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- Que diferença isso faz? – questionou Juka, evasivo.

- Estou apenas ligando uma peça na outra. Lembro-me que o guerreiro do meu sonho possuía habilidades incríveis como as que você têm. Ele também adorava porcos, e parecia tê-los como animais de estimação. Outra coisa, bastante semelhante é o fato dele também morar num castelo como este aqui. – concluiu, conferindo o espaço com ousada obstinação.

- Pode ser que seja eu, talvez não. – deu com os ombros.

Gabrielle bufou.

- Tudo bem, Juka. Eu já entendi que não quer me treinar. Só te peço que me diga de uma vez que ligação misteriosa é essa que temos?!

- E quem foi que disse que não quero te treinar, pirralha?

- Ora! Não é óbvio? Até agora a única coisa que fez-me foi de serviçal e boba.

- É mesmo uma estúpida, não o é?! Você só consegue enxergar com os olhos que existem na sua cara de trouxa?

- Por que sempre tenta me ofender, humilhar-me? – levantou arfando, irada – Já me cansei. Vou juntar minhas coisas e cair no mundo. Já vi que não posso contar contigo.

- Eu salvei sua vida. Abriguei-te. Porém, vejo que minhas tentativas de lhe ensinar o mínimo de respeito e disciplina, falharam como todas as suas escolhas.

- Não quero ser ingrata. Pelo contrário. Serei eternamente grata pelo que fizeram por mim no momento em que mais precisei. Mas, você sabe dos meus objetivos. E se não pode continuar me ajudando, o mais prudente é que eu parta e busque uma forma de me virar sozinha daqui pra frente.

- Acha mesmo que vai conseguir concretizar todos seus objetivos?

- É o que espero.

- Pois, responda-me Gabrielle! Quantas surras levou desde que chegou em Tóquio? E não falo das que te atingiram no ringue do torneio.

- Talvez, uma ou duas... Refiro-me as que de fato causaram um bom estrago. – recordou das duas vezes que apanhou feio dos russos.

- Pois, discordo totalmente de você.

- E como pode saber tanto de mim?

- Não sou do tipo que quebro promessas.

- Não entendo.

- Se quer mesmo saber, tudo bem, Gabrielle. Acho mesmo que já está na hora de você amadurecer. Antes de reencarnamos, – voltarmos ao corpo de carne e ossos que estamos vestindo agora – caso não saiba o que significa; planejamos como seria nossa estadia por aqui. Comprometi-me em lhe auxiliar. Mentores normalmente não encarnam junto de seus pupilos. Eles ficam no plano astral seguindo os passos deles, e aconselhando da melhor maneira possível. Como você sempre foi um espírito muito rebelde e orgulhoso, certamente olvidaria meus chamados e se embrenharia pelos caminhos tortuosos que a Terra na maioria das vezes nos impõe, para nos redimirmos perante a justiça celestial.

- Está me dizendo que isso tudo é um plano que devemos seguir? Como uma sina, um destino imutável?

- De forma alguma. Somos todos portadores do poder de escolha, mais conhecido como livre-arbítrio nas crenças. Tudo pode se modificar de acordo com nossas decisões, no entanto, mais cedo ou mais tarde teremos que prestar contas com o que nos prontificamos a fazer em favor de nós mesmos na evolução.

- Não seria muito perverso da parte de Deus nos criar simples e ignorante e nos jogar nessa selva de dor e injustiça e sermos obrigados inconscientemente a: “evoluir”? – fez aspas com os dedos com um ar sarcástico.

- Não penso assim. Quando falamos de evolução estamos falando de bilhões de anos vagando entre uma escolha e outra, que nos levará a mais bilhões de milhares de outras, num círculo infinito. Triste seria se fôssemos criados para que nossa eternidade fosse determinada numa única existência; segundo algumas religiões. Somos todos deuses, partículas iluminadas do Criador, e atingir um patamar inimaginável é um desafio irrecusável a qualquer alma que foi criada a Sua semelhança. Terá tempo o suficiente para pensar sobre a imortalidade dos Espíritos. Agora, preocupe-se apenas com essa vida, que já tem problemas por demais para serem solucionados.

- Se é o meu mentor, não deveria estar me treinando? Desde a primeira vez que lhe pedi isso?

- Como és tola, pelos deuses chineses! – revirou os olhos e ajeitou o chapéu, enquanto cruzava as pernas para relaxar. Pelo jeito a conversa seria longa e desgastante.

- Se me chamar mais uma vez de imbecil, eu queimo seu chapéu, e depilo seu bigode. – debochou de seu estilo excêntrico.

Juka caiu na gargalhada.

- Pelo menos o seu senso de humor é imbatível. Voltando as surras que você levou desde que chegou aqui, vejamos – acariciou os pelos do bigode – A primeira de fato, foi quando você chegou no aeroporto e encontrou aquele lábia suja do Li, quando devia ter seguido imediatamente para o alojamento da Federação, ao invés de sair com um desconhecido. A segunda sem dúvidas foi quando a Sato te encurralou no elevador enquanto fumava um cigarro, e logo em seguida o seu ato heróico ao ajudá-la depois de apanhar do Toyo, quando devia ter ficado na sua e não ter se metido em encrenca -  Gabrielle estava embasbacada. Afinal, como ele  sabia de tudo aquilo? – Mas, a pior de todas mesmo, foi quando assinou aquele contrato, onde se colocava como escrava de Mitsuo, podendo se submeter a tudo que ele quisesse-

- Espera. Era isso que estava escrito naquele documento?

- Oh, é. – ilustrou uma expressão de deboche. – Posso continuar? Não me interrompa...

- Chega, pelo amor de Deus, Juka. Está mais pra carrasco do que pra meu mentor.

- Engano seu. Minha missão é te educar, e educação exige firmeza. – levantou completamente sério, apontando-lhe o dedo em advertência.

- Como sabe de tudo isso?

- Enquanto alguns se recusam a se aceitar como espíritos imortais peregrinos do espaço, outros não enxergam limites e abrangem-se. Você não é seu corpo, Gabrielle. Por trás dele, existem mente, alma, e espírito. E, para o espírito, minha jovem, o espaço é um quartinho numa quitinete.

- Ensine-me tudo isso, Juka. Eu te imploro. Eu quero enxergar onde meus olhos carnais não alcançam.

- Empenhe-se em olhar para dentro de si mesma, Gabrielle, conheça-te e desvendará o universo como a vastidão se desmanchando sobre nossas cabeças. Sua alma está em coma. Quinta lição: medite.

- Quinta? – indagou, quando o observava já se afastando, uma vez que não fazia ideia das outras quatro.

- A primeira foi a obediência; quando acatou todas as minhas ordens sem reclamar ou questionar o sentido delas. A segunda; foi a igualdade entre você e os seres que populam as florestas. Você não é melhor que os porcos, nem que os vermes que rastejam na lama. Lembre-se sempre que somos todos Filhos de um mesmo Criador. E que a natureza é parte primordial do equilíbrio. A terceira foi a humildade; quando se deitou com os porcos, tratando-os de igual para igual, a quarta foi a paciência; quando desistiu de capturá-los porque estava debilitada demais para continuar batendo de frente. Espero que também se saia bem na quinta. – a olhou profundamente e se foi.

Gabrielle ficou atônita. Aprendera tantas virtudes sem nem se dar conta.

Mas, Meditar? Parecia-lhe uma missão impossível! Nunca em sua vida conseguira ouvir os ruídos que provinham de seu cerne, quanto mais manter a serenidade absoluta, quando todas suas emoções sacudiam como uma banda de carnaval.

Precisava tentar, e era isso o  que pretendia. Algumas perguntas ainda ficaram sem respostas, e muitas dúvidas sem esclarecimento. Contudo, daria tempo e espaço a Juka para que ele se abrisse sem precisar pressioná-lo. Ele podia ser muito adorável quando ficava de bom humor - sem contar as vezes que estava sendo sarcástico. Conquistaria a afeição de seu mestre, e esperaria que ele se tornasse mais flexível. Mas, como exigir flexibilidade, se ela mesmo não o era? Percebera que para o bom convívio, teria que fazer com que as ações elevadas partissem exatamente dela.

(...)

Juka chegou no prédio para cumprir com seu expediente; por volta de 19h:00m, e como de costume só sairia às 7h:00m da manhã.

Assim que entrou na garagem, percebera um silêncio estranho, moldando um clima deveras suspeito.

     Procurou adentrar com cautela até o quarto onde ficava os objetos de limpeza e o banheiro; que lhe servia de vestiário.

A porta estava destrancada, e de imediato notou que a fechadura fora arrombada.

Suspirou fundo; preparando-se internamente para o pior.

Empurrou a tábua de madeira, e deu de face com uma bagunça assustadora. Todos os itens estavam revirados, porém não havia ninguém ali.

Foi até o banheiro e se deparou com a mesma aparência, no entanto, havia um recado no espelho, escrito em japonês com o que parecia ser sangue: “SABEMOS O QUE VOCÊ FEZ. IREMOS ENCONTRÁ-LA.”

Juka passou o dedo, apagando uma das letras, voltou com ele para o nariz e cheirou. Constatou que realmente era sangue.

- Pois, que venham. – incentivou em voz alta.

Quando ele retornou para sua propriedade, antes do horário habitual, Gabrielle estava na varanda, tentando meditar.

- O que está fazendo? – questionou o chinês.

- Ora. Fazendo o que me ordenou.

- Não pode meditar de pé. – largou as caixas no chão, e a empurrou amigavelmente para que se sentasse, e a ajudou a executar a posição de lótus. – Assim. Deve ficar assim. E de olhos fechados. – deu-lhe dois tapinhas na coxa.

- Certo. Mas, o que faz em casa a essa hora? – interrogou, olhando para seus pertences no chão, ao seus lados.

- Cansei daquele emprego! – sorriu. – Agora terei tempo para lhe ensinar a ser uma verdadeira lutadora.

- Não minta pra mim, Juka. – Gabrielle semicerrou os olhos.

- Pensei que ia gostar da notícia. Não quer começar o treino de verdade, hã? – piscou irônico.

- Sim. Fico feliz. Mas, sei que tem algum motivo em especial pra ter largado o trabalho.

Respirou profundamente e a fixou nos olhos brilhantes de expectativa.

- Tudo bem. Se vamos trabalhar juntos, não deverá existir segredos entre nós. Lealdade e sinceridade devem andar de mãos dadas. Se quero te ver crescer, não devo tentar te poupar. Estiveram por lá. E disseram que estão atrás de você.

- Quem? Toyo?

- Sim. Ele mandou assassinos de aluguel em sua busca.

- Eles não te seguiram até aqui?

- Não. Cuidei de despistá-los.

- Eles não te machucaram?

- Não teriam coragem de me enfrentar. Só lançaram a ameaça.

- Você precisa se cuidar.

- Não se preocupe comigo, Gabrielle. Preocupe-se consigo mesma. – sugeriu, pegando suas coisas e entrando.

Gabrielle não conseguiu pegar no sono naquela madrugada. Teve pesadelos horríveis com o dia que Toyo tentou matá-la. A todo instante ele surgia rindo diabolicamente em sua mente, e ela tentava fugir das sombras que a perseguiam.

Juka notou sua fadiga, e as grandes olheiras lhe entregaram.

- Está tudo bem? – perguntou, bebericando seu chá, recostado no fogão.

- Não. Tive um sonho estranho com Toyo. Tinha muitas sombras, e eles vinham atrás de mim...

- Não foi sonho. – Gabrielle levantou o olhar curiosa – Toyo contratou seres das trevas para te matar.

- Seres o quê?!

- Ninjas trevosos. São uma espécie de lutadores das trevas. Mercenários sanguinários que estão sob proteção de magia negra.

- E como ainda não sabem onde estou?

- Esse lugar está protegido. Não podem chegar até você, enquanto estiver aqui. É como se essa propriedade não existisse no mapa. Também tenho meus truques.

- Ah. -  Gabrielle se deixou cair na cadeira. Pela primeira vez conheceu o medo.

- Não se sinta mal. É normal que sintamos medo. O medo nos mantém vivos e em alerta. Só não deixe que ele te trave. – aconselhou, lendo seus pensamentos numa rápida telepatia.

- Não posso contra esses ninjas. Só sei lutar Muay Thai. Não sou uma bruxa como Tomoyo, ou um mago como você... Jamais poderei salvar Mika.

- Está desistindo antes de tentar?

- Talvez, eu deva.

- Eles irão atrás de você, aonde quer que vá, e se for embora agora, não terá chances contra eles. Não tem para onde fugir, Gabrielle. Chegou a hora de enfrentar seus fantasmas. – dizendo isso, Juka ofereceu-lhe um chá. – Beba. Vai te ajudar a relaxar. Encontre-me lá fora daqui a pouco.

Gabrielle assentiu.

Terminou o líquido marrom de propriedades desconhecidas, e foi ter com Juka.

- Vamos dar uma caminhada. – avisou.

Saturno seguiu o chinês em silêncio. Atravessaram a floresta, e escalaram a montanha mais alta que havia por ali.

Apesar do cansaço, um sentimento de júbilo envolveu a brasileira. A vista era lindamente impressionante. O sol estava ameno para suas sortes. O vento proporcionava um clima agradável, e o cheiro de verde, mesclado com frutos e a água do riacho sob o monte, fabricavam um delicioso aroma incomparável.

Procurou o semblante de seu mais novo amigo, e ele não demonstrava nenhuma exaustão física.

- Venho sempre aqui pra meditar.

- Ótima escolha.

Juka sentou, pegou a garrafa de água deu a Gabrielle e depois bebeu.

- Estamos interligados além do tempo. – sussurrou – Feche os olhos, Gabrielle.

A jovem obedeceu sem contestar. Juka ia falando de assuntos  desconexos, e por mais que tentasse compreendê-lo; não conseguia. Um bem-estar irresistível a acometeu, impedindo que movesse seus músculos. Tentou abrir as pálpebras, mas elas pareciam coladas em seus olhos. Foi atingida por um formigamento dos pés até o couro cabeludo, e permitiu que a nova sensação a controlasse.

Seu corpo ficara leve de repente, e se sentiu flutuando. Então meditar era isso? Essa paz indescritível que toma conta de todo ser.

Quando estava em coma pôde ir até o Brasil. Ver Brooke, Rita, Bob, e a avó. Percebeu que também podia fazer isso de forma consciente. Mas, não quis ir muito longe. A floresta seria sua primeira viagem. Pôde escutar as gotículas escorrendo pelas pedras mais pequenas do rio. Pôde tocar nas nuvens, e voar com a águia.

Logo, estava viajando para dentro de sua própria consciência. Lembrou com detalhes de sua vida no Japão feudal, em como conhecera Juka nos antepassados. Como duas almas irmãs que seguiram caminhos diferentes, mas que o amor e a afinidade não foram fortes o suficiente para separar.

Recordou de suas habilidades adormecidas na gaveta de seu cerne. E, entendeu que precisava aprender mais. E que Juka estava disposto a ensiná-la.

Acordou de supetão e o encarou. Ele apenas sorriu meigo pra ela. E ambos se compreenderam.

As semanas foram se arrastando, e cada novo dia; Gabrielle aprendia possibilidades magníficas através da meditação. Algumas vezes, acompanhada por Juka, eles meditavam por até três dias seguidos. O tempo se mostrava precioso demais, e ela sabia que não poderia desperdiçar nenhum ensinamento.

- Um bom lutador deve saber meditar. Não tem vergonha de conhecer suas limitações e superá-las. – dizia ele, enquanto a circundava. -  Quero que me mostre o que aprendeu. – jogou-lhe um taco de madeira, e ajeitou o seu em defesa.

Gabrielle consentiu. Começou a atacá-lo de diversas formas, mas Juka se livrava incrivelmente de todas suas investidas.

Porém, não se deu por vencida, continuou o enfrentando destemida.

Enquanto ele ia desviando de seus golpes, ia repetindo todos os ensinamentos que experimentaram até ali.

- Lembre-se, Gabrielle, você não é um corpo. – a agrediu na coxa, e ela caiu ajoelhada de dor. – Levante-se. Seus inimigos não terão compaixão de você! – preparou para atacá-la na cabeça com o taco, mas ela revidou com o seu e impediu. Sustentou a madeira até que conseguisse se recompor. E mesmo ferida permaneceu de pé, agora desviando dos ataques de seu mestre. – Foque. Sua coxa está machucada, mas sua mente nunca esteve tão sã. – Mais alguns golpes contra a brasileira, e ela finalmente o encurralou com o taco em cima de seu pescoço. Juka sorriu satisfeito. Ela se deu por vitoriosa e largou o taco no chão, mas Juka pegou o seu e passando-o por seus pés, a derrubou, e finalizou em seu pescoço : - Nunca dê as costas ao seu oponente. Ou você mata, ou morre.

Gabrielle arregalou os olhos. Não poderia se descuidar novamente. Juka lhe ofereceu a mão gentilmente, e ela se levantou com sua ajuda.

- Vai precisar de mais se quiser vencer.

- Ainda vou te nocautear. E nesse dia saberei que aprendi tudo que devia. – sorriu divertida.

- Continue tentando, minha cara. – correspondeu o sorriso.

Gabrielle decidiu tomar um banho de rio naquela tarde. Nunca se imaginou tão íntima da natureza e dos animais. Descobrira que o porco era o totem de Juka, e por isso ele os protegia com tanta dedicação e afinco. Ela estava ansiosa para saber qual animal seria o seu, mas o amigo mentor dissera que esse se manifestaria quando ela menos esperasse.

Terminou seu mergulho e sentou numa rocha, com os pés mergulhados na água.

Como estaria Mika? Tomoyo havia sumido mais uma vez. E fazia tempo que não tinha notícias da capital.

Decidiu meditar, e se projetar até a mansão para saber o que sucedia longe de seus olhos.

Seu espírito emancipado logo chegou no endereço de sua meta.

Àquelas sombras também estavam por ali. Cuidou de camuflar sua vibração como Juka lhe ensinara, para que ninguém conseguisse enxergá-la, e andou pela casa.

Não encontrou Mika como planejado. Viu apenas Toyo preparando a refeição para o pai. E logo, percebeu que ele estava colocando um pó esquisito em sua sopa e misturando com um sorriso cínico. Acompanhou-o até o quarto de Mitsuo e o mesmo jazia adoentado na cama.

Num momento de pura emoção, Gabrielle esbarrou no prato e a louça caiu da mão de Toyo, se espatifando no piso.

Controlou sua vontade de socar Toyo, e projetar toda sua ira, mas as palavras de Juka sobre vingança ecoaram em sua mente dizendo que: não valia à pena gastar suas energias nisso, e ela se afastou dali.

- Perdoe-me pai, irei preparar outro prato para o senhor. – justificou, olhando para os lados, notando uma presença estranha no ar, qual, felizmente não soube identificar.

Gabrielle voltou a pensar em Mika, e sua sintonia com a mulher, acabou a levando até ela.

Mika estava num motel, completamente bêbada. Enquanto um casal de lésbicas transava, ela apenas observava, fumando um cigarro. Até se decidir se juntar a elas.

Saturno foi puxada para o corpo automaticamente. Não suportou mais ficar e presenciar aquela cena. Mika beijando outra, totalmente fora de si.

Precisava fazer alguma coisa para parar Toyo com suas maldades. Sabia que ainda não estava pronta para sair da propriedade e abandonar os cuidados e a proteção de Juka. Contudo, o coração falou mais alto, e decidiu que Mika e ela mereciam a chance de uma conversa.

Vestiu suas roupas apressadamente e saiu correndo dali até o castelo.

Para sua surpresa, Tomoyo a esperava em seu quarto.

- Nossa. – a cozinheira suspirou, admirando o desenvolvimento da lutadora. – Que músculos são esses?

- Não tenho tempo pra isso, Tomoyo. Preciso ir até a capital e ver Mika. Você tem que me dar uma carona.

- Ficou louca? Não pode fugir daqui. O Juka vai te degolar.

- Você prometeu que iria arranjar uma forma de Mika e eu nos encontrarmos, e já se passou um mês desde então.

- Por isso vim. Encontrei a oportunidade perfeita. – Gabrielle arqueou as sobrancelhas, interessada – Vai rolar uma festa na mansão pra comemorar o aniversário do Mitsuo. E será uma festa a caráter. Os convidados deverão ir de máscara, ou fantasiados. Ninguém irá te reconhecer.

- E quando é essa festa?

- Amanhã à noite.

- Então, que assim seja.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora