– Vejo que as roupas caíram bem em você. Está impecável, Gabi. – elogiou Tomoyo, encostada no batente da porta, analisando-a de baixo a cima. – Te adivinhei perfeitamente.
Gabrielle murmurou algo indefinível e se avaliou pela última vez no espelho.
Vestia um terno preto, com uma costura requintada.
A calça ficava bastante justa devido o volume sobrenatural de suas coxas. A camisa roxa também marcava em seu abdômen reto e definido. E, a gravata borboleta realçava seu pescoço bem desenhado. Os sapatos – igualmente pretos – estavam divinamente engraxados. Fechou os botões do blazer, e fixou a jovem feiticeira.
Gabrielle se perdeu em sua beleza cativante.
Tomoyo trajava um vestido sob medida para seu corpo pequeno, de curvas delicadas. De uma seda verde sofisticada, o tecido causava a impressão de uma transparência sensual.
A lutadora colocou seu raciocínio para funcionar, imediato ao baque. E, logo se recordou que o vestido se tratava do mesmo que a figura feminina de seu sonho usava na ocasião. O que constatou que não era somente Juka que andava a visitando na quinta dimensão.
Havia uma cauda atrás, que enfatizava o curto da frente. Moldando-lhe uma aparência encantadora e erótica, em combinação harmônica com o decote recatado e os saltos da cor da pele.
– Eu poderia te foder agora e te fazer cair de boca em mim. – soltou num suspiro.
Tomoyo caiu na risada:
– Eu caíria com todo prazer. – mordeu os lábios provocativa.
– Mas, temos que ir. – engoliu o excesso de saliva, que o tesão causara e pegou a máscara em cima de sua cama.
– Realmente, é uma pena não é?! – fez biquinho com os lábios, enquanto se aproximou, para então ajeitar sua gravata.
– Definitivamente. – molhou os lábios com a própria língua.
– Só nos resta ir ao que interessa. – Gabrielle assentiu compreensiva – Preciso que use isso. – disse, retirando um colar de dentro da bolsa de cintura.
– E acha que um acessório vai cair bem? – perguntou ingênua, como só ela conseguia ser.
– Não se trata de um acessório, mas sim de um amuleto. – explicou pacientemente, enquanto o colocava carinhosamente em seu pescoço – Isto irá proteger sua aura. Quando sair da propriedade do Juka, sua vibração ficará suscetível para qualquer um que tente encontrá-la com algum feitiço. Aconteça o que acontecer, não o tire até chegar aqui. Entendeu? E em nenhum momento retire sua máscara! – alisou a pedra lilás de formas retângulares, e o escondeu debaixo de sua blusa. – Para todos você é só mais uma convidada desconhecida, e minha acompanhante.
– Certo. Mas e você? Não ficará desprotegida?
– Eu sei como controlar isso sem precisar usar um amuleto. Sei dos riscos que teremos que lidar quando entrarmos naquela mansão. Acredite, Gabrielle, não são nada bons.
– O que quer dizer com isso?
– Que já faz algum tempo que não consigo contato mental com Mitsuo. Ouvi boatos de que ele está muito doente e, que desistiu de ganhar dinheiro com brigas de galos humanos no Sobreviventes; desde sua morte, o que não é ruim de um todo. Você não é a única que precisa entrar naquela mansão e sair ilesa. Tenho um dever de gratidão com Mitsuo, ele me ajudou muitas vezes, e agora sinto que necessito recompensar. Toda vez que tento aproximar-me uma energia densa me repele.
Gabrielle lembrou das sombras que vira na mansão no dia anterior, quando se projetara. E, dos ninjas que Toyo contratara para assassiná-la. Não queria nem imaginar que Toyo estivesse mesmo atentando contra a vida do próprio pai. Ainda era cedo para assumir tal acusação, afinal apenas vira ele numa atitude suspeita, aquele tal pó poderia ser algum forticante, uma vez que se encontrava debilitado. Ah, mas vindo de Toyo, era sim muito estranho. Se fosse mesmo verdade que Mitsuo desistira dos Sobreviventes, teria que encontrar uma nova maneira de libertar Mika. O importante é que levaria os treinos para o resto de sua vida.
– Eu sei o que são. Estão protegendo Toyo. São ninjas das trevas.
– Mais um motivo pra redobrarmos os cuidados. Isso só me dá a certeza de que Mitsuo não está sabendo de nada, o que aumenta o perigo. Mitsuo era o único que conseguia controlar Toyo e manter a ordem na mansão e nos negócios.
– O que deixa Mika e Kyoko a mercê daquele maluco.
– Exatamente. Vamos com calma. Fui convidada por consideração à Mitsuo, mas garanto que essas sombras estarão por perto e me impedirão de falar com ele e abrir seus olhos. Enquanto acho uma forma de conversar sozinha com o Mitsuo, você vai atrás da Mika, e faz o que tem que ser feito. Encontrarei-te às 1h:00m da madrugada no estacionamento. Não se atrase.
– Preciso de mais tempo! – interveio.
– Não se coloque em risco de novo, Gabrielle. Apenas obedeça-me. Ok? E eu te trarei de volta em segurança.
– Ok. – concordou a contra gosto.
– Então, que os astros nos ajudem. – puxou-a pela mão e se foram.
O pigarro de Juka as interpelou na grande sala.
– Vá na frente. – sugeriu, Gabrielle.
Tomoyo assentiu e se foi.
– Sei o que está prestes a fazer Gabrielle. E você sabe que não é prudente! – ralhou, saindo detrás das altas cortinas.
– Juka. Eu preciso vê-la. Confortá-la. É injusto que Mika continue sofrendo, achando que eu morri, e que a deixei sem esperança.
– Sua paixão te fará fracassar novamente. Não vê?! Que o amor por essa alma te cega desde séculos impassíveis?
– E você, Juka? Não percebe que é esse amor cego, que dizes que sinto, que me mantém respirando? É tão evoluído assim que nunca se permitiu sacrificar sua própria luz por alguém?
– Está mesmo me perguntando isso? – incentivou com a voz embargada.
– Sim. Agora é sua vez de me responder.
– Eu estar aqui não é sacrifício o suficiente pra você? Só estou aqui por você. Não tenho mais nada, nem a quem me apegar nesse planeta.
Gabrielle teve que engolir seco.
– Ainda falta o meu sacrifício. – declarou, movida pela imagem dependente de Mika.
Juka respirou fundo. Como se estivesse arrancando o ar de seus pulmões:
– Então vá. Se é assim que quer. Faça mais essa escolha e esteja fadada ao fracasso. – deu lhe às costas.
– Precisa confiar em mim, Juka, assim como eu confio cegamente em você. Não sou tão imatura quanto pensa.
Bufou:
– Espero que não se decepcione.
– Devo seguir meu coração. Só quero saber se você ainda estará aqui quando eu voltar, e eu irei voltar, Juka. Não esqueci dos meus compromissos comigo mesma.
– Não vou a lugar nenhum, Saturno. Não tenho pra onde ir. Estarei sempre aqui pra você, pronto pra colar os cacos quando você quebrar a cabeça de novo, e tomar conta de seus erros. É pra isso que um mentor serve, não?!
A lutadora sorriu feliz, e saiu correndo ao encontro de Tomoyo, para não se atrasar.
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Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio
General FictionA lutadora amador Gabrielle Saturno recebe uma tentadora proposta para participar de um torneio de Muay Thai no Japão, após ser classificada em uma eliminação rigorosa no Brasil. Chegando lá, ela conhece a sedutora japonesa Mikaela Sato e um romance...