícara com café, e carregando o jornal foi sentar-se no sofá da sala. Assim que desdobrou o jornal cuspiu todo o café no tapete. A Manchete principal dizia.

Grand mouvement dans le football féminin Lyon (Grande movimento no futebol feminino do Lyon)

A capa tinha centralizada como imagem principal fotos dela e Carla, uma de mãos dadas, onde se podia ver bem o número onze no uniforme. Uma onde Carla limpava-lhe o rosto com um guardanapo carinhosamente a sorrir, mais uma foto delas abraçadas em frente à 3AF em Paris olhando-se, a sorrir uma para a outra, e bem ao centro, a foto do beijo que haviam trocado na noite passada.

Olhar de fora para aquele beijo era algo muito assustador, pois suas mãos, seguravam o rosto e a nuca de Carla, e a puxavam para si. Bateram na porta. Nanda levantou assustada. Abriu. Carla estava séria à porta. Nanda indignou-se.

--Só às vezes não é?! Só às vezes! – Carla não compreendia.

--Nanda, do que está falando?! Eu vim conversar! Não imaginei que estivesse tão brava! Eu... – Nanda a interrompeu empurrando o jornal contra seu peito. Carla ajeitou o jornal e passou a olhar muda. Seus olhos fixaram-se ali e ela sorriu. Nanda ficou mais brava ainda.

--Você sorri?! Está me deixando furiosa! Disse que só te fotografavam às vezes, e nosso beijo foi parar na capa do jornal! – Depois de dizer nosso beijo, aquilo pareceu consolidar-se, tornar-se ainda mais real. Tiveram um momento, um beijo! – Não quero falar sobre isso! Não quero mesmo! – Carla esforçou-se para engolir o sorriso. A imagem daquele beijo tão forte e confuso estava ali, e as mãos de Nanda a acariciando naquela imagem eram uma prova, provavam que Nanda também o quis.

O Poder eo SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora