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Depois de muitas argumentações insistentes, que acabaram se tornando bastante irritantes; o misterioso homem, dono de habilidades incríveis - que sempre exibia seu rosto de traços finos sob um singelo chapéu de palha - concordou em treinar a brasileira.

Gabrielle estava se sentindo aliviada, porém; as coisas não saíram como ela havia planejado - mais uma vez, pra variar.

- O que está fazendo? - Juka questionou entrando em seu quarto sem ao menos bater, numa certa manhã ensolarada.

- Como assim? Preparando-me para o treino. - girou os olhos visivelmente contrariada.

- Nananinanão. Esqueça isso. - exigiu, desfazendo as faixas de seu pulso, que serviriam de luvas improvisadas.

Gabrielle logo tratou de enrijecer os músculos.

- Estou bem para treinar. Não quero mais ficar presa nessa cama. - avisou, respondendo de modo firme, achando que ele a obstruíra por se tratar de sua saúde.

- Ora. Deixe os treinos para depois, pois sim? Se está em condições de socar alguns sacos de areia, está em carregá-los para algo útil.

- Do que está falando seu maluco? - perguntou, completamente confusa.

- Não pense que ficará hospedada na minha casa sem pagar por isso! Precisa arcar com suas despesas.

Gabrielle começou a rir nervosamente:

- Vai me fazer de escrava? Mas, isto é um absurdo! Bem que minha avó diz que quando a esmola é muita, o santo desconfia! Não existe caridade sem interesses de recompensa?! - ralhou; mais sarcástica, que realmente indignada.

Juka fixou-a por longos segundos e disparou a gargalhar.

- Te espero lá fora. - disse sério, quando finalmente conseguiu parar de rir.

Saturno bufou. Devia ter imaginado que esse treino não sairia tão fácil assim.

Terminou de desfazer as faixas e foi se encontrar com seu prometido mestre.

Ele olhou com desdém para seus pés, resmungou e balançou a cabeça para um lado e para o outro.

- Vai mesmo calçada com isso aí? - indagou apontando seus tênis de marca, que Tomoyo havia comprado com o restante do dinheiro que ganhara de Mitsuo, que foi sacado de sua conta.

- Sim. Algum problema?

- Ah, - arfou impaciente - vamos logo.

- Cara maluco. - murmurou, enquanto o seguia descer os degraus.

- Eu ouvi isso, pirralha que luta mal.

- Você é mesmo.

- Se continuar me desrespeitando não irei te treinar. - parou e a fitou.

- Você prometeu.

- Promessas são quebradas, sua inconsequente! - agitou o dedo indicador em direção do rosto da jovem e saiu em disparada pela propriedade, com ela o seguindo.

- Desculpe.

- Rum. Nem mesmo uma bala na sua cuca conseguiu te domar. - virou-se e deu-lhe um leve tapa na testa.

- Au. Japonês pirado.

- Não sou japonês. Sou chinês, sua ingrata!

- Não sabia... Pra mim todos vocês tem a mesma aparência. Parecem um monte de robozinhos. - riu do seu próprio comentário.

- É mesmo uma racista energúmena. - meneou a face totalmente convencido de sua impressão. - Todos os brasileiros são assim como você?

- Gostosa, gentil, carinhosa, inteligente e boa pinta? Sim. A maioria. - riu irônica.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora