Apesar de suas declarações de confiança no discernimento do General, vi meu pai, nesse momento, olhar o General com, imaginei, fortes suspeitas quanto à sua sanidade.
Felizmente, o General não notou. Ele estava olhando triste e curiosamente para as clareiras e paisagens das florestas que se abriam à nossa frente.
– Estão indo para as ruínas de Karnstein? – ele disse. – Sim, é uma feliz coincidência; eu ia pedir-lhe que me trouxesse aqui para inspecioná-las. Tenho um motivo especial para isso. Há uma capela arruinada com muitas tumbas daquela família, não?
– Sim, muito interessantes – disse meu pai. – Acredito que esteja pensando em reivindicar o título e as terras?
Meu pai disse isso alegremente, mas o General não ofereceu o riso, ou até mesmo o sorriso, que a cortesia exige quando um amigo faz uma piada; pelo contrário, ele pareceu sério, e até mesmo feroz, ruminando sobre um assunto que agitava sua fúria e horror.
– Algo muito diferente – ele disse, rispidamente. – Pretendo desenterrar algumas daquelas boas pessoas. Espero, com a graça de Deus, cometer um sacrilégio piedoso aqui, que livrará nossa terra de certos monstros, e permitirá às pessoas honestas dormir em suas camas sem serem atacadas por assassinos. Tenho coisas estranhas para lhe contar, caro amigo, coisas que eu mesmo teria considerado inacreditáveis poucos meses atrás.
Meu pai olhou para ele novamente, mas dessa vez não com um olhar de suspeita, e sim com olhar de aguda inteligência e alarme.
– A casa de Karnstein – ele disse – está há muito extinta: há pelo menos cem anos. Minha querida esposa era descendente dos Karnstein pelo lado da mãe. Mas o nome e o título não existem há muito tempo. O castelo está em ruínas; a própria vila está deserta; faz cinquenta anos que não se vê fumaça nas chaminés; não resta nem mesmo um telhado.
– É verdade. Tenho ouvido muito sobre isso desde que o vi pela última vez; muito que irá surpreendê-lo. Mas é melhor que eu conte na ordem em que tudo aconteceu – disse o General. – Você viu minha querida protegida. Minha filha, posso chamá-la. Nenhuma criatura poderia ser mais linda, e apenas três meses atrás, nenhuma parecia prometer mais.
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Carmilla - A Vampira de KARNSTEIN
VampirePrimeira tradução integral e anotada de uma das mais célebres histórias de vampiro da língua inglesa. Publicada em 1872 e primeira a ser protagonizada por uma vampira, apresenta uma densa atmosfera gótica e um erotismo subjacente que marcaram época...