Capítulo 4

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POV Tobirama

Hiroshi estava nos mostrando as lembranças dele, vimos várias fases da vida de Sayuri, como ela aprendeu ninjutsu médico, como ela salvou vários animaizinhos desde criança com isso.

Nas memórias do Hiroshi ela era uma garota doce e gentil, sem espaço para ódio ou ironia, ela era totalmente apegada a Izuna, eles e Hiroshi faziam tudo juntos.

Ele me mostrou a dor dela quando despertou o sharingan, logo que seu primeiro irmão voltou para casa morto.

— Dói muito, Izuna, por que os adultos não dão um jeito de resolver tudo pacificamente? Por que tantas guerras?

— Olhe pelo lado bom — o pai dela disse, se aproximando dos dois — Você conseguiu despertar seu lindos olhinhos!

Sayuri ficou chocada com a frieza do pai, com a forma com que ele felicitava a guerra.

— Pouco me importa, eu odeio esses olhos amaldiçoados — Tajima deu um forte tapa no rosto da filha.

Ela saiu correndo e Madara se pôs na frente do pai, para impedir que ele a seguisse.

Alguns anos depois, os olhos dela alcançaram um nível inimaginável, seu genjutsu era o mais poderosos entre os membros do clã, você nem precisava olhar em seus olhos para cair nele. Porém, ela só o usava para pregar peças nos irmãos e amigos, o que infurecia seu pai.

— Eu não vou me envolver nessa bagunça que vocês arrumaram — ela reclamava com Tajima — Essa guerra não é minha, eu nem entendo porque tanto ódio!

— Um dia você perceberá que o ódio só nasce para proteger o amor.

— Proteção? Papai, por favor, se quisessem nos proteger vocês teriam selado um acordo de paz há muito tempo.

Ela saiu da tenda e eu pensei que a lembrança mudaria, mas Hiroshi nos manteve no mesmo lugar e pudemos ouvir Tajima dizendo.

— Isso é bom, o coração dela é cheio de amor e quanto maior for esse amor, maior será a dor e o ódio quando ele for frustrado, eu acredito no potencial dela de despertar o mangekyou sharingan.

Eu sentia nojo da forma como aquele homem falava da pureza do coração da própria filha.

— Você vai manda-la a guerra, senhor? — Hiroshi perguntou.

— Não, ainda não, se ela fosse hoje seria bem capaz de curar um Senju no meio do campo de batalha, você conhece aquela garota — ele suspirou — ela precisa querer lutar para proteger os irmãos.

Hiroshi saiu da casa e encontrou Sayuri sentada entre Izuna e Madara na beira de um lago.

— Eles não entendem que as guerras não são a solução, são só mais vidas ceifadas. Se fosse possível acabar com as guerras, eu gostaria de fazer isso — ela falava com com convicção.

— Eu também gostaria — Izuna disse — Só que acho que pra mim já é tarde, eu já conheço o ódio, mas você não conhece, imouto, e eu torço para que não conheça, espero que não chegue o dia que você tenha meus olhos.

Ele a abraçou de lado e ela descansou a cabeça em seu ombro.

— Eu vou escapar do ódio e dessa maldição, nii-chan, enquanto todos pensam com as armas, eu continuarei pensando com o coração e se eu tiver que lutar, será só para proteger alguém que eu amo, lutar por lutar é muito triste!

— Quando você deixou de ser nossa pequena imouto? — Madara sorriu pra ela, que devolveu o sorriso.

— Eu não deixei de ser — ela fez um sinal com o polegar o indicador, mostrando um pequeno espaço — Eu só cresci um pouquinho.

Algum tempo se passou, Madara já era o líder do clã e ela só tinha ele e Izuna de sua família, mas mantinha a pureza e a bondade em seu coração.

— Nii-chan, não vamos ficar juntos no campo de batalha, então me prometa que não vai subestimar seus inimigos — ela o encarou, pedindo com os enormes olhos negros e ele devolveu tocando dois dedos em sua testa.

— Até a próxima vez, imouto — ele disse e ela fez um bico — Agora me deixe falar uma coisa com o Hiroshi.

— Você sempre faz isso, toca dois dedos na minha testa e diz "até próxima", mas nunca promete não subestimar seus inimigos! — ela saiu resmungando e deixou os dois sozinhos.

— Eu não estou com um bom pressentimento — Izuna falou para Hiroshi — Ela vai conosco hoje, para nos manter seguros lá com seu ninjutsu médico, fique de olho nela e a proteja o tempo todo, eu sinto como se fossemos voltar para casa com tudo diferente. Se algo acontecer comigo, cuide da Sayuri, tome conta dela como se fosse um onii-san, esse é meu único pedido para você, meu amigo!

Izuna tinha razão, aquele foi o dia em que eu o matei, Sayuri estava lá e viu quando transpassei seu irmão com a espada, ela gritava e se debatia nos braços de Hiroshi, que se esforçou muito para mante-la longe de nós.

Chegando no clã ela tentou de tudo para salvar seu irmão, mas nada adiantou, Madara a tirou de cima de Izuna.

— Não, Madara, me deixa tentar — ela pedia desesperada.

— Já acabou, meu amor — Madara disse carinhoso — Não há mais nada que alguém possa fazer.

— Eu devia tê-lo salvado — ela fechou as mãos em punhos e socou a parede, abrindo um buraco nela.

— Você não vai destruir tudo, vem cá — Madara começou a puxa-la para um abraço e ela se debatia, tentando se soltar.

— Me larga, Madara, não me abraça — a medida que o abraço ia se apertando, os olhos dela enchiam de lágrimas — Para, EU NÃO POSSO CHORAR!

Ela gritou e lágrimas já banhavam seu rosto, ela estava desesperada, se contorcia nos braços do irmão mais velho, que a todo custo segurou suas próprias lágrimas, enquanto Hiroshi os olhava com pesar, sofrendo pelos dois e sentindo a própria dor de perder o melhor amigo. Algumas horas depois Hiroshi foi encontra-la no lago que a vimos com Izuna antes, ela estava de cabeça baixa.

— Ei, Sayuri, você gostaria de vê-lo uma última vez?

— Não faz diferença, ele já está morto — seu tom era frio, totalmente diferente de antes — Acho que meu otou-san tinha razão.

— Do que está falando? — nós sentíamos a angústia de Hiroshi diante do ódio crescente na voz dela.

— O ódio só nasce para proteger o amor — ela olhou para ele e seu padrão de olhos estava diferente, aquele era o mangekyou — Talvez o ódio seja mesmo minha maldição!

Antes que Hiroshi pudesse dizer qualquer coisa, ela atravessou o lago e desapareceu na floresta. Em seguida, fomos tirados do genjutsu, olhei para Hashirama e ele estava com os olhos cheios de lágrimas.

— Agora você vê — Hiroshi falou — Você já a conheceu assim, mas essa não é a verdadeira Sayuri, ela só foi marcada pela era dos Estados de Combate.

— Espera — chamei quando ele estava saindo — Por que me mostrou isso?

— Porque vocês vão se casar, eu pensei que talvez você a trate melhor agora que sabe quem ela realmente é — ele deu de ombros — Não quero que ela passe o resto da vida presa a alguém que a odeia.

Hiroshi saiu da sala do hokage e me deixou lá com meu irmão, pensando no que tinhamos visto.

— Ela era realmente muito doce e gentil, espero que um dia ela volte a ser assim — Hashirama disse.

Eu não falei nada, não queria render aquele assunto então ignorei Hashirama e voltei a ler o pergaminho, estava me sentindo incomodado, era como se tivesse invadido a privacidade dela ao ver aquelas memórias.

Depois de finalizar meu trabalho, a noite fui para casa e fiz minha mochila, mas não consegui tirar tudo aquilo da cabeça, eu me compadeci por ela, Sayuri era uma garota cheia de amor no coração que foi ferida por mim. Quando minha lâmina tirou a vida de Izuna, também matou algo dentro dela.

Proposta de Casamento - Tobirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora