Capítulo 34

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Alis

   Lily não sorriu, não me abraçou ou sequer desejou boa noite. Eu não esperava que ela fosse ser gentil, mas também não imaginei que eu receberia palavras de gelo.
   Sentamos a mesa de jantar e estar aqui, nesse lugar, nessa mesa e com todas essas pessoas que eu amo, me traz boas lembranças.
— Germa, eu senti tanta falta da sua comida. Eu vivia de macarrão instantâneo e comidas rápidas na faculdade. — Falo, tentando quebrar o gelo.
   Logan se fechou em seu mundinho e apenas brinca com a comida. Lily está comendo, mas está nítido de que ela não queria estar aqui. Germa, no entanto, é a única que ainda está aberta para falar comigo.
— Isso explica essa magreza, não é? Pelos céus, Alis! Você sabe que tem que...
— Aí chega, eu não preciso ouvir isso. — Diz Lily, o rosto envolto em uma careta.
   Engulo as palavras em minha garganta e Germa se fecha. Lá se vai a minha chance de sair bem desse jantar.
   Respiro fundo. Não vai adiantar de nada me rebaixar a ela. Lily tem quase dezessete anos, está grandinho o suficiente para ser repreendida ou enfrentada. Eu a amo, mas não é assim que se trata quem nós quer bem.
— Lily, você quer ir embora?
   Ela estreita os olhos.
— Você quer? — reforço as minhas palavras. Ela não diz nada e nem se move. — Se vai ficar tolere a conversa, agora Germa não precisa ser atacada quando sua raiva é em minha direção.
— Raiva? Ora, você me subestima.
— Então o que? Lilian? Você me odeia? O que foi que eu fiz para você?!
    Germa se encolhe, e Logan olha para nós duas. Eu o entendo, é a filha e a namorada, ele não vai se meter e tudo bem, o meu assunto agora é com Lily.
— Transar com o meu pai não é o suficiente?!
— Eu amo o seu pai, Lily. Não e só sexo, não e só um momento.
— Ah, por favor. — Ela zomba. — Ele é velho, está acabado e é tão deprimente as vezes que me dá nos nervos. O que você quer dele? Dinheiro?
   Ok, agora ela passou dos limites.
— Estou tão decepcionada com você.
   Minhas palavras ecoam e Lily pisca.
— Você era tão amável, tão preciosa para mim. Era minha irmãzinha, minha Lily. — O nó se forma em minha garganta e as lágrimas escorrem em reflexo. — Mas agora, quem eu vejo é alguém totalmente desconhecida. Você nunca teria se referido ao seu pai como o fez, o chame de acabado, de deprimente. Você nunca teria agido assim, não a Lily. Minha Lily se importava com as pessoas que amava, e ela nunca machucaria o próprio pai. Eu nem sei mais quem você é. Eu só sei que não é a minha menina.
   Lily pode não ter percebido, mas uma lágrima solitária escorreu por sua face ao mesmo tempo que seus olhos se surpreenderam com as minhas palavras. Ela pode não aceitar, pode enfiar esse sentimento dentro de uma gaveta e esquecê-lo lá, mas ela se importa, mesmo que bem lá no fundo.
— O que você quer?! Acha que tem o direito de vir aqui e jogar essas merdas em mim?!
— Eu tenho sim e eu vou, enquanto você achar que tem direito de machucar seu pai e Germa, eu vou jogar toda essas verdades em você até que entenda o quão errado está soando!
   Ela se levanta, o rosto esta machado de vermelho e lagrimas.
— Eu odeio você, odeio!
   Então ela corre para fora da cozinha deixando um eco de seus pés contra o chão para trás. Em algum lugar da casa, uma porta de fecha com força.
   Germa solta um longo suspiro.
— Pelo menos ela não pegou a faca dessa vez.
   Eu não consigo segurar, é mais forte que eu. As lágrimas jorram com força e eu estou soluçando. Ela está perdida, eu sinto isso, Lily está perdida. Algo aconteceu, não tem outra explicação, algo aconteceu e a desestabilizou, e agora ela não sabe mais como voltar.
   Me agarro a Logan,que veio me consolar, e as minhas esperanças.
   Não vou voltar a fugir, não vou mais abrir mais da minha família. Eles precisam de mim e é aqui que eu vou ficar.

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