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Era, é claro, muito injusto de minha parte pressioná-la, muito indelicado, mas eu realmente não podia evitar. E eu poderia simplesmente ter deixado estar.
O que ela acabou me contando somava, em minha injusta estimativa...
nada.
Tudo se resumia a três revelações muito vagas: Primeira: Seu nome era Carmilla.
Segunda: Sua família era muito antiga e nobre. Terceira: Sua casa ficava a oeste.
Ela não disse o nome de sua família, nem quais eram seus brasões, nem
o nome de sua propriedade, nem mesmo em que país eles viviam.
Mas vocês não devem pensar que eu a incomodei incessantemente com essas perguntas. Eu procurava por oportunidades, e mais insinuava do que fazia minhas perguntas. Na verdade, uma ou duas vezes eu a ataquei mais diretamente. Mas não importa que táticas usasse, o resultado era invariavelmente um fracasso completo. Nem censuras nem agrados tinham efeito sobre ela. Mas devo dizer que suas evasivas eram conduzidas com tanta melancolia e súplicas, com tantas, e tão apaixonadas, declarações de que gostava de mim e confiava em minha honra, e com tantas promessas que eu afinal saberia de tudo, que eu não podia ficar ofendida.
Ela costumava colocar seus lindos braços ao redor do meu pescoço, me puxar para perto e encostar o rosto no meu, e murmurar junto ao meu ouvido "Querida, seu coraçãozinho está ferido; não me ache cruel porque obedeço à lei irresistível das minhas forças e fraquezas; se seu querido coração está ferido, meu selvagem coração sangrará junto com o seu. No arrebatamento da minha enorme humilhação eu vivo em sua vida calorosa, e você deve morrer... morrer, morrer gentilmente... na minha. Não posso evitar; como me aproximo de você, você por sua vez se aproximará de outros, e aprenderá o arrebatamento daquela crueldade, que mesmo assim é amor; por um momento, não tente saber mais sobre mim e os meus, mas confie em mim com todo seu espírito amoroso".
E, quando terminava com essa rapsódia, ela me apertava mais forte em seu abraço trêmulo, e beijava meu rosto gentilmente.
Suas agitações e idioma eram inteligíveis para mim.

Carmilla - A Vampira de KARNSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora