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– Gaby... – a japonesa chama da soleira da porta do quarto com os braços cruzados e uma expressão indefinível.

– Hum? – a lutadora brasileira nem se dá ao trabalho de levantar o rosto para fixá-la, continua com os olhos presos e empolgados em um enorme livro de ilustrações milenares, enquanto beberica um gole de chá, sem desgrudar seus grandes dedos da cerâmica.

– Pode me dar um momento da sua atenção? – Tomoyo se aproxima, puxa um banquinho de madeira e senta ao lado dela, próximo da janela, de onde entra agradável brisa que cuida de amenizar a temperatura solar.

– Desculpe! – ela fita a moça de traços asiáticos – Posso sim! Vocês tem razão, aliás, sempre têm! Existem muitas informações nessas folhas desgastadas pelo tempo! – conta bastante entusiasmada com os nomes de golpes cruciais somadas a conhecimentos de anatomia.

– Que bom – a outra sorri sem nenhuma graça.

– Que foi? – Gabrielle percebe.

– Acho que fiz besteira. Acho não, fiz – conta balançando a cabeça negativamente.

– Não importa o que fez, deve haver alguma solução... Sempre há – a morena abre os lábios num sorriso riscado e seus castanhos brilham compreensivos.

– Você é mesmo uma fofa, Gaby. A cada dia que passa você me conquista mais, e pergunto-me se isso é possível. – Tomoyo toma as mãos de Gabrielle e alisa-as com satisfação.

– Creio que sim, você também me conquista a cada dia. Você e o Juka. Nem que viva trezentos anos terei condições de pagar tanta gratidão. Vocês têm sido meus melhores amigos em toda minha existência.

A chefe torce os lábios e sua testa franze inconscientemente.

– Sei que espera mais sentimento de mim, – Gabrielle se apercebe e prossegue após limpar a garganta de forma ritual – e acredite, você tem conseguido mais que gratidão de mim, Tomoyo. Apesar da pouca idade, você é uma mulher muito sábia, justa, carinhosa, e é o sonho de qualquer pessoa que deseje alguém tão transbordante ao lado.

– Você está entre essas pessoas? – a jovem de olhos pretos expressivos interroga esperançosa.

– Ainda tem dúvidas?!

– E quando você e Mika puderem finalmente ficarem juntas? Vai simplesmente me colocar pra escanteio?

Gabrielle solta o ar de seus pulmões com euforia:

– Tenho pensado muito nisso. E definitivamente, não quero te fazer sofrer.

– É agora que você diz que devemos manter a amizade e seguir em frente? – Tomoyo arqueia a sobrancelha direita.

– Não. Mas, também não quero te ofender. Nem você, nem a Mika.

– Está dizendo que quer ficar comigo e... – hesita, um tanto incrédula – com a Mika?

– Por que não?! – Gabrielle parece convicta.

A moça diante dela gargalha gostosamente, cedendo a nuca para trás.

– Acha que sou uma cafajeste? – a brasileira questiona séria.

– Não – Tomoyo responde após um longo segundo tentando se recompor – Acho super moderno.

– Não vai me chamar de egoísta ou safada? – Gabrielle sonda, muito apreensiva.

– De maneira nenhuma. Se os envolvidos estiverem em plena concordância, eu apoio. Na verdade, sempre detestei a ideia de ter que me entregar e me prender a um único alguém.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora