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Gabrielle

Não imaginava rever Mika tão depressa, nem nos meus melhores sonhos. Talvez fosse pela minha entrega absoluta ao hoje, e minha plena consciência de viver um dia de cada vez — matar um leão por dia — expressão essa que deve ser recriminada pelos defensores fiéis dos animais; talvez fosse pela presença doce e picante de Tomoyo. Prefiro ser sincera comigo mesma. A cozinheira tem conquistado uma boa parte do meu coração. E, do jeito que vão as coisas, Mika parece cada vez mais distante de mim — pelo menos até agora.

Ela está muito atraente numa peça vermelha de seda pura, cuja se detém apenas em cobrir suas partes íntimas. Seu cabelo; extremamente liso e preto; estão esvoaçantes devido a brisa que circunda-nos, serenando o clima. Seus lábios pequenos, delicados e carnudos fixam-me com desejo, e seus olhos tentam decifrar-me numa vã abordagem.

— Gabrielle! Senti tantas saudades! — abraçou-me entusiasmada, e pude sentir suas lágrimas molhando meu ombro.

Afaguei seus cabelos de automático, completamente tensa, não acreditando que ela estava realmente diante de mim depois do fiasco que fora nosso encontro na mansão. Não seria uma armadilha dos Ninjas? Não teriam conseguido encontrar minha vibração no plano astral  e mandaram uma bruxa pra saberem onde estou escondida?

Procurei colar seu corpo com mais força ao meu, para dispersar esses pensamentos. Se fosse mesmo real, deveria aproveitar intensamente cada instante; sem me angustiar com julgamentos precipitados. Porém; foi assim que acabei metendo os pés pelas mãos muitas vezes, acreditando que não haveria, de fato, nada a temer.

— Como me achou? — empurrei-a levemente para que se afastasse de mim, e fitei-a, ainda segurando seus ombros magros.

— Eu não sei. Não parava de pensar em você, e quando deitei-me para dormir, vim parar aqui. — falou olhando confusa para os lados. — Eu tive tanto medo. Pensei que tinha mesmo morrido!

— Agora vê que não — digo secamente, muito desconfiada.

Ela volta a abraçar-me, dessa vez com mais força, emoção e vontade.

— Foi Toyo, não foi? Foi ele quem fez isso com você?

— Isto não importa mais. O importante é que sobrevivi, e estou bem, tentando arrumar minha vida.

— Eu nunca te esqueci — disse, retendo suas pequenas mãos em cada lado do meu rosto, e fixando-me profundamente nos olhos.

— Eu também não — colo minha testa a sua, roço nossos narizes.

— Você desistiu de mim? Diga? — pede, agora puxando meu cabelo dolorosamente.

— Eu não quebro promessas, Mika — aviso firme.

Ela abre um sorriso aliviado, que se torna o suficiente pra que eu não resista mais em experimentar seus lábios, deixando que meu coração fale mais alto.

Nossas bocas encostam-se devagar, e trocamos alguns selinhos.

— Eu te amo, Elle — confessa com a boca grudada na minha orelha, o que me causa um arrepio de satisfação. — Nunca esqueça-se disso. E, agora que Mitsuo concedeu-me a liberdade, nada nos impedirá de ficarmos juntas!

— Ele fez mesmo isto? — interrogo incrédula com os olhos esbugalhados.

— Sim! — afirma com euforia e um brilho sobrenatural no olhar.

— Isso é maravilhoso, Mika.

— Volte pra mim, Elle. Estarei esperando-a eternamente...

Não consigo segurá-la mais em meus braços, uma força incontrolável a puxa para longe de mim, tento alcançar suas mãos, mas ela desaparece por uma neblina.

Sexo, Ringue e Paixão em Tóquio Onde histórias criam vida. Descubra agora