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Os lábios de Gabrielle só seriam rompidos dos de Mika pela presença repentina do treinador. Mas Mika não consegue esboçar nenhuma reação diante da declaração inesperada da lutadora.

Ambas estão a poucos centímetros da boca uma da outra. Seus corpos ardem praticamente colados, sufocados pelo silêncio amordaçador da hesitação.

- Ora essa! - Issa bufa com uma mistura de ira e indignação - Além de mulher, é lésbica. Eu devo ter feito algum mal a humanidade para merecer isso debaixo do meu próprio nariz. E você, Mikaela, devia se envergonhar de se encontrar às escondidas com essa ninfetinha brasileira.

Gabrielle revira os olhos e o repreende:

- E você devia tratar a Mika com mais respeito!

- Respeito? - ele caminha até elas com um tom de deboche - Como uma mulher casada que tem uma filha e procura se satisfazer fora de casa pode ser digna de respeito? Para mim, ela não passa de uma vadia! - ele torce os lábios, e franze a testa analisando Mika com total desprezo.

- Lave a sua língua para falar dela assim! - Gabrielle se movimenta para avançar no homem, mas é impedida a tempo por um empurrão de Mika.

- Nem tudo se resolve com violência, Gabrielle! Vamos embora. Eu não me importo de ser chamada de vadia por um tirano desgraçado. Não me ofendo com tão pouco - a japonesa toma seus óculos da mão de Gabrielle, os coloca e sai andando com fineza e elegância, esnobando Issa com sua alta vibração.

Gabrielle fecha o zíper de sua mochila, a ajeita no ombro e vai atrás de Mika.

- Te espero amanhã, Saturno. E não admitirei atrasos, então poupe suas energias... - o treinador adverte com um tom sarcástico.

Gabrielle fuzila Issa. Ele está com os braços cruzados, arrombando suas veias sob seus músculos.

Mika prefere ficar calada durante todo trajeto para o apartamento de Gabrielle. Seus passos são longos, exalando indiferença.

Gabrielle se sente diminuída na hierarquia mais abaixo que a dos vermes. Aquela mulher consegue a elevar e a destruir ao mesmo tempo, ou no intervalo entre um e outra.

Dentro do metrô ela começa a se arrepender de ter se exposto tão facilmente para alguém que acabara de conhecer.

Quando elas chegam no apartamento, Tomoyo vem recebê-las.

- Oi minha lutadora favorita! - ela toma as mãos de Gabrielle e a puxa para si - Acabei de preparar um prato delicioso!

- Ei queridinha? Sai daqui agora - Mika joga a bolsa e os óculos em cima do sofá ordenando com um ar autoritário.

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo? - Tomoyo a fulmina.

- Sua patroa - Mika cruza os braços intimidadoramente.

- Mas eu fui contratada pelo senhor Nakashima. E eu estou encarregada de cuidar da alimentação da Gabrielle, então não saio daqui enquanto ela não comer - Tomoyo replica piscando para a lutadora.

- Se você não pegar suas coisas e sair daqui agora, pode esquecer seu salário do mês que vem, pois você vai parar no olho da rua. Que é um absurdo por sinal. Você nem cozinha tão bem assim - Mika dá de ombros para provocá-la. - Além do mais, se já está pronto não tem porque você ficar vigiando ela comer, ou pretende colocar na boca dela?

- Não seria uma má ideia! - Tomoyo morde a ponta do dedo indicador e estreita os olhos, avaliando as curvas de Gabrielle com explícita excitação.

Gabrielle está completamente ruborizada. Não tem onde encaixar a face.

- Some imediatamente da minha frente, sua oferecida! - Mika solta um grunhido tão assustador que Tomoyo ilustra uma careta instantânea, vai para a cozinha a contragosto, pega seus pertences e sai pela porta dos fundos.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora