Me Escolha

Capítulo 49

Sete anos depois
Lily

   Maya batuca com a caneta na mesa enquanto seu acesso nervoso não passa. Temos uma prova importante em meia hora e ela não estudou nada do conteúdo. E tal prova não é fácil o suficiente para que com o meu resumo oral obre um milagre.
   É disse o que Maya precisa, um milagre.
— Você ficar nervosa não vão adiantar de nada. Sabe que precisa manter a calma.
— Eu não sou você, Lily. Somos opostos, lembra? Eu saiu pra festas e bebo álcool até perder a consciência e você é a certinha que só estuda.
— Eu não só estudo. Eu fico com o Caio também.
— Ae, sexo e estudo e estudo e sexo. Você só pensa nisso.
— Claro, sexo com o meu noivo é maravilhoso. E é melhor ainda quando ele te ajuda a estudar pra prova após um senhor oral.
   Maya revira os olhos.
— Eis o benéfico de estar noiva do seu professor.
— Ah, ele não me beneficia, você sabe.
— Sei, eu nem sei como você aguenta que ele cobre tanto de você. Eu já tinha terminado se fosse comigo.
— Ele quer que eu seja a melhor, ele me incentiva. Eu adoro isso. Somos amigo, amantes e confidentes.
— Ah, que inveja. Eu vou reprovar nessa matéria.
— É só se lembrar do que eu te disse.
— Que as astes sempre são de madeira, e que o material mais usado nos Estados Unidos é a madeira e seus derivados.
— Exatamente.
    Meu celular vibra, e eu não preciso olhar para saber que é Alis.

"Eles está nervoso. Eu deveria me preocupar, certo?"
— Mama.

"Ele sempre fica assim quando vocês são advogados concorrentes. Eu disse que um dia isso iria acontecer."
— Lily.

"Eu sei, é claro que aconteceria. Mas o que posso fazer? "
— Mama.

"Quem você acha que vai ganhar, seja sincera?"
— Lily.

    Se meu pai ganhar de Alis não será tão ruim, ela sabe perder, e entende que contra fatos e argumentos uma teoria não se sustenta. Mas se ela ganhar....
    Na última vez que Alis ganhou de meu pai no tribunal, eles foram para o Caribe e só voltaram depois de uma semana. Alis estava com assaduras e a ginecologista lhe deu uma ordem de restrição a sexo por uma semana para que ela se recuperasse.
   
"Eu vou. É inevitável e ele sabe disso. O meu cliente é a vítima nessa história e eu tenho uma testemunha que coloca o cliente dele na hora e no lugar em que o incidente aconteceu. Você sabe que se ele perder vamos ter que viajar. Você vai ficar bem?"
— Mama.

"Você vai ficar bem? Papai não reage bem quando perde, você sabe. E ele afoga as mágoas em sexo e bem, você."
—Lily.

"Eu só tenho que me lembrar de usar muito lubrificante. Eu adoro as nossas escapadas pós tribunal. "
— Mama.

"Então, se divirta."
— Lily.

— É a sua mãe? Pergunta a ela se eu posso passar o Natal com vocês esse ano. Meus pais querem ir pro Nepal. — Maya suspira. Ela leva as mãos aos cabelos vermelhos com mexas roxas para fazer um rabo de cavalo.
— Ela te adora, Maya. Você é bem vinda, sabe disso.
— Eu sei. Mas e aí, tá tudo bem? Você ficou com uma cara.
— Acho que eles vão pra Coréia do Sul esse fim de semana. Sabe que sempre que eles ficam em lados opostos do tribunal eles acabam viajando.
— E você sempre fica com essa carinha de cachorro que o dono abandonou todas as vezes.
— Eu queria ir com eles, são a minha família. Mas, eu tenho que terminar a faculdade, tenho o meu casamento e tem o Caio. Eu não posso só largar tudo e ir com eles. Ah, Coréia do Sul! Eu sempre quis ir pra lá.
   Maya rir de mim e eu tenho que revirar os olhos. Seu exatamente o que vai sair da bica dela a seguir.
— Você é sempre autodidata. Independente. Faz o que quer e sempre é responsável. Todo mundo queria ser como você, sabia? É a nossa Gigi Hadid da arquitetura. Mas quando se trata dos seus pais você parece uma criança que se perdeu no shopping.
— É a minha família, eu sou apegada a eles e daí?
— E daí nada. Seus pais são Logan e Alis Shay, os melhores advogados do país. Tem noção de que você ganhou na loteria? Quem me dera ter pais famosos e ricos, eu não ia estar me matando nessa faculdade pra ser proletariada.
— Eu ganhei na loteria por eles serem a minha família. Mas Alis sempre deixou claro que eu seria o que eu quisesse ser. Eu amo futebol, vim pra cá com uma bolsa por causa do time e me encontrei no meu curso. Eles me apoiam em quem eu sou, isso é muito melhor do que fama e dinheiro.
— Argh. Eu odeio você, sabia?
   Sorriu para ela, porque sei que isso é mentira.
— Eu também te amo, chatinha.