Capítulo 15

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Alis

    Eu não sei o que fazer.
    Eu achei que eu fosse ficar feliz, achei que eu pularia de alegria e teria um sorriso de orelha a orelha no rosto. Eu sonhei com isso, com esse dia.
    Eu vou me formar.
    Eu passei de ano como a melhor da classe e fui indicada como oradora da turma.
    Mas eu não estou feliz, não por completo. Eu pensei, surgiu tão naturalmente que me pegou de surpresa, em ligar para Logan e berrar ao telefone toda a minha alegria. Mas eu não podia. Eu não posso. Não quando tudo está tão incerto em minha cabeça.
    Caminhando pelo corredor em direção a saída, Cindy tagarela sobre ter ficado com diarréia após usar uma erva estragada no final de semana. Eu, infelizmente, estou em outro lugar.
— Eu ainda acho que você vai ser presidente um dia...
   Eu tenho quase certeza que Cindy está chapada. Ela não parou de falar como os cientistas vão trazer os dinossauros de volta e em como eu daria uma excelente presidente do país. Mas, cheguei essa conclusão quando ela disse "Por que o professor tá usando saia?" e seus olhos estão mais vermelhos do que o normal.
   Ela está, com toda a certeza, chapada.
   Não que seja ruim, só que também não é bom. Eu não gosto de pensar que Cindy consume cada vez mais drogas. Eu odeio que isso me faça lembrar de minha mãe, caída no carpete do nosso apartamento, com uma seringa grudada no braço. Eu simplesmente não consigo absorver nada, nem mesmo o meu dia, quando Cindy está cheirando a erva. Eu não quero que o que aconteceu com a minha mãe aconteça com ela também.
— O que o Logan está fazendo aqui?
   Sou trazida de volta a Terra com a força de um foguete da NASA. Olho para frente, para o lugar em que ele costuma estacionar. Minha atenção foi toda para ele, e por mais que eu tenha deixado as coisas estranhas e suspensas, eu queria muito que ele estivesse aqui, para que eu contasse minha nova conquista.
— Lily foi para o futebol, ele não deveria ter vido.
   Parado como um badboy ao lado do SUV prata, Logan está olhando diretamente para mim e o olhar...minha nossa. "De matar."
   No entanto, o que ele veio fazer aqui?
— É a minha carona, — Minto, o que é uma hipocrisia ja que eu tenho aversão a mentiras —, eu preciso ir ao dentista por causa do meu ciso e ele vai me levar. — Uma desculpa esfarrapada, mas é tudo o que eu consigo pensar agora.
— Ah, que droga amiga. Eu passo mais tarde lá, com umas balas de Cannabis o que acha?
— Ah, não obrigada. Eu vou ficar com os analgésicos convencionais mesmo. — Lhe lanço um sorriso fraco. — Eu te ligo mais tarde!
    Cindy segue o caminho em direção ao estacionamento para os alunos, onde o Audi R8 dela está estacionado. Todos sabem que o carro vermelho com a placa "BITCH 07" é dela. Cindy sabe como deixar sua marca registrada.
    Logan me acompanha com o olhar, a cada passo, a cada respiração. Ele nota tudo. Como se eu fosse uma presa, a corça indo em direção ao pedador. É exatamente assim como eu me sinto, mas algo nunca foi tão excitante.
— O que faz aqui? — Pela glória, minha voz sai firme.
— Uma intervenção, ou um sequestro, depende da sua interpretação. — Ele deixa os olhos descerem até meus lábios. Sei que ele quer me beijar, já faz um tempo desde a última vez. Não é muito diferente do que eu quero agora, mas ainda não. Não quando eu preciso que ele entenda minha exigências.
— Hum. Sequestro é mais excitante, não acha?
— Eu concordo plenamente. — O tom de voz dele fica mais grava diante da sugestão.
   Dou a volta ao carro, antes que eu o agarre no meio da rua. O cheiro do perfume dele é tão bom, familiar e me desperta como uma fagulha em palha seca.
   Dentro do carro o espaço fica ridiculamente menor. A sensação é de que só exite ele, e o cheior de seu perfume, e cada movimento do seu corpo. Parece que meu cerebro se adptou para captar tudo isso. É desconcertante.
— Para onde está me levando? - pergunto, quebrando o silencio.
— É segredo.
— Segredo? Então é realmente um sequestro?
— Achou que eu tava blefando?
— Sim. — Ele ri. — Hum, então, sequestrador, por que está fazendo isso?
— Por que eu sou um cara muito mau. — É a minha vez de rir. — Não gostei nenhum pouco de "não sou uma transa para quando se necessita". Você não me deixou falar, não me deixou corrigí-la.
— É assim que eu sinto.
   O vejo estreitar os olhos. O rosto permanece calmo, mas ele fracassa quando chega ao seus olhos. Incompreensão.
— Você tem uma ideia tão ruim assim de mim? — Ele se esforça para manter o tom de voz controlado.
   Olho para ele. De novo e de novo. Tento me lembrar de todas as coisas que aconteceram entre nós. Sexo sexo sexo, muito sexo. Sexo na cama, no sofá, no quarto dele, no chão e em seu escritório. É tudo o que eu consigo lembrar.
— Nunca conversamos, Logan. Nunca colocamos os pingos nos i's.
— Então coloque, me fale o que está pensando.
   Suspiro longo e profundamente, querendo me lembrar de puxar oxigênio para os pulmões. Me sinto nervosa, tensa. Eu sei exatamente o que eu quero, mas como vamos fazer isso? Devo me deixar ser colocada nas sombras? Devo ser um encontro casal pelo resto da vida? Não é isso o que quero para mim, não esse tipo de relacionamento.
— Eu estou... — Engulo em seco. Minha visão se torna um borrão. Estou tão ansiosa. Coragem, Alis. — Eu estou apaixonada por você, Logan e não espero que me retribua. Eu só, só não consigo ficar assim, sendo uma sombra, vivendo na escuridão quando se trata de você. Então, — Encaro o parabrisa, vendo a cidade em minha frente passando como um borrão. As pessoas lá fora não sabem o que acontece aqui, e ninguém além de mim consegue ouvir os tambores do meu coração. — se não quer nada comigo, eu preciso que você me deixe, porque se eu tiver que o fazer, não serei capaz de ir embora.
   Escuto meu coração batendo nos ouvidos enquanto espreme a minha caixa torcida. Minhas veias estão sendo bombardeadas com sangue extra, tornando a sensação de hipertensão sufocante.
   A mão dele desliza para a minha coxa, acariciando a minha pele. Meu corpo estremesse.
— Eu quero você, Alis Shay, quero que não seja uma sombra. Quero poder tê-la em minha cama, quero acordar com você, quero poder estar com você. Eu quero mesmo isso, Alis. Também me sinto assim, perdido. Eu não consigo comer, andar, ou fazer nada, estou trabalhando e você ainda está lá, em minha mente. Eu nunca senti isso. Nunca. Você tem noção disso? Tem noção que me fez acordar de um pesadelo? Ah, Alis. Você é como um doce sonho, e quando acordo de manhã só quero vê-la, agradecer. — Seguro a mão dele, porque se eu ceder a vontade que sobre por minha espinha, se eu atender as súplicas do meu coração, vamos acabar tendo um acidente de carro. — Nunca mais duvide de mim. Converse comigo, ok? Se estiver com problemas, se estiver angustiada, pode falar comigo meu amor.
   Meu corpo amolece e me coração derrete como manteiga. Isso é tão ruim e tão bom. Me sinto vulnerável e é aterrorizante, mas também é bom e reconfortante.
   Pela primeira vez eu sinto essa vontade inesperado de querer alguém para o resto da vida. Eu nunca me senti assim e só consigo pensar que se der errado, eu vou sair inegavelmente quebrada.

Nota da autora:

Eai? Demorou, mais saiu! Logo tem mais!
XOXO,
Ani Melo.
  
  

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