42

76 8 0
                                    

À vista do quarto perfeitamente intocado, exceto por nossa entrada violenta, começamos a nos acalmar um pouco, e logo recuperamos nossos sentidos
o bastante para dispensar os homens. Havia ocorrido a Mademoiselle que Carmilla possivelmente havia sido acordada pelo barulho à sua porta, e, em pânico, havia saltado da cama e se escondido dentro de um móvel, ou atrás de uma cortina, de onde não podia emergir até que o mordomo e seus auxiliares houvesssem se retirado. Recomeçamos então nossa busca, e começamos a chamá-la de novo pelo nome.
Foi tudo em vão. Nossa perplexidade e agitação aumentaram. Examinamos as janelas, mas elas estavam trancadas. Implorei para que Carmilla, se estivesse escondida, não jogasse mais aquele jogo cruel – que saísse e acabasse com nossa ansiedade. Foi tudo inútil. Naquele momento me convenci que ela não estava no quarto, nem na sala de vestir, cuja porta estava trancada do nosso lado. Ela não podia ter passado por ela. Eu estava completamente confusa. E se Carmilla houvesse descoberto uma daquelas passagens secretas que o velho caseiro dizia existirem no schloss, embora o conhecimento da sua localização exata tivesse sido perdido? O tempo, sem dúvida, explicaria tudo, por mais completamente perplexas que estivéssemos naquele momento.
Eram mais de quatro horas, e preferi passar as horas restantes de escuridão no quarto de Madame. O dia não trouxe nenhuma solução para nosso problema.
Todos os habitantes da casa, liderados por meu pai, estavam procurando na manhã seguinte. Todas as partes do chateau fora vasculhadas. O terreno foi explorado. Nenhum traço da jovem desaparecida foi descoberto. Estávamos prestes a dragar o riacho; meu pai estava perturbado; que história ele teria que contar à mãe da pobre moça quando retornasse! Eu, também, estava quase fora de mim, embora meu pesar fosse de tipo diferente.
Passamos a manhã alarmados e nervosos. Era agora uma da tarde, e ainda não havia notícias. Corri para o quarto de Carmilla, e a encontrei de pé ao lado da cômoda. Eu estava estupefata. Não podia acreditar em meus olhos. Ela me chamou para perto de si em silêncio, com um gesto. Seu rosto expressava um medo extremo.

Carmilla - A Vampira de KARNSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora