Capítulo 24

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Alis

   Encontrar um apartamento na capital foi uma missão quase impossível. Desde  pisos aos pedaços a tetos com o filtração, eu me vi em um filme de terror.
   Eu tenho duas opções: alugar o apartamento menos catastrófico, que tinha as infiltrações no teto e manchas verdes na parede ou alugar um apartamento em um condomínio fechado. Estou ferrada. Como que vou conseguir pagar um aluguel de dois mil por mês? Meu estágio é remunerado, mas não chega aos pés das minhas contas.
— Ah, o que eu faço? — Pergunto a mim mesma, olhando para a xícara de chá que comprei na lanchonete.
   Entre o risco do teto cair na minha cabeça e ter segurança e um lugar confortável ,a escolha é óbvia. Vou ter que garantir um bom mês de venda na loja para quitar esse aluguel.

                                   ~•~

— Eu vou ter que vender meu rim. — Digo a Cindy pelo telefone. Ela ri do outro lado.
— Não seja dramática.
— Cindy, eu tô falando sério. Eu acho que enlouqueci de vez. Como que vou pagar isso?
— Não se preocupe, eu te dou uma ajuda. Eu já te disse que vou sair em três meses, sempre desejamos morar juntas, nada mais justo que eu te ajude.
— Você só vai pagar sua parte quando vier para cá. Não se preocupe, eu vou dar um jeito. Mas, me diz, está ansiosa pela liberdade?
— Dois anos nessa merda, Alis, vai por mim,nunca mais eu toco em nada ilícito.
   Essa eu quero ver.
— Se você prometer eu vou cobrar.
— Pode cobrar, isso aqui é um inferno. — Ela suspira, provocando um chiado agudo. — E você, ansiosa para rever o seu amado tutor?
    Se eu estou ansiosa? Minhas unhas roídas são a prova de que estou perdendo o controle. Rever Logan, cara a cara, vai ser demais. Uma parte minha se alegra e fica cheia de expectativas, mas outra, que viu ele com aquela morena alta, que me repreende de ter esperado por ele. Caramba, eu o esperei! São cinco anos da minha vida me privando, me punindo, só para poder tê-lo. Isso é tão injusto.
— Muito. — Admito. — Aí Cindy, vai ser uma confusão. Eu ainda...você sabe.
— Eu sei. Você sabe que eu te apoio, não é? Seja o que for.
— Eu sei, e eu também, para você. Nem acredito que em três meses você vai estar aqui, vou fazer um estoque de Nutella e M&M's, são os seus favoritos, não é?
— Aí, não me diz isso Alis! Eu posso te processar por tortura, sabia?
— Quero ver você tentar.

     Cindy pode ter encontrado o fundo do poço, pode ter despencado de um penhasco, mas apesar de tudo ela nunca perdeu a sua verdadeira essência.
     Entre desembrulhar meus pertences e ouvir Halsey, eu passo o meu dia de domingo entre a vassoura e a rinite.

                                 ~•~

     Terça feira, primeiro dia de estágio. Eu não dormir, não consegui comer. Minha ansiedade parece que vai me matar dessa vez. Mãos tremem, pernas parecem gelatina e há um punho em meu estômago. Não consigo respirar.
     A secretária disse que nós teríamos que aguardar os advogados regentes. E sim, nós. Eu já sabia que Nicolas queria vir para este escritório, já que sempre deixou claro sua predileção a trabalhar com o melhor de Nova York. Ele está aqui agora, de terno e cabelo entupido de gel, não deixando transparecer seu nervosismo.
— Eu achei que você fosse para West Association. — Comenta ele baixinho. — Acho que me enganei. Você queria algo fácil.
— Algo fácil? — que petulante — Acha que eu tenho algum privilégio aqui?
— O dono é da sua família, não é? A protegida de Logan Shay. Eu pensei que você pensasse alto, que fosse uma visionária.
— Eu penso no que é melhor para mim, e você é a última pessoa que deveria se incomodar com a minha vida. — Dou o assunto por encerrado. Esse é o tipo de Nicolas. Ele sempre teve tudo aos seus pés e isso o deixou arrogante e prepotente. Um grande babaca.
   Para a minha sorte o elevador abre as suas portas e a secretária logo se levanta. Minha atenção vai para os sapatos sociais de couro preto, para os ternos e então...para os olhos azuis que atormentaram meus sonhos.

Nota da autora:

Obrigada por todo o carinho que vocês me dispõe. Sou muito grata por isso. Espero que estejam gostando.

XOXO,
Ani Melo.
                                      

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