10

6.8K 465 12
                                    

Logan

   Alis não desceu para o jantar e eu pedi que Germa levasse a refeição para o quarto dela. Mas ela não tocou na comida, embora Germa tenha dito que insistiu.
   Lily estava roendo as unhas, coisa que faz quando está nervosa, e depois de desistido de bater na porta de Alis, ela me deu boa noite e foi para a cama.
   Mas a minha cabeça está atordoada. Eu não consigo deixar de ver Alis com o rosto vermelho e sangue escorrendo do braço ou de tentar imaginar o que ela deve estar sentindo.
   Quando vi estava batendo na porta do quarto dela. O que eu estou fazendo aqui? No que eu poderia ajudar? De certa forma isso é culpa minha.

— Abre a porta, Alis — Falei baixinho, torcendo para que ela me ouvisse. —, você não vai poder ficar aí para sempre.

   Um minuto depois o barulho do trinco soou e eu girei a maçaneta antes que ela mudasse de idéia. A porta revelou Alis, os olhos vermelhos assim como a face. Ela se virou, e voltou para a cama de lençóis brancos e rosa.
   Encarei o portal. Eu nunca entrei nesse quarto, e até agora a decoração dele era um mistério. Paredes brancas, estantes e prateleiras cheias de livros. Um urso de pelúcia que fora Lily quem a presenteou sob a cômoda, um espelho enorme em frente a cama. E o cheiro...lavanda e morango.
   Atravesso, fechando a porta atrás de mim sem fazer barulho. Encaro a trança da maçaneta e me pergunto se devo ou não fecha-la. Não pretendo fazer nada agora, mas também não quero que seja estranho Germa ou Lily abrirem a porta e me pegar aqui.
   Giro o trinco. É melhor assim.
   Alis está com a testa levemente franzida e os olhos na porta. Ela está incomodada com o fato de eu ter trancado a porta?

— Prefere que eu deixe aberto? Lily pode entrar aqui e...

— Tudo bem, não é isso — Ela balançou a cabeça levemente e mordeu o canto do lábios.Me aproximo da cama, ficando em pé são lado dela. —, eu sinto muito, por você, por ter atacado sua...sua namorada, e por ter desrespeitado seu lar brigando com ela aqui, mas, eu não vou me desculpar com ela.

— Tudo bem — Me sento no colchão. Por que é tão duro? Me ajeito sobre ele e me certificou de que esse colchão é o mais desconfortável que eu já estivesse na vida. —, esse colchão é novo? Quem comprou?

   Ela virou o rosto para mim. Confusão está em cada traço do seu rosto. Ela olha para o colchão e então olha para mim, ainda com as sobrancelhas franzidas.

— O que veio fazer aqui, Logan?

   Os olhos, tão fixos e irredutíveis nos meus. Hoje estão tão tristes e mesmo assim, ainda assim, tão...

— Eu fui a causa da explosão de Charlotte — Respirei fundo, tentando não me recordar das palavras ofensivas dela. —, sinto muito que ela tenha despejado a raiva dela em você.

— Ela não é boa — Alis falou após um minuto em silêncio —, para ninguém. Eu nunca entendi o porquê de você ter ficado com ela.

   Mechas ddo cabelo de Alis cairam em frente ao rosto dela. Ela brinca com as mãos enquanto espera minha resposta, mexendo nas unhas e tratando isso como se fosse a coisa mais interessante no mundo. Será que...será que ela está nervosa comigo aqui?
   Eu sei que meu coração está saudável, já que está correndo como se estivesse em uma maratona.
  
— Eu me sentia... inválido, como marido depois da morte de Rafaela. Nós nãos estávamos bem nos últimos dias dela, e ela não foi... — Eu não preciso manchar a visão de Alis sobre a mãe adotiva com meus problemas —, enfim, acho que Charlotte era o que eu poderia ter. Alguém que não ama.

— Você acha que ninguém ama você? — Virei o rosto para distante dela. Encarei a janela do outro lado da cama. Daqui consigo ver o poste de luz do outro lado da rua. — Lily ama você, ela é sua filha.

— E prefere você.

— Porque eu sou como uma irmã mais velha que apronta com ela, você é o pai, o que tem que pôr regras, o que tem que manter ela na linha. Você é o pai dela e ela te ama. — Existante do que eu poderia sentir, viro lentamente o rosto para ele. Os olhos castanhos estão vivos em mim.

— Você não é uma má pessoa, Logan, não é por que as coisas entre você e Rafaela ficaram ruins que você não mereça amor.

   Sorri, ao menos tentei, para ignorar o peso que saiu das minhas costas.
   Quem diria que Alis Shay séria uma conselheira e confidente? Ou que um dia eu a teria em meus braços? Ou que eu desejaria tomar a boca dela aqui e agora, e afundar o corpo dela contra o meu nesse colchão duro?

— E você também, não é porque sua mãe escolheu as drogas que isso te inválida. — O corpo dela foi para trás, como o de um gato se arisca quando vê perigo. — Acha que eu não iria perceber? Depois do que aconteceu com a gente?

— Você não sabe de nada.

— Não? Você afasta as pessoas porque acha que elas não podem te amar. Rafaela sempre comentava que você teria dificuldades em se relacionar por causa disso. — Os olhos dela ficam vermelhos a cada palavra. — Desculpa — Merda, o que eu fiz? —, eu só estava tentando dizer que sua mãe fez as escolhas dela, mesmo sendo ruins, mas isso não significa que você não pode ser amada.

— Minha mãe, a mulher que me deu a vida me amou, ela me amou Logan e morreu. Rafaela me amou e morreu. Você não entende? Todos morrem, todos me deixam e eu não ligo se ficarei sozinha pelo resto da vida. — As lágrimas deixaram o rosto dela úmido, a face dela ficou vermelha. Eu não sei dizer se é tristeza ou raiva, ou se os dois. Mas Alis está na minha frente com o a alma exposta. Seria lindo, se não fosse tão triste e terrível o fato dela se sentir assim.

   Somos parecidos, ela e eu, ambos temos medo da mesma coisa e do mesmo fim. Somos cúmplices, unidos pela mesma dor da solidão.
   Subi na cama, ficando de joelhos contra o colchão, e me aproximo dela. Envolvo ela, que está relutante com a aproximação, em meus braços e a seguro pelo tempo necessário para que ambos se recomponham.
   O rosto dela afundado contra o meu peito. As mãos pequenas e finas em minhas costas.
   Acho que estou perdendo, de alguma forma, minha cabeça. Alis desperta um lado meu que ninguém nunca acessou. Mas, o que isso significa?

— Alis? 

— Sim? — Ela falou baixinho.

— Posso dormir aqui?

   Ela mexeu a cabeça, ainda tocando em meu peito, o nariz dela roçou e eu posso jurar que ela está me cheirando. Isso seria estranho se não fosse tão agradável.

— Pode, mas sem mão boba.

   Sorri, e por mais que eu não quisesse parecer sujo, a ideia de ter o corpo de Alis tão próximo me deixa com segundas intenções.
   Ela puxou o edredom e juntos entramos em baixo das cobertas. Alis ficou distante, quase na beirada da cama. O quê? Ela acha que eu sou um devorador de mocinhas?
   A puxei pela cintura até o meio da cama. Uma gargalhada soou dos lábios dela. Surpresa e divertida.

— Virei sua amante, Sr. Shay? — Eka exibiu um olhar puramente felino.

— Amante? Não soube? — Ela fez que não. — Estou solteiro.

— Ah, por isso o surto.

— Sim. — Passei minha mão descaradamente na cintura dela. Alis mordeu o canto dos lábios.

— Você não fica longe, não é? — Ela se aproximou, surpreendentemente, para meu aperto. Alis se aninhou em meus braços, o corpo quente aquecendo o meu. O cheiro de mel é suave em seu cabelo.

— Eu não consigo evitar.

Nota da autora:
Oi gente, tudo bem?
Eu sei que estou demorando para postar, mas é a falta de tempo devido a trabalho e estudo. Eu não larguei a história, não se preocupem.
Vou postar 2 capítulos por semana a partir de agora.

XOXO,
Ani Melo.

Me EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora