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Gabrielle já estava acostumada com a sensação de acordar depois de uma surra. O corpo moído, a cabeça latejando. Contudo, a briga com os russos fora tão feia que imaginou não ter suportado os ferimentos e morrido.

Talvez, ou não; para sua frustração: conseguiu abrir as pálpebras, apesar do cansaço.

Fixou a coreografia que as cortinas executavam com o auxílio da brisa, que entrava pela fresta da janela semiaberta.

Seus glóbulos castanhos passearam um pouco mais pelo ambiente em que se encontrava, e fitou um japonês observando-a de forma suspeita. Ele descruzou os braços e abriu os lábios para proferir algo, quando a porta ao seu lado se abriu e revelou a figura autoritária de Hiroshi. E assim, acabara deduzindo de onde conhecia o rapaz, que na verdade é Akira, o braço direito do mafioso.

— Ora. Vejam só! Nosso diamante bruto, acaba de dar sinal de vida!

A brasileira tenta se mover na cama, e uma dor aguda se instala em seus músculos.

— Poupe-se — pediu Hiroshi, num gesto de pare. — Mais alguns dias e você estará completamente recuperada.

A jovem consentiu. Os últimos acontecimentos surgiram como relâmpagos em sua mente. O contrato. Os documentos. As sessões de fotos. A entrevista. O convite misterioso de Issa. A luta ilegal. As apostas. A morte de Victor. O assalto. O cartão constando os números de Hiroshi. A discussão com Mika. O sequestro. A briga com os capangas. E finalmente; a ligação que salvara sua vida.

— Obrigada. — foi o que conseguiu dizer.

— Não precisa me agradecer, não ainda. Afinal, te encontrar não foi um caso impossível. O GPS do celular que você entrou em contato conosco estava ligado. Os russos não são tão inteligentes quanto parecem. — sorriu insinuoso. — Só tente ficar longe deles, para sua própria sobrevivência.

— O que aconteceu? Quero dizer... Lembro-me apenas de perder a consciência depois de conseguir falar que estava em perigo e precisava de ajuda.

— Nenhum problema que não possa ser solucionado.

— O que quer dizer?!

— Gabrielle, existem muitas coisas que fogem de seu conhecimento, e não será agora, nem eu que lhe contarei. Cuide de descansar para sarar mais rápido. Você está segura aqui, ao menos por enquanto. Akira vai lhe zelar em tudo que for de sua necessidade. Tenha um bom dia. — fez um leve gesto de cabeça e saiu, não depois de lançar um olhar cúmplice para Akira, que o respondeu no mesmo gesto.

Gabrielle deixou a nuca pender novamente no travesseiro. Suspirou pesado. Não possuía outras alternativas. O jeito era obedecer, não podia mesmo fazer nada machucada daquela maneira.

— Vou trazer-lhe uma sopa. —foi o que Akira disse, e saiu sem fechar a porta.

Gabrielle fez que sim com o olhar. Nesse momento sentiu seu estômago protestar. Pensou em Mika. Como ela estaria?

Os dias foram passando, e Saturno foi-se estabilizando. As dores musculares haviam cessado, e os roxos sumiam, ganhando o aspecto natural de sua pele. Um moreno suave, que lhe garantia um bronze singular.

Tendo que ficar presa naquele quarto, mesmo não sendo nenhum sacrifício desfrutar das regalias e do luxo que lhe proporcionavam, usar as roupas de Akira, o que também não lhe causava nenhum incômodo, visto que desde criança preferia as peças masculinas, pois lhe deixavam mais confortável com seu corpo. Odiava usar decotes e roupas justas que evidenciavam suas saliências musculares. Decidiu que estava pronta para voltar a sua rotina na cidade turbulenta de Tóquio, retomar os treinos e procurar se entender com Mika. Eram seus objetivos primordiais.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora