Akira não respondeu de imediato. Primeiramente cuidou de se sentar no banco de madeira, qual servia de descanso para as pausas do treino, na direção da vidraça; que compunha a parede naquela cobertura.
Gabrielle entendeu o gesto e tratou de fazer o mesmo. Arrancou as luvas e se acomodou ao lado do fiel empregado de Hiroshi. Antes de proferirem qualquer palavra admiraram a exuberante vista da selva de prédios iluminados, com um risco verde no final da pintura viva, constratando harmonicamente com o céu alaranjado, que findando a tarde; convidava o nascer da lua.
— Os sobreviventes é uma organização milionária. — começou ele, procurando cruzar os braços e não encarar a jovem nos olhos. — Pelo que sei, ela existe desde mesmo antes de eu nascer. Ergueu-se por volta do século 15, quando os agiotas arranjaram essa forma de cobrar seus devedores. Com o passar das décadas, ocorreram diversas modificações gritantes, até se tornar o que é hoje! Uma briga de galo humana.
— Isto é horrível. — a brasileira meneou a cabeça, indignada.
— As pessoas são capazes de tudo por dinheiro e poder.
— Nunca imaginei que existisse tanta maldade.
— Isto não tem nada a ver com índole, Gabrielle. É só um acordo de interesses.
— Não fiz acordo nenhum com o Mitsuo, e ele iria me obrigar a lutar para enriquecê-lo ainda mais. Se é que isso é possível!
— A ganância pode ser destrutiva, mas se você não tiver ambição, não irá chegar a lugar nenhum.
— Não luto Muay Thai por dinheiro.
— Mas, deve ter algum motivo em especial. A intenção é fazer aquilo que gosta, não?! — a fitou de soslaio.
— Sim. Mas, não dá pra comparar. Jamais faria algo que prejudicasse meu próximo para me elevar em algo. As artes marciais me ensinaram a ter disciplina.
— A própria vida já não é uma luta diária? Todos não somos prisioneiros de alguma forma? Não se engane, Gabrielle. Estamos num ringue e provavelmente acorrentados por amarras invisíveis. Não foi Mika que te prendeu aqui? Não foi a ambição que te trouxe até Tóquio?
Gabrielle deu seu silêncio como resposta.
— Não há muita diferença dos guerreiros dos sobreviventes, das pessoas lá fora. — prosseguiu Akira, apontando o queixo em direção da civilização.
— Talvez você tenha razão. — suspirou fundo, após profunda assimilação — Porém, todos nós podemos fazer nossas próprias escolhas.
— E qual será a sua? — a fixou, curioso.
(...)
Quando Mitsuo chegou na suíte do casal, a esposa afagava os fios da filha, e distribuía beijinhos carinhosamente em sua cabeça.
Ele parou para observá-las. Kyoko se deliciava no colo da mãe. Não conseguia entender como Toyo era capaz de maltratar seres tão doces e indefesos.
— Mitsuo... — chamou Mika, quando se deu conta da presença do marido.
— Desculpe interromper. Mas, precisamos conversar. — sorriu, amigável.
— Tudo bem. Kyoko vá brincar com a Nara, enquanto papai e eu conversamos.
A menina obedeceu. Deu um longo beijo na bochecha da mãe, passou pelo pai, fez o mesmo e se foi.
Mitsuo pigarreou:
— Não me agrada ver minha filha tão arisca.
— Ela vai superar, Mitsuo. Só precisamos ter um pouco de paciência.
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Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio
Ficción GeneralA lutadora amador Gabrielle Saturno recebe uma tentadora proposta para participar de um torneio de Muay Thai no Japão, após ser classificada em uma eliminação rigorosa no Brasil. Chegando lá, ela conhece a sedutora japonesa Mikaela Sato e um romance...