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Sentamos-nos em um banco rústico, sob um grupo de magníficas limeiras. O sol estava se pondo com todo seu melancólico esplendor atrás do horizonte do bosque, e o regato fluía ao lado de nosso lar, e passava sob a velha ponte que mencionei, serpenteando sob muitos grupos de nobres árvores, quase aos nossos pés, refletindo o rubro desvaneceste do céu. A carta do General Spielsdorf era tão extraordinária, tão veemente, e em alguns pontos tão contraditória que a li duas vezes, a segunda em voz alta, para meu pai, e ainda assim não fui capaz de explica-la, exceto supondo que a dor havia perturbado sua mente. Ela dizia:
Perdi minha filha querida, pois a amava com se o fosse. Durante os últimos dias da doença da querida Bertha não pude escrever.
Antes disso, não tinha ideia do perigo que ela corria. Eu a perdi, e agora sei de tudo, tarde demais. Ela morreu na paz da inocência, e na esperança gloriosa de um futuro abençoado. Foi o demônio que traiu nossa hospitalidade que causou tudo isso. Eu achei estar recebendo em minha casa inocência, alegria, uma companhia adorável para minha querida Bertha. Céus! Como fui tolo! Agradeço a Deus por minha filha ter morrido
sem suspeitar da causa de seu sofrimento. Ela se foi sem nem mesmo imaginar a natureza de sua doença, e a paixão maldita do agente de toda essa miséria. Devotarei meus dias restantes a encontrar e extinguir um monstro. Disseram-me que posso ter esperança de realizar esse objetivo justo e misericordioso. No momento há muito pouca luz para me orientar. Amaldiçoo minha tola incredulidade, minha lamentável afetação de superioridade, minha cegueira, minha obstinação... tudo... tarde demais. Não posso escrever ou falar coerentemente neste momento. Estou perturbado. Assim que tiver me recuperado um pouco, pretendo me dedicar por algum tempo a pesquisar, o que pode me levar até Viena. Em algum momento do outono, dois meses a partir de agora, ou antes, se eu viver, irei vê-lo isto é, se me permitir. Então contarei a você tudo o que não ouso colocar agora no papel. Adeus. Reze por mim, caro amigo.

Carmilla - A Vampira de KARNSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora