Me Escolha

Capítulo 46

Alis

   Meu TCC está um projeto digno de ser publicado. Eu trabalhei nele durante muito tempo, já que sempre tive em mente o que eu queria abordar nele.
   Eu sempre fui uma boa aluna, mas na faculdade isso se intensificou pois eu não queria ir nas festas ou nos happy hour, então eu focava nos estudos para ocupar meu tempo e minha mente.
    Estou terminando uma etapa da minha vida e dando início a outra, e a ansiedade e o nervosismo é comum, mas eu sei que dessa vez tudo será melhor do que já fora.
    Logan foi para o tribunal bem cedo, algo sobre um pro bono de emergência o tirou da cama em um pulo. Eu queria ter ido mas ele disse que não seria teria nada educativo, pois seria um processo rápido de ser resolvido.
   Duas batidas na porta me faz girar na cadeira e me virar na direção da porta. É Lily, vestida com uma calça moletom e um cropped justo.
— Posso entrar?
— Claro.
   Ela o faz , vai até a cama e se senta. Eu me viro para ela, encolho as pernas e fico com as coxas contra o tórax.
— Precisa de algo?
— Não, eu só queria falar com você.
— Sou todas ouvidos, Lily.
   E então ela me conta toda sua história com Thomas, como o conheceu, como se apaixonou, como a rejeição a deixou maluca. Me contou tudo relacionado a ele, até medo suas varias tentativas de leva-la para cama.
   Aquele menino é imundo, vai ficar bem melhor na cadeia. Felizmente o julgamento dele é em menos de um mês e o próprio Afonso está responsável pelo caso.
— Aí querida, eu sinto muito. Eu queria que na época você tivesse falado comigo sobre isso ao invés de guardar para si.
— Eu fui muito boba de ter feito isso, eu estava constrangida, sabe? Era tudo muito novo para mim.
— Eu entendo. Fico feliz que tenha me contando sobre isso, é muito importante para mim.
   Lily puxa o lábio interior com os dentes e então suspira alto. Ela desvia o olhar do meu e encara o chão.
— Eu quero pedir desculpas, também. Eu fui muito ruim com você. Falei o que não devia e já digo que era tudo mentira. Eu não sabia mais em quem confiar e isso me desestabilizou. — Acho que desaprendi como se respira. É como estar sonhando. Espera, isso e um sonho? Me belisco no braço para ter certeza. Não, não é um sonho. — Eu não odeio você, Alis. Na verdade eu senti a sua falta nesses últimos anos.
   Me levanto da cadeira e vou até ela. Não perco tempo em abraçar a minha irmãzinha. As lágrimas e o choro foi inevitável, e eu nunca me senti tão realizada. O homem que eu amo está ao meu lado e finalmente podemos estar juntos e agora Lily está aqui, se redimindo. É um sonho, mesmo que eu esteja acordado.
— Eu também senti a sua. Não sabe o quanto estou feliz agora.
— Eu também. Nunca mais vai embora, tá?
— Só se você me prometer que sempre vai falar comigo, que vai me contar o que está passando com você não importa o que aconteça. — Me separo dela. Lily está sorrindo e chorando, assim como eu.
— Eu prometo.
— Aí, que bom que fizemos as pazes, eu já não aguentava mais! Eu achei que eu sairia correndo arrancando os cabelos!
   Ela ri do meu exagero e eu também. Meu humor melhorou dez vezes mais nesses últimos cinco minutos.
— Acho que você mais daria um passo para longe, meu pai está determinado a te fazer ficar.
— Está mesmo, ele está ainda mais em meu pé ultimamente. — Mordisco o lábio, nervosa com a dúvida que se formou em minha mente. — Você esta bem com isso? Seu pai e eu? Não vais ser estranho eu ser a sua madrasta também?
— Olha, desde que eu tenha minha família comigo e todos estejam felizes, eu não me importo.
   Eu prefiro que ela não me chame assim. Nos contos de fada nenhuma madrasta é boazinha.
— Obrigada, Lily. Você fez o meu dia.
   Abraço ela novamente, estava com saudades dela, das suas implicâncias e das nossas linhas conversas.
   Cindy estava certa, era só questão de tempo até que tudo se resolvesse. Olha só, Cindy está correta mais uma vez, acho que o mundo está virando dos pés a cabeça, mas eu não me importo, não quando eu estou extasiada e feliz.
   Não tem como melhorar.