"Você é especial Gabrielle, minha adorada Saturno... Os céus conspiram ao seu favor... Os bons astros te protegem..." Maitê lhe acaricia a orelha, desliza o polegar sobre seu nariz e sorri ternamente.
"Mãe, é você?" A fita desconfiada. Maitê tem uma aparência jovial. Muito distante da drogada que a filha se lembra. Seus cabelos castanhos estão luminosos, e de seu corpo roja uma pluma brilhante. Só podia mesmo ser um sonho. O melhor deles.
A aparição não abre mais os lábios para proferir resposta. Sua imagem vai se desfazendo como nuvem mudando de rumo. Gabrielle leva as mãos desesperadamente, na intenção de segurá-la eternamente para si, e quando se dá conta, retém algo concreto em sua mão. Abre os olhos vagarosamente, e fixa o semblante carismático de sua cozinheira.
- Tomoyo? - olha depressa para os lados, para constatar onde está e é pungida por uma dor aguda na nuca, dirige a mão instantaneamente no ferimento, a mesma que antes segurava o rosto japonês, e se recorda do golpe que havia a levado ao iminente desmaio.
- Ei, quietinha. Você levou uma pancada muito forte. Poupe energia - aconselha numa voz meiga.
- Onde estou? - fita o teto de madeira, as paredes cedidas a idêntica arquitetura, que estão no campo de sua visão.
- Na minha casa, em segurança.
- Como?
- Foi uma coincidência do destino, creio... Eu estava passando por aquela rua no exato momento em que vi um trombadinha te agredir, te roubar e sair correndo...
- Ah então foi um assalto! - suspira num misto de alívio e incerteza.
- Sim. Em que você se meteu Gabrielle? - a japonesa estreita ainda mais seus olhos que já o são por natureza.
- Longa história...
- Hum, sela lá o que for, deve tomar mais cuidado. Seus documentos foram roubados. O ladrão só deixou a carteira vazia lá. É óbvio. Só sobrou o cartão de um tal de Hiroshi, ou ele ignorou os números ou simplesmente não era relevante, afinal, não teria nenhum valor se o levassse.
- Meus documentos... Ah! - lembra com pesar de que ainda estão em perigosa posse de Mitsuo para seu alívio ou preocupação ainda maior. - Não estavam na carteira. Só tinha alguns dólares. Quanto ao cartão, Hiroshi é um amigo do Mitsuo. Deixou seu número, caso eu precisassse de algo.
- Hum, Hiroshi, sei - desconfia - Piorou. Não pode andar por aí sem seu passaporte. Imagina se não fosse eu que tivesse te encontrado? Você seria levada para o hospital, e a polícia local te nomearia como indigente. Sabe o que isso significa? - a lutadora meneia a cabeça. - Poderia ser mantida em cárcere como imigrante ilegal, ou ser acusada como terrorista ou espiã.
- Deus me livre! Eu não sou nada disso!
- Eu sei, mas eles não sabem. Você precisa se cuidar mais. Até você explicar que saiu sem documentos, a burocracia do país já te deteve como julgou, em nome da segurança dos cidadãos.
- Não saí sem... - hesita. Não confia o bastante em Tomoyo para confidências.
- HUM? - a encara com um ar de interrogação.
- Er, foi um descuido da minha parte - omite - Mas, não vai mais acontecer. Tenho que ir - movimenta-se para levantar . Porém, a mão delicada da japonesa em seu tórax, a estaca.
- Nada disso. Você precisa é se recuperar. Só sairá daqui quando se sentir realmente melhor, não quer desmaiar na rua de novo, não é?
Gabrielle assente timidamente. A mulher tem razão. Havia passado dos limites.
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Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio
Ficción GeneralA lutadora amador Gabrielle Saturno recebe uma tentadora proposta para participar de um torneio de Muay Thai no Japão, após ser classificada em uma eliminação rigorosa no Brasil. Chegando lá, ela conhece a sedutora japonesa Mikaela Sato e um romance...