Capítulo 3

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Alis.

   O plano era simples, e tudo está indo como devia.
   A meia calça irrita minha pele, e eu já estou achando que quem me vê acha que eu sou maluca, vestida como uma gótica satanista em uma arquibancada, olhando atentamente para o grupo misto de jogadores mirins correndo pelo gramado.
   No certo alguém que sequestraria um deles e o usaria como carne para um ensopado. Qual é, hoje em dia todos sabem qie a bruxaria nao tem nada haver com isso.
   Lily ficou no banco após uma suspensão dada pelo treinador, e assiste os colegas jogando enquanto aguarda o sinal de liberação.
   Ela olha para mim e sorri, balançando a cabeça para os lados. Nem mesmo eu estou acreditando que vamos fazer isso, mas ja estamos aqui e tudo esta armado.
   O treinador apita indicando o fim do treino. Os meninos e meninas se juntam ao redor dele para uma breve reunião. Lily apenas acena, concordando com o que quer que o treinador estava dizendo.
   O grupo de desfez e cada um seguiu por um caminho.
   Me levantei da arquibancada e segui meu caminho até David, que estava caminhando em direção aos bebedores da quadra da escola.

— Ei muleque — Falei firme e ele tomou um susto, me olhando como se eu tivesse saído de um filme de terror —, eu fiquei sabendo que você maltratou uma amiga minha ontem, é verdade?

— Q-quem? — Ele parece prestes a correr.

— Lily Shay, conhece? Ela me contratou para um trabalho — Se ele me reconhecesse o plano iria por água a baixo.

— Um trabalho? O que aquela esquisita mandou você fazer?

   Esquisita? Ok, se controla Alis, você não pode socar o garoto. Mesmo que ele mereça.

— Ela é uma amiga, e sabe? Eu odeio que maltratem os meus amigos — Dei um passo para frente e ele recuou dois. Puxei o menino pela camisa de time e colei o adesivo, cujo tinham um símbolo desenhado por Cindy, na testa do garoto. — Eu prendo o espírito de Charlotte a você, David Lottun, ela vai segui-lo pelo resto...da...sua...vida — Falei pausadamente aproximando o meu rosto do garoto. Ele se soltou e se afastou. O rosto espantado e cheio de medo. Ele arrancou o adesivo da própria testa e o jogou no chão.

— Sua pertubada! Eu vou falar tudo para o treinador!

   Ele correu, e por um minuto achei que ele sairia da área de serviço, e então ele entrou no banheiro. A mochila dos meninos fica lá e ele teria que pega-la se quisesse ir para casa.
   Agora, ele é todo de Cindy.

      Lily se juntou a mim no gramado, onde esperamos pacientemente pela reação dos dos meninos.

— Será que ele vai cair?

— Você viu Cindy? Um homem adulto mijaria nas calças se vê-la do jeito que está.

   O sol estava se pondo deixando tudo em um tom alaranjado. A brisa é morna e parece beijar meu rosto.
    Um grupo de três meninos saiu berrando do bloco dos banheiros. Todos apavorados e chamando por suas mães. David tropeçou nos próprios pés e caiu no chão. Reprimi uma risada, e apenas me aproximei dele.
    O menino se levantou e me encarou, segundos depois ele notou a presença de Lily ao meu lado.

— Pobre David, não tem como fugir — Cantarolei. —, se continuar mechendo com Lily, se continuar implicando com ela...

— Eu não vou, eu faço qualquer coisa — O coitado está tremendo —, p-por favor.

— Vou tirar a maldição de você, mas se eu souber que você voltou a importuna-la...

— Eu já disse que não vou — A voz dele ficou ridiculamente fina —, por favor.

— Ok, mas antes, peça desculpas — ele abriu a boca nas eu ergui a mão e ele se calou — , desculpas sinceras.

— Desculpe Lily, eu não vou voltar a mexer com você — Para mim estava bom, o garoto está em pânico, não iria mentir.

   Encenei, balançando as mãos ao redor dele e sussurrei baixinho "David é um otario", o que fazia parecer uma oração. 

— Pronto, agora vaza daqui antes que eu mude de ideia!

   Ele correu e gritou, literalmente, pela mãe. Ah, são só crianças. Lily caiu na gargalhada, o corpo se sacolejando confirme ela ria.

— Vem, vamos ver o estrago que Cindy fez.

    A loira, cujos os cabelos estão pintados com tinta em spray lara ficarem pretos, está rindo sob uma poça de sangue falso, sujando o vestido antigo que conseguimos em um brechó.

— Isso foi incrível! — Ela gritou, está arfando. — Podemos fazer de novo?

— Acho que não, vamos ter que limpar essa bagunça. — Fechei a torneira que ainda escorria em uma água colorida com corante vermelho. Tinha feito uma pequena inundação, mas nada que um pano e um rodo nao resolva. — Vamos, ainda temos a pagar o zelador.

— Vocês deviam ter visto a cara deles! Foi incrível! Eu mando o vídeo para você depois — ela falou diretamente a Lily.

— Pode mandar, eu vou guardar como troféu.

   Elas dançaram sob a possa sangrenta, e riram como duas crianças, pelo menos uma delas é.
   Mas o banheiro não se limparia sozinho e isso era parte do acordo que fizemos com o zelador.
   Pelo menos, valeu a pena.

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