43

77 7 0
                                    

Corri para ela, extasiada de alegria, beijei e abracei-a repetidamente. Corri para a sineta a toquei veementemente, para trazer os outros para o local, para aliviar imediatamente a ansiedade de meu pai.
– Querida Carmilla, onde esteve todo esse tempo? Estávamos agonizando por sua causa – exclamei. – Onde esteve? Como voltou?
– A noite passada foi cheia de coisas estranhas – ela disse. – Por piedade, explique o que puder.
– Eram mais de duas horas – ela disse – quando fui dormir como de costume em minha cama, com as portas trancadas, a da sala de vestir e a que se abre para a galeria. Meu sono não foi interrompido, e, até onde posso dizer, sem sonhos; mas acabo de acordar no sofá da sala de vestir, e vi que a porta entre os quartos estava aberta, e a outra foi forçada. Como tudo isso poderia ter acontecido sem que eu acordasse? Deve ter havido muito barulho quando isso aconteceu, e eu acordo com particular facilidade; e como eu poderia ser carregada da cama sem que meu sono fosse interrompido, eu, que me assusto com a menor perturbação?
Então, Madame, Mademoiselle, meu pai e muitos criados chegaram ao quarto. Carmilla foi, é claro, soterrada por perguntas, congratulações e boas vindas. Ela tinha apenas uma história para contar, e parecia ser a menos capaz, entre todos, de sugerir um modo de explicar o que havia acontecido.
Meu pai andou de um lado para outro, pensativo. Vi os olhos de Carmilla seguindo-o por um momento, com um olhar sombrio e astuto.
Quando meu pai mandou os criados sair, e Mademoiselle foi buscar uma pequena garrafa de valeriana e sal volátil, e não havia ninguém no quarto com Carmilla, exceto meu pai, Madame e eu mesma, ele se aproximou dela pensativo, tomou sua mão gentilmente, levou-a até o sofá e sentou-se ao lado dela.
– Você me perdoará, minha querida, se eu arriscar uma conjectura e fizer uma pergunta?
– Quem poderia ter mais direito? – ela disse. – Pergunte o que quiser, e eu lhe direi tudo. Mas minha história é uma de espanto e escuridão. Não sei de absolutamente nada. Faça qualquer pergunta que quiser, mas o senhor sabe, é claro, das limitações que Mamãe me impôs.

Carmilla - A Vampira de KARNSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora