Capítulo 44

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Alis

  Cindy se afoga em uma taça de sunday. Não faz trinta minutos que eu fui buscá-la na clínica e a primeira coisa que ela disse foi "me de sorvete".
   É tão bom vê-la longe daquele ambiente sem vida e estéril. É tão bom ver ela feliz.
— Menina, isso aqui está uma delícia!
— Estou vendo. E aí? Quer fazer o que depois daqui?
— O que podemos fazer?
— O que quiser. — Eu disponibilizei meu dia inteiro para fazê-la companhia, então temos tempo para curtir.
   Cindy me olha como se esperasse um "É brincadeira, eu tenho que trabalhar". Sorrio para ela. Eu passei muito tempo longe dessa maluca para perder tempo com trabalho.
   Hoje eu sou toda dela, mesmo que Logan não goste da ideia de eu dormir fora de casa. Ele e aquele pau ciumento precisam aprender que eles não são a algema. Eu adoro sexo, amo sexo com Logan, mas eu não sou só dele.

    Fomos ao shopping, onde Cindy comprou uma blusa longa de uma banda de rock de tecido preto. Ela disse que poderia largar velhos hábitos mas que o estilo dela sempre seria aquele.
    Comemos fast food e até tiramos fotos nas máquinas do shopping. Enquanto passeavamos eu só conseguia pensar que eu tinha dezoito de novo. A nostalgia de estar com a minha melhor amiga foi épica. Depois de tanta tensão por causa da foto, por causa de Nicolas, e por Lily que eu não percebi que eu precisava de sim momento assim. Um momento para escapar da realidade.
    Não me entenda mal, eu amo Logan, amo demais. Mas eu tenho me sentido uma pedra no sapato dele nos últimos dias. Ele tem sido incrível, sempre se preocupando, sempre me ligando e me perguntando como estou, me mandando presentes e mensagens sacanas,e eu sinto que não faço o suficiente para receber isso.
    Amor tem que ser uma via de mão dupla e até que eu encontre uma forma de retribuir tudo o que ele me dá eu não vou deixar de me sentir assim.

    Cindy se joga em meu sofá, que agora é dela e põe os pés na mesinha de centro. Eu agradeço por ela ter comprado todos os móveis, eu sou chata quando se trata das minhas coisas e vê-la pondo os all stars sujos em minha mesinha me dá palpitações.
— Lar doce lar. — Ela cantarola. — Obriga por hoje, Alis. Você é a melhor!
— Eu sei. — Como esperado, ela leva na brincadeira e sorri para mim.
— Logan não vão se importar de eu te roubar essa noite?
— Ele vai, mas vai ser bom essa noite separados. — Me sento na poltrona cor de caramelo que comprei em um bazar a dois anos. Ela é linda e eu não dou uma semana para estar suja com algum tipo de molho.
— Problemas no paraíso?
— Não, eu sou o problema. Desde que eu cheguei eu sinto que estou atrapalhando ele, só no trabalho que eu nãoe sinto assim, eu não sei, acho que é paranóia da minha cabeça.
— Nisso você está certa, é só paranóia. Alis o homem foi até o reitor e o fez mudar de idéia!
— Eu sei mais...
— Ele decidiu ficar com você. Ele te assumiu. Todos vem o relacionamento de vocês dois como o tutor pervertido que comeu a protegida e a protegida vadia que abriu as pernas. Tem noção de que ele deixou tudo isso de lado para ficar com você?
— Exatamente, Cindy. Ele fez tanto por mim...
   As lágrimas escorrem e o nó que se forma em minha garganta é como um sapo que luta para se libertar. Vou sufocar.
— Por que ele ama você, gatinha.
— Eu sei, eu sei. É só que...todos que me amaram, minha mãe, Rafaela, elas se foram. Elas me amaram e me deixaram. Eu não vou aguentar perde-lo de novo.
   Cindy se ajoelha no chão, diante de mim. Ela segura minhas mãos e seu rosto está imerso em empatia.
— Você não vai perde-lo. Rafaela estava doente muito antes de adotar você. E sua mãe, você não merecia aquilo. Ela te amaram e isso não coloca a culpa do que aconteceu a elas em você. Logan te ama e aquele cara é cabeça dura o suficiente para persistir.
— Aí, Cindy. Por que eu sou assim?
— Sou os traumas, eles fodem com a gente.
   Sorrio para ela, as lágrimas ainda escorrem em cascata.
— Quando você virou a madura aqui?
— Anos de terapia intensiva faz isso com a gente.
   Abraço a minha amiga, a minha doida e incrível amiga. Cindy é família, menso que nosso sangue não seja o mesmo, ela sempre foi uma irmã.
— Obrigada, maluca.

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