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O que Gabrielle sequer imaginava é que conheceria o inferno sem nem ao menos precisar morrer, ou apenas antes do que previa em seus planos de existência.

Havia mais quatro homens engravatados atrás da porta que adentraram; cujo, as pistolas do lado de fora foram substituídas por intimidadoras sub-metralhadoras hk Mp5-k. O que talvez parecesse um exagero a primeira vista, se não se desse o trabalho de conferir o ambiente com lucidez e discernimento.

Um ringue improvisado no centro do salão, impressionou-lhe bastante, devido a sombria arquitetura perante sua percepção. Digamos que é uma espécie de jaula gigante. Em torno; há mesas com assentos acolchoados para que os espectadores do que quer que seja, possam ficar confortáveis. Garçonetes seminuas estão postas simetricamente para proporcionar agradabilidade a estadia dos homens  durante a apresentação.

Gabrielle percorre seus olhos castanhos pelo local com mais afinco. Envoltos por um bar; no andar superior existe um camarote de um vidro que impede a visão de quem está por fora. Certamente é onde ficam hospedados os convidados de honra, para que tenham uma visão privilegiada ou apenas porque desejam privacidade.

Issa faz um notório sinal de cabeça para que a lutadora o acompanhe, e vaidosamente vão parar no trono do segundo andar.

Sobem por uma escada de ferro. E uma vez onde lhes é estipulado; se sentam numa das mesas do lado esquerdo da enorme gaiola, pois terão o conforto e a vista de que necessitam. O que acontecerá ali dentro? É a pergunta que Gabrielle se faz desde que se deparou com a mesma.

- O que quer beber? - questiona o japonês para a brasileira.

- O mesmo que você - balbuciou com um dar de ombros desinteressado, enquanto passeia os olhos por cada detalhe do lugar. Não há somente japoneses. Personalidades de todos os cantos do mundo compõe os frequentadores.

- Dois uísques sem gelo por gentileza - o treinador pede para uma garçonete mestiça.

Dois uísques sem gelo - Gabrielle lança um olhar apelativo para Issa. Não imaginava que ele ingerisse algo tão forte e ainda por cima quente. Aproveita para olhar para a moça que saiu a passos concentrados para o bar que fica logo atrás de onde estão.

- O que foi? Nunca viu uma gostosa dessas? - o outro indaga com um ar sarcástico.

- Não é isso... Ela não é japonesa, é?

- Não. Parece Indiana. Mas, o que isto importa?

- Que lugar é esse, Issa? Tráfico humano, é sério?

Issa abre um leve sorriso maltrapilho:

- De mulheres para ser mais exato. Quer uma noite com uma delas? Abra os bolsos, minha cara...

- Isto é asqueroso! - Gabrielle rosna, estupefata.

- As pessoas acham o que procuram, meu bem... Se elas estão aqui, é porque seguiram o caminho, o fato é que nem todo atalho é seguro - pisca irônico.

Gabrielle gira os olhos indignada. Óbvio que aquelas moças foram arrancadas de seus países de origem, iludidas por alguma promessa de melhoria financeira e qualidade de vida, emprego, ou até mesmo uma falsa carreira profissional como modelos. Já assistiu filmes e ouviu nos jornais que esses são os meios mais comuns e eficazes de traficantes humanos encurralarem suas inocentes presas.

Um calafrio agita seu cerne. Será que são esses os planos de Mitsuo? Lhe transformar numa escrava sexual?

- Ei! Relaxa Saturno. O show nem começou. - sugeriu Issa, percebendo seu súbito travamento.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora