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O corpo da lutadora de Muay Thai; Gabrielle Saturno de Almeida Prado, foi encontrado carbonizado, ao lado da garagem do prédio onde morava; numa área nobre de Tóquio. Ela só foi reconhecida devido ao chaveiro que foi encontrado junto com as chaves que pertenciam a jovem, próximo ao corpo da vítima. A carteira da brasileira foi queimada com o corpo. A federação japonesa de artes marciais lamenta o crime. O coordenador ressalta o potencial da moça para a luta, sua habilidade fenomenal para o esporte, e presta suas condolências a família da lutadora. A polícia local, considera o assassinato como um crime bárbaro, e não descarta a hipótese de latrocínio: roubo seguido de morte. Agora, o caso foi passado para a polícia criminalista, e o laudo com a causa da morte sairá em 45 dias. Infelizmente, as câmeras de segurança estavam com defeito e não registraram o momento do crime contra essa jovem de apenas 18 anos, com um futuro promissor no ramo da luta. Os lutadores do torneio, que ela viera participar, prestam suas homenagens a colega, e dizem que poderia ter sido qualquer um deles. Se você tem alguma pista desse assassino, pedimos encarecidamente que entre em contato com as autoridades e colabore com as investigações. Mais notícias dessa lamentável tragédia; no próximo bloco. — a jornalista finaliza.

Mika desligou a televisão e saiu pela casa chorando desesperadamente.

Encontrou Toyo na cozinha, almoçando com os outros funcionários, e seria uma cena hilária de se presenciar, se não fossem as circunstâncias que a traziam ali. Agarrou-o pelo colarinho do uniforme branco e o sacudiu violentamente, fazendo com que se levantasse e seu prato caísse, quebrando-o e derramando o alimento.

— Seu desgraçado! Foi você que fez isso com ela, não foi? Você matou a Gabrielle! Você! Você é um demônio! Maldito! — deu-lhe uma bofetada monstruosa no rosto.

Toyo ficou sem reação. Os outros funcionários agarraram Mika para apartar a briga.
A mulher se desmanchou nos braços da babá, e se não fosse a dor íntima que a dilacerava teria agredido Toyo, o quanto conseguisse.

— O que está acontecendo aqui? — Mitsuo apareceu e os fitou, curioso.

— Sua esposa papai. Veio chorar a morte da amante. Acusou-me de tê-la matado. O que não passa de uma terrível calúnia! Tenho álibi. Estava nessa casa, executando os serviços que foram-me destinados. Não é, Yuri? — olhou com entusiasmo para o colega.

O cozinheiro hesitou por alguns segundos, refletindo em algo oculto para os presentes, e que pareceram uma eternidade para o filho deserdado. Toyo o instigou com a sobrancelha direita arqueada de modo imponente, como se quisesse exercer algum poder sobre o homem.

Mitsuo e Mika esperavam por sua resposta, com expectativa brilhando no olhar.

— Sim. Toyo estava na cozinha me ajudando com o arroz. — confessou em seu idioma.

Mitsuo permitiu que o ar soltasse com gana de seus pulmões, talvez de alívio, ou estocando a desconfiança, pois se tratando do filho, depois do que vira, tudo era possível.

Mika balançou a cabeça negativamente. Não acreditava nenhum pouco no que Toyo estava insinuando.

— Venha, Mika. — chamou, Mitsuo, lhe estendendo a mão num gesto cavalheiro.

A esposa fuzilou o enteado com mais força e aceitou a gentileza. O empresário lhe guiou até o quarto do casal e sentaram-se os dois na espaçosa cama.

—Mika, sei o quanto está triste com o que aconteceu. Eu também, admito que admirava a Gabrielle. Uma moça tão humilde, que esbanjava saúde, e possuía um grande potencial, mas não nos cabe indicar um assassino. Deixemos isto com a polícia.

— Toyo ameaçou a Gabrielle diversas vezes, Mitsuo. Tenho certeza absoluta que foi ele. Se não foi por suas próprias mãos, foi a seu mandado. — as lágrimas empedraram em seus olhos, em seu semblante só havia ódio e indignação.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora