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O homem surge em passos lentos, arrastando os chinelos no piso rústico de madeira. Dirige-se para a pedregosa lareira e a acende com uma rapidez sobre-humana, graças a sua incrível habilidade.

Gabrielle fica admirada com a intimidade que o homem demonstra ter com o fogo.

Observa-o percorrer pelo cômodo e acender as velas que enfeitam os enormes candelabros de cobre.

A brasileira se sente numa novela de época.

A figura masculina caminha depressa até ela. Averigua sua temperatura e sorri satisfeito.

— Enfim a febre abaixou — avisa retirando a compressa que repousava em sua testa.

— Quem é você? — indaga curiosa com a voz pastosa pelo cansaço.

— Não se lembra de mim? — arqueia a sobrancelha esquerda habilmente.

— Hm... — lhe analisa os traços com afinco, recordando com dificuldade de sua fisionomia.

— Sou o Juka.

— Ah. Sim! Você é o faxineiro.

— Eu mesmo — interrompe-a, puxando um baquinho de madeira e se sentando com alívio.

— O que houve? Como vim parar aqui? — investiga euforicamente, tentando levantar a cabeça.

— Ei, Ei, acalme-se — estende a mão e empurra levemente seu abdômen.

Gabrielle geme de dor.

— Você tem que se cuidar, — Juka prossegue com seriedade. — Acabou de sair de um coma e seu estado ainda é grave. Precisa se estabilizar.

— Certo — balbucia — Lembro-me de ir pro apartamento do Mitsuo e ser baleada no pátio da garagem. Depois do último tiro perdi os sentidos — contou pausadamente com a respiração pesada.

— Eu ouvi os tiros. Estava cumprindo com meu turno. Quando cheguei você estava quase engasgando no próprio sangue — Juka narra com tristeza. — Constatei que você continuava respirando e o meu primeiro pensamento foi a de pegar o celular para ligar para  a emergência, mas... — pausa, parecendo se recordar de algo.

— Mas?! — Gabrielle o incentiva.

— Aquela sua cozinheira esquisita apareceu...

— Tomoyo!

— Sim. Ela me disse que não deveria fazer isso, que existem muitas pessoas que desejam te ver morta. Se você fosse para o hospital, certamente, dariam um jeito de dar cabo de sua vida por lá.

Gabrielle suspira fundo, aliviada: — Ah. Tomoyo!

— Foi aí que te colocamos no meu furgão, e ela te trouxe pra cá. Eu fiquei na capital, roubei um corpo do necrotério, coloquei fogo nele, e elaborei a cena do crime, para que todos pensassem que você está realmente morta.

A lutadora fica chocada com a revelação.

— Não foi nada fácil achar um corpo com o mesmo porte que o seu — Juka meneia a cabeça de modo descontraído. — Mais sorte ainda foi ninguém aparecer durante essa saga.

— Obrigado, eu nem sei como te agradecer — confessa comovida.

— Seja lá quem for que fez isto com você , queria mesmo se certificar que morreria. Foram oito tiros seguidos.

A jovem sentiu os ferimentos latejarem com a amarga lembrança.

— Sabe quem foi, viu o assassino? — o faxineiro quer saber.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora