No hall, os criados esperavam para recebê-la, e ela foi levada para o quarto. O cômodo que costumávamos usar como sala de estar é longo, com quatro janelas, que se abrem para o fosso e a ponte levadiça, sobre a paisagem da floresta que acabei de descrever.
Os móveis eram de velho carvalho esculpido, com grandes armários, e as cadeiras tinham almofadas de veludo Utrecht vermelho. As paredes eram recobertas de tapeçarias, com grandes molduras douradas, as figuras mostradas eram grandes como a vida, em um estilo antigo e muito curioso, e representavam cenas de caça, falcoaria e, geralmente, festivas. Não era tão que não fosse extremamente confortável; e lá tomávamos nosso chá, pois, com seus costumeiros penhores patrióticos, meu pai insistia que a bebida nacional deveria acompanhar regularmente nosso café e chocolate.
Naquela noite, nos sentamos lá, com as velas acesas, conversando sobre as aventuras da noite.
Madame Perrodon e Mademoiselle De Lafontaine nos faziam companhia. A jovem estranha mal se deitou e caiu em um sono profundo; e elas a deixaram aos cuidados de uma criada.
– O que acham da nossa hóspede? – perguntei, assim que Madame entrou. – Falem-me dela.
– Gosto muito dela – respondeu Madame. – Ela é, creio, a criatura mais linda que já vi; mais ou menos da sua idade, e muito gentil e agradável.
– Ela é absolutamente linda – acrescentou Mademoiselle, que havia espiado por um momento no quarto da estranha.
– E que voz doce! – acrescentou Madame Perrodon.
– Vocês notaram uma mulher na carruagem, depois que ela foi levantada de novo, que não saiu dela – perguntou Mademoiselle – mas ficou só olhando pela janela?
– Não, não a vimos.
Então ela descreveu uma horrenda mulher negra, com um tipo de turbante colorido, que ficou olhando o tempo todo da janela da carruagem, assentindo e sorrindo com ironia para as damas, com grandes olhos brilhantes e brancos, com os dentes apertados, como se estivesse furiosa.
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Carmilla - A Vampira de KARNSTEIN
VampirePrimeira tradução integral e anotada de uma das mais célebres histórias de vampiro da língua inglesa. Publicada em 1872 e primeira a ser protagonizada por uma vampira, apresenta uma densa atmosfera gótica e um erotismo subjacente que marcaram época...