Tomoyo
Mika e Gabrielle se deliciam em intensas gargalhadas. Não que o motivo seja realmente engraçado, digno de uma risada tão autêntica e poderosa. Apenas contei com precisão de detalhes a batalha vergonhosa que travamos com os Ninjas quando saímos furtivamente da mansão – óbvio que fomos devidamente escorraçadas, mas como o meu pai sempre dizia: nada como transformar uma tragédia numa piada ácida e arrancar risos dos envolvidos pra comemorar a sobrevivência, ainda que esta tenha sido conquistada de forma decadente! – o que é de fato; nosso caso.
– Gabrielle não sabia se batia nos desgraçados ou se me vigiava com medo de eu sofrer algum ferimento preocupante... – tratei de reforçar a conversa hilária com um tom divinamente lúdico.
– Fiquei mesmo preocupada – minha lutadora favorita afirmou com o semblante sério – não sabia que lutava tão bem! Fiquei surpresa com seu controle emocional perante a situação e a técnica demonstrada nos golpes.
– Segredinho! – sorrio irônica semicerrando os olhos – Aprendi defesa pessoal no colégio.
Mika solta uma estridente gargalhada:
– Você não detém o poder de tudo Gabrielle. Mulheres são misteriosas e agem de acordo com a conveniência – a esposa do meu ex-chefe me lança um olhar enigmático, e me sentindo constrangida procuro focar na reação de Gaby que franze a testa confusa.
– Ora. E eu não sou mulher?
Mika e eu rimos.
– Sim, mas seu lado masculino fala mais forte – cuido de explicar.
A brasileira nos fixa simultaneamente, com um q de desentendida.
– Todos possuímos duas energias ativas convivendo dentro do nosso Ser – Mika justifica – mais conhecidas como yin e yang. O Yin é o princípio passivo, feminino, noturno, escuro e frio. O Yang é o princípio ativo, masculino, diurno, luminoso e quente. Ambos devem coexistir para haver equilíbrio.
– Sem contar que suas experiências passadas foram todas no gênero masculino – lembro.
Mika a fita de canto.
– Você não me contou isto! – esbraveja.
– Não tive a oportunidade – Gaby dá com os ombros.
– Está explicado – Mika revira os olhos. – Homens são idiotas, estão sempre agindo por instinto. Todas as merdas que você fez tem sentido, afinal.
– Engraçado, porque eu sempre achei que estava agindo pelo coração – Gabrielle parece convicta.
– Isto é o que você acha, sua tola... enfim, seu lado masculino foi bem trabalhado. – Mika comenta intencionalmente na esperança de me alfinetar. O que ela não sabe ser uma total perda de tempo e criatividade. Não me importo de ser a segunda. Não me sinto desvalorizada, e muito menos indigna. Em outras palavras; o conceito vadia não me serve como deveria, no sentido ofensivo da questão. Sou uma mulher muito resolvida, que se ama, que se quer bem, livre e feliz.
– Quer mesmo caminhar pra esse assunto? – Gaby lhe lança um olhar sarcástico para que se lembre da vida dupla que sempre sustentou.
Mika não esconde o desgosto; seus lábios trincam de automático, e sua testa franze.
– Mika, – chamo para contemporizar – sabia que o Totem da Gabrielle é um dragão?
– Não. Não sabia. – e levando em conta a expressão zangada que Mika ilustra, minha ideia não teve o efeito desejado – Aliás... eu não sei de mais nada. – ela se levanta visivelmente irritada, caçando sua bolsa.
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Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio
Ficção GeralA lutadora amador Gabrielle Saturno recebe uma tentadora proposta para participar de um torneio de Muay Thai no Japão, após ser classificada em uma eliminação rigorosa no Brasil. Chegando lá, ela conhece a sedutora japonesa Mikaela Sato e um romance...