Me Escolha

Capítulo 20

Alis

   O plano é simples, vamos conversar com Lily sobre o comportamento dela. Tentar agir calmamente é indispensável. Até mesmo Germa foi escalada para a conversa, mesmo que ela prefira estar fora de situações familiares.
   Logan até tomou o dia de folga para ficar com ela se precisar, e eu já preparei um inventário de lenços e chocolate caso entremos em um acesso de choro. Eu preciso que tudo fique bem. Eles são tudo o que eu tenho. Eles são a minha família. O homem que eu amo e a minha irmãzinha. Mesmo que isso seja estranho para quem ver de fora, essa é a minha realidade e a minha felicidade.
   Lily surge na cozinha, mas diferente do de costume ela se senta do outro lado da mesa, de frente para mim. Algo em seus olhos me diz que ela não dormiu essa noite, estão um pouco inchados e me preocupa que ela tenha andado chorando.
— Bom dia querida. — Diz Logan.
— Bom dia. — A voz dela é um fio de existência.
— Dormiu bem?
— Parece que eu dormi bem? — Ela olha para ele, os olhos imersos em raiva.  — Desculpe.
— Nos queiramos falar com você. Estamos te notando um pouco arredia nós últimos dias, estamos preocupados filha. Quer nos contar o que está acontecendo?
— O que está acontecendo? Comigo? Eu estou arredia? Eu estou bem, ou pelo menos estava. Você não tem o direito de me dizer que estou arredia, vocês não sabem de nada! — Ela esbraveja.
— Lily, nos so estamos...
— Está o quê, Alis? Quem você pensa que é para interferir na minha vida?!
— Lílian, pare com isso.
— Parar? Vai defender ela? Ah, já entendi, ela é a sua puta, não é? Eu vi vocês ontem, não consegui acreditar nessa nojeira.
   Perco o fôlego, perco a vida e desmorono. Puta. Onde ela ouviu essa palavra? Onde ela aprendeu a se comportar assim? Ela me chamou de puta. Ela acha que eu sou isso? Que sou alguém fácil? Alguém que se come e descarta? Ela pensa isso de mim.
   Ela está com raiva. Ela está com raiva. Ela está com raiva. Não leve para o pessoal. Ela é a Lily, sua irmãzinha.
— Lílian Shay! Onde aprendeu a ofender os outros assim?! Ela é sua irmã!
— Meu pai estava trepando com a minha irmã, acho que isso é um tipo de crime, não é?! Você é o advogado aqui, o que me diz!?
— Deixe nos explicar, não é o que você pensa. — Tento dizer, mas o olhar que Lily me lança é mortal.
— Você é uma traidorazinha. Minha mãe confiou em você, e olha o que você fez! Você pensou em mim por acaso? Quando se deitou com meu pai?
— Lily!
— Minha nossa senhora das dores... — Germa está orando no canto da cozinha.
— Eu amo seu pai, e amo você. São a minha família...
— Família?! Você não é família, Alis. Nem sua mãe te quis...
— CHEGA!
   O mundo parou com o som das palmas de Logan se chocando com a mesa. Os copos e os talheres tremeram com o impacto. Lily continua a me encarar e eu tento encontrar a menina que um dia foi o motivo da minha felicidade. Tudo o que vejo e ódio fervilhante.
— Eu odeio você, Alis. Espero que apodreça. — Ela se levanta, um furacão vermelho correndo para fora da cozinha.
    Eu me quebro em milhões de pedaços. As lágrimas, a dor, os engasgos parecem querer me matar. Meus peito está prestes a explodir. Tão errado. Tudo deu tão errado. O que fizemos de tão ruim? Nós apaixonamos. Eu sou de maior. Não sou filha dele e nunca o vi como um pai. Eu não cresci com ele. Não é como se fosse imundo e nojento. Isso não nos faz merecer tanto ódio.
    No entanto, é só o que recebemos.

Nota da autora:

Posso sair correndo?

XOXO,
Ani Melo.