Capítulo 21

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[Hiroshi na capa]

POV Sayuri

— Onde você vai? — Tobirama perguntou quando eu saia do quarto com roupas de cama.

— Dormir no quarto de hóspedes — resmunguei e ele veio atrás de mim.

— Mas nosso acordo era dormirmos juntos — ele cruzou os braços quando chegamos no quarto no fim do corredor.

— Dane-se o acordo, eu tô de mal humor, então não me irrita — me virei raivosa pra ele.

— Pelo menos durma no quarto que é em frente ao nosso.

— Ele tá cheio de caixas, caso você não se lembre — resmunguei e ele me olhou confuso.

— Então não foi você? — foi minha vez de olhar confusa pra ele, que indicou o quarto com a cabeça e eu entrei — Pensei que você tivesse arrumado.

— Que porra é essa? — o quarto estava todo mobiliado com móveis de bebê, um berço, cômoda, trocador, cadeira de amamentação e decoração neutra.

— Os anciãos estão se superando — Tobirama bateu na própria testa.

— Dessa vez não foram eles — peguei um bilhete de Mito que dizia "Não me matem, o quarto estava sem utilidade e eu pensei, não custa nada dar esse presente/empurrãozinho" — Pelo menos o Akira vai ter um quarto pra dormir aqui.

Dei de ombros e sai do quarto de bebê suspirando, eu não pensei que sofreria tanta pressão com esse casamento, os anciãos, Mito, tudo parece ter caído como uma bomba.

No dia seguinte eu acordei e Tobirama tá tinha feito o nosso café da manhã, ele deixou tudo pronto e um bilhete avisando que já tinha ido pro prédio Hokage e que lá teria a reunião com os anciãos. Tomei meu banho, vesti uma camisa de Izuna que eu costumava usar quando sentia saudades e nem olhei meu guarda-roupas, não queria ver aquelas roupas com o símbolo dos Senju.

— Com licença — bati na porta da sala de Hashirama.

— Sayuri-chan, bom dia — Hashirama sorriu pra mim — O que faz aqui?

— Tobirama disse que a reunião com os anciãos seria aqui, eu pensei em vir — cocei minha nuca.

— Ah, tudo bem, a sua presença eu posso justificar, mas a de Madara querendo matar eles eu não posso — Hashirama olhou suplicante pro meu irmão e eu assenti de leve pra ele, que saiu bufando — Obrigado, Sayuri-chan, bom eles devem chegar logo e eu peço que por favor controle seu temperamento e não fale se não for solicitada. Eu reconheço que você é uma excelente guerreira, mas os mais velhos ainda tem dificuldade de aceitar mulheres nessa reuniões.

— Pra porra — revirei os olhos e vi Tobirama rindo de leve.

Quando os velhos começaram a discutir, falando que era minha obrigação usar o emblema do clã do meu marido e blablabla, eu não aguentei mais ficar calada.

— Minha obrigação o caralho — todos olharam chocados pra mim — Nada mudará o fato de que eu sou uma Uchiha, querendo vocês ou não, é o sangue Uchiha que corre em minhas veias e eu não vou abdicar do nome e do símbolo do meu clã!

— Tobirama, deveria controlar melhor a boca da sua mulher — um dos anciãos me ignorou e falou com ele — Mande-a ficar calada e apenas obedecer, o lugar dela nem é aqui, já fizemos uma concessão deixando que ela continue sendo uma ninja quando deveria ficar em casa cuidando de tudo.

— O que? Se as mulheres de vocês são inúteis, eu não sou!

— Uchiha — foi Tobirama quem disse dessa vez, com a voz raivosa — Não dificulte as coisas.

— Eu não tô dificultando nada — me levantei e comecei a falar com a voz transbordando raiva — Eles é que acham que podem opinar na vida pessoal dos outros, esse assunto não diz respeito a eles!

— Tobirama — um deles disse com falsa calma — Se você não controlar essa mulher, eu controlo. Você é o marido dela, mostre sua autoridade!

— Meu marido, não meu dono — o ancião se ergueu com a mão levantada em minha direção.

— Se o clã Uchiha não te ensinou o lugar das mulheres, eu ensino — ele estava descendo a mão em direção ao meu rosto e eu segurei seu pulso com força.

— Meu lugar é onde eu quiser — torci o pulso do velho.

— Uchiha, já chega — Tobirama segurou meu braço — Me espera lá fora.

— Mas...

—  ME ESPERA LÁ FORA, AGORA! — ele gritou me olhando de cima, como se fosse realmente superior e eu senti meus olhos marejando, mas não choraria na frente dele — Saia daqui calada, sem dizer mais uma palavra!

— Isso mesmo, coloque essa mulherzinha no lugar dela — ouvi um dos anciãos falando com a voz de deboche enquanto eu saía.

Corri o mais rápido que pude e fui seguida de perto por Hiroshi, até que paramos em um campo de treinamento afastado. Ninguém no clã Uchiha questionava minhas habilidades ou meu sexo, não era comum que mulheres lutassem, mas quando havia uma com habilidades como a minha, elas eram tratadas como iguais por todos os guerreiros, nem as mulheres comuns eram tratadas como inferiores pelos Uchiha, Madara nunca aceitaria isso. Nas palavras do meu irmão, a única diferença entre um homem e uma mulher é que nós podemos gerar a vida, mas isso de forma alguma nos faz inferiores, pelo contrário, eu cresci ouvido isso de Madara e agora o clã Senju age como se eu fosse um ser inferior? Alguém que deve apenas obedecer? Tobirama acha isso? Eu nunca pensei que ele fosse esse tipo de homem!

— Quer falar sobre isso? — Hiroshi perguntou depois de eu já ter destruído várias árvores e pedras, continuei calada socando coisas — Tudo bem, então vamos lutar. Lembra de pegar leve comigo!

Eu ri fraco e comecei a lutar com ele, meu taijutsu era muito forte, apesar de eu raramente usar, preferia genjutsu, mas estava sempre treinando minhas habilidades e era capaz de derrubar qualquer homem no taijutsu. Madara dizia que nunca deixaria alguém me irritar, porque se eu batesse em alguém com a mesma força que bato nas pedras, não sobraria nem corpo pra ser enterrado.

— Chega, cansei — Hiroshi se jogou no chão quando o sol já estava se pondo, me sentei ao lado dele — Deve ter acontecido algo bem sério pra você estar assim, treinando há horas sem comer nada.

— Hiroshi, qual sua opinião sobre mulheres? — ele me olhou confuso — Você acha que nós somos inferiores de alguma forma? Me responda a verdade, esquece meu sexo nessa conversa.

— Não da pra esquecer seu sexo nessa conversa, porque você é a maior prova que mulheres podem até superar os homens — ele sorriu pra mim — Nunca aceite que ninguém te trate como inferior por causa de um belo par de seios.

— Obrigada? — perguntei rindo e com as bochechas vermelhas.

— Kawaii — ele apertou minha bochecha — Mas é sério, como Madara sempre disse, a única diferença entre nós é que vocês podem gerar a vida e isso não faz de vocês inferiores. Nunca aceite que alguém diga o contrário!

— Obrigada, Hiroshi — sorri pra ele e me lembrei de uma coisa — Por falar em mulheres fortes, Mayumi-chan?

— O que você ficou sabendo? — dessa vez era ele que estava com vergonha.

— Eu não fiquei sabendo de nada, eu vi vocês dois juntos no maior papo antes do meu casamento — ele coçou a nuca — Eu gosto dela, ela é uma Uchiha poderosa e com certeza digna de um cara incrível como você.

— Nós estamos saindo há algum tempo, eu meio que gosto dela.

— E ela também gosta de você, eu vejo pelo jeito que ela te olha — me levantei — Vou pra casa, tô torcendo por vocês.

Beijei a bochecha dele e corri pra casa, agora que tinha extravasado parte do meu ódio, eu estava com fome.

Proposta de Casamento - Tobirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora