Pov Dahyun
— Amanhã???— Pois é. – Jeongyeon contava para Jihyo sobre a reunião do buffet que ela tinha faltado. – É o jeito. Você vai?
— É o jeito. – Parafraseou, logo se sentando na minha cama. – O dormitório ficou lindo, 'tá a nossa cara.
— O mérito é meu, obrigada. – Disse enquanto dava pequenos tapas em meus próprios ombros.
Ficamos por mais alguns instantes conversando, depois eu me afastei, me sentei na cama e fique ali. Ouvia somente o barulho das minhas amigas conversando, afinal eu não estava prestando atenção.
Me senti estranha, sozinha e mesmo tendo com quem contar, o sentimento era de vazio. Tudo parecia, nesse momento, vir à tona. O porquê de eu ter voltado para Seul, o meu trabalho ser essencial e não só uma renda extra, a responsabilidade que carrego agora, tudo. Sinto que vou explodir a qualquer momento. Quanto mais penso pior fico. A tristeza pelos meus pais dependerem de mim toma conta do meu peito. Seguro o choro. É a vez da raiva. Não consigo não culpar aquela família por tudo que vem me acontecendo. Eu odeio tudo isso.
Escuto o barulho da porta batendo indicando que Jeongyeon tinha acabado de sair do nosso quarto. Sinto o lado da cama afundar e era Jihyo sentando ali.
— O que houve, Dubu?
— Quer em ordem cronológica ou alfabética? – Brinquei, mas ela não deu risada.
— Me diz. Você ficou quieta de repente, por quê?
— Estava pensando sobre a vida. Tudo aconteceu tão rápido. – Suspirei. - Meus pais serem demitidos, nossa mudança, a faculdade, a doença do meu pai, minha volta, enfim... Tudo isso. – A olhei com um sorriso fraco, apesar de não ser a expressão correta para o que eu estava sentindo, ela sempre me fazia sorrir assim. – Vou ficar bem.
— Uma hora a gente tem que desmoronar, sabia? – Colou a mão na minha perna fazendo um leve carinho ali. – Você não tem que ser forte o tempo todo. Já aguentou demais, tudo bem fraquejar.
Suas palavras foram como uma espécie de permissão para que eu chorasse e me sentisse bem ao sofrer. Assim o fiz. Doeu como nunca, mas me deixou leve como há tempos não me sentia.
— Esse lance dos seus pais vai se resolver, você vai ver. Não tenta acumular rancor, só te faz mal. E seu pai é jovem, ele conseguirá passar por isso. Além de tudo, estamos aqui para de apoiar sempre.
— Eu precisava ouvir isso. – Ela enxugava as lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos. – Obrigada.
— Você tem que sair. – Seu humor e expressão mudaram subitamente. – Pegar um vento, ver gente. As aulas começarão em poucos dias e amanhã você trabalha. – Tirou as mãos de mim, levantou e me entregou a chave de seu carro com um sorriso do rosto. – Toma. Eu vou dormir aqui hoje com a Jeong. Não volte para casa cedo.
— Não precisa, Hyo. Eu fico com vocês aqui.
— Cala a boca e vai logo. – Deu dois tapinhas nos meus ombros e saiu do dormitório.
[...]
Fiquei mais alguns instantes deitada ali. Ok. Jihyo me disse para sair e ver gente, será bom chamar Chaeyoung? Não, ela vai se pegar com a mina dela. Jeongyeon não vai poder também...
Depois da confusão de pensamentos, me levantei, sacudi as roupas que vestia e saí. Já sei quem vou chamar. Entrei no carro, coloquei a playlist no aleatório e "Sunshine" da Trapdoor Social começou, me animei e logo liguei o carro.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Velha Roupa Colorida | SaiDa
FanfictionDizem que amor e ódio andam de mãos dadas; Dahyun, uma menina com sonhos e muita sede de justiça cruza o caminho de Sana, filha do homem que ela mais odeia. Será possível deixar de lado o rancor e a raiva afim de não estragar o único fio de esperanç...