Capítulo 7

5K 526 204
                                    

POV Sayuri

Enquanto Mito falava eu estava perdida em pensamentos, na forma como quase deixei Tobirama me beijar e depois ele secou meu cabelo, com um cuidado que eu achava que ele era incapaz de ter.

— Ei, você ta me ouvindo? — Mito perguntou, abanando a mão na frente do meu rosto.

— Desculpe, do que estava falando?

— Você tava pensando nele, ne? — ela perguntou com uma voz cheia de insinuação e eu fiquei vermelha.

— N-nele quem?

— Não adianta disfarçar, no Tobirama!

— Nada a ver — dei uma risadinha, abanando a mão e implorando em pensamentos para ela mudar de assunto.

— Vem, vamos comprar algo para comer e depois você vai lá pra casa, para podermos conversar com calma.

— Olha, Mito, desculpa, mas eu tô meio cansada, acho que eu deveria ir pra casa.

— Então eu vou pra sua casa com você, mas você não vai escapar dessa conversa — ela falou rindo — eu sei que você cresceu cercada de garotos e provavelmente nunca teve uma conversa sobre sentimentos, mas hoje você vai se abrir comigo.

Ela falava tudo de uma vez, sem dar tempo para que eu falasse qualquer coisa. Mas Mito tinha razão, eu não sabia falar sobre sentimentos, porque cresci cercada de garotos e eles não falam sobre essas coisas.

Pensei nas duas possibilidades, Madara provavelmente estaria lá em casa e Mito faria insinuações que meu irmão ouviria e não me deixaria em paz. Mas na casa de Mito talvez Hashirama estivesse lá e contaria a Tobirama todas as insinuações que Mito fez.

— Tem alguém na sua casa? — perguntei derrotada e ela negou com a cabeça — Tudo bem, vamos para lá.

Quando chegamos ela me preparou um chá e falou sobre como Hashirama mal tinha tempo para ficar em casa e como era estar grávida, a expectativa pelo primeiro bebê, coisas banais, em pouco tempo eu me sentia muito a vontade ao lado dela.

— Agora que eu já falei um pouco da minha vida, vamos falar de você — fiquei um pouco desconfortável — Por que aceitou a proposta de se casar com meu cunhado?

— Pelo bem da vila, eu não queria que minha recusa estragasse a paz.

— Entendo, sabe, o Tobirama tem um jeitão meio fechado, como se odiasse todo mundo, mas ele é um cara legal, gentil e cozinha muito bem!

— Você está falando por falar ou quer me convencer disso? — perguntei rindo.

— Não acho que eu preciso te convencer, seu olhar me diz que ele mostrou ao menos um pouco de sua gentileza no tempo que passaram juntos.

Minha mente viajou para quando ele secou meus cabelos e quando me ofereceu sua coberta em uma noite mais fria, ele realmente havia se mostrado gentil.

— Não sei do que está falando — me fiz de desentendida.

— Sabe sim, eu também sou mulher, Sayuri, eu entendo todos os seus olhares, agora mesmo você se lembrou da gentileza dele, acertei?

— Tudo bem, Mito, você venceu, ele é sim pouco gentil.

— O que ele fez pra você?

— Usou jutsu de vento para secar meu cabelo a noite e me ofereceu sua coberta quando eu estava com frio, nada de mais.

— Tudo bem, se você diz! — ela deu de ombros, me provocando.

— Você não entende, Mito, eu vou me casar com ele, mas nunca poderia me apaixonar por ele!

— E por que não?

— Porque eu o vi matar meu irmão.

— Sayuri, querida — Mito segurou minha mão com gentileza — Você não pode condenar Tobirama para sempre pelo que fez durante uma guerra, se ele não tivesse matado Izuna, seu irmão o teria matado, eles estavam em guerra, Tobirama nunca faria isso fora do campo de batalha!

Minha cabeça estava um turbilhão, eu entendi o que Mito quis dizer, só era difícil esquecer a dor que eu senti. Eu também matei pessoas nessa guerra e não gostaria de ser julgada por isso, mas não conseguia controlar o ímpeto de culpar Tobirama por não ter meu irmão aqui.

— Talvez, se você desse uma chance, poderia ver o homem maravilhoso que existe abaixo daquela carranca de cara mal — ela disse, ainda segurando minha mão — Dê uma chance e você verá!

— Eu preciso ir pra casa, Mito — sorri para ela — Obrigada pelo chá!

No caminho para casa eu ouvia as pessoas sussurrando:

— Ela e o Tobirama chegaram na missão brincando um com o outro.

— Pensei que se odiassem, mas eles pareciam estar se dando muito bem.

Vários dias se passaram, Madara me zoava frequentemente falando que eu acabaria gostando de verdade do Senju idiota. Sempre que nos encontrávamos na rua, fazíamos o que Hashirama havia pedido, nos cumprimentavamos e conversavamos um pouco, saimos para lanchar a tarde algumas vezes, mas hoje Hashirama me chamou, para dizer que nós dois iríamos a um bar e dariamos um beijo lá, poderia ser algo discreto, só o suficiente para que as pessoas vissem.

Eu estava muito nervosa, não sabia qual roupa deveria vestir, se deveria ou não passar batom, como seria beijar Tobirama, será que eu saberia fazer isso quando chegasse a hora?

— Aaaah, eu vou enlouquecer — falei puxando meu cabelo e escutei a risada de Madara — Ta rindo do que?

— Hashirama me falou o que vai acontecer hoje — ele se sentou ao meu lado — Não precisa ficar tão nervosa, assim eu vou achar que você ta levando esse beijo a sério.

— Não seja idiota, irmão — dei um soquinho nele — eu só não sei o que vestir, se devo ou não passar batom ou como reagir quando ele me beijar.

— Vista uma roupa simples e arrumada, não passe batom para vocês dois não ficarem parecendo dois palhaços e o beije como se estivesse beijando qualquer outro cara que você já beijou antes — eu desviei meu olhar para o chão e o corei — Espera, você nunca beijou?

Madara estava rindo alto, se curvando com a mão na barriga e quase chorando.

— Para com isso, Madara — cruzei os braços e fiz um biquinho de raiva — Para agora!

Ele controlou aos poucos sua crise de riso, me olhou nos olhos e perguntou:

— Mas por que? Eu sei que sempre teve uma fila de garotos atrás de você, por que nunca beijou nenhum deles?

— Eu sou um pouquinho boba pra essas coisas — encolhi os ombros — sempre quis que fosse algo especial com alguém que eu gostasse de verdade.

— Mas você nunca se apaixonou, ne?

— Exatamente — suspirei.

— Tudo bem, acontece — meu irmão deu uma risadinha — Só segue o ritmo do Tobirama, faz o que ele fizer e se entrega pro beijo!

Quando meu irmão estava saindo eu o chamei de volta.

— Pensei que você odiasse o Tobirama, porque está brincando com a possibilidade de eu me apaixonar por ele, me dando conselhos e coisas assim?

Madara suspirou e se sentou ao meu lado novamente, passando o braço em volta do meu ombro e puxando minha cabeça para o seu.

— Por que eu amo você e vocês vão se casar, então é melhor brincar com essa possibilidade real de você se apaixonar por ele, para já me preparar para quando acontecer. E estou te dando conselhos, porque, mesmo que seja com ele, eu quero que você seja feliz, maninha!

— Obrigada, Madara — beijei a bochecha dele — Mas eu não vou me apaixonar pelo assassin...

Madara colocou o dedo sobre meus lábios, me calando e negou com a cabeça.

— Você vai beija-lo hoje, não é dia de pensar nisso!

Proposta de Casamento - Tobirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora