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Ela só se levanta à tarde.
– Agradeço – disse o médico. – Estarei com vocês, então, por volta das sete da noite.
Eles então repetiram as instruções para mim e Madame, e com isso meu pai nos deixou e acompanhou o médico; eu os vi andando de um lado para outro entre a estrada e o fosso, sobre a plataforma gramada em frente do castelo, evidentemente absortos na conversa.
O médico não voltou. Eu o vi montar seu cavalo, se despedir e cavalgar para leste através da floresta.
Quase ao mesmo tempo vi o mensageiro chegar de Dranfield com as cartas, e desmontar para entregar a bolsa para meu pai.
Enquanto isso, Madame e eu estávamos ocupadas, perdidas em conjecturas sobre as razões da singular e séria instrução que o médico e meu pai haviam concordado em impor. Madame, como ela mais tarde me contou, teve medo que o médico esperasse um ataque súbito, e que, sem pronta assistência, eu poderia perder a vida, ou, no mínimo, ficar seriamente ferida.
Não me ocorreu uma resposta; e imaginei, talvez para sorte de meus nervos, que aquilo fora ordenado simplesmente para garantir que eu tivesse uma acompanhante que me impedisse de me exercitar demais, ou comer frutas verdes, ou fazer qualquer uma das tolices a que os jovens são propensos.
Cerca de meia hora depois, meu pai entrou, com uma carta nas mãos, e
disse:
– Esta carta está atrasada; é do General Spielsdorf. Ele poderia estar aqui ontem, pode não chegar até amanhã, ou pode chegar hoje.
Ele me entregou a carta aberta, mas não parecia feliz como costumava ficar quando um convidado, especialmente um tão querido quanto o General, estava chegando.
Pelo contrário, parecia que ele queria que o General estivesse no fundo do Mar Vermelho. Claramente ele tinha algo em mente que não queria dividir.
– Papai querido, vai me contar? – eu disse, colocando subitamente a mão sobre seu braço, e, tenho certeza, implorando com o olhar.

Carmilla - A Vampira de KARNSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora