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Pov Dahyun





O dia acabou de amanhecer, está frio e nublado. Saí do dormitório às pressas, só peguei um casaco e fones. Coloquei uma música calma e baixa para tocar, é incomum, mas eu me concentro mais na melodia se ela for ambiente, mais calma e serena.

As lágrimas não param de cair dos meus olhos, deixando minha visão embaçada, praticamente me impedindo de continuar andando.

Eu estava sem rumo, saí da faculdade e agora estava em uma praça próxima a ela, paro e me sento num banco. Mais pensamentos catastróficos passam pela minha mente, a sensação ruim aumenta, a dor no peito parece não ter fim e eu choro mais.

Por ser tão cedo não tinha muita gente andando por ali. Agradeço por isso, afinal odiaria um estranho vindo até mim perguntar como estou. Eu só quero fugir de mim mesma.

"— Mãe! Eu passei na faculdade! – Gritei empolgada sem pensar que poderia acordar meu pai.

— O que? – Disse se aproximando de mim e eu já pude sentir que ela estava emocionada. – É verdade?

— Sim! Passei para medicina! – Nos abraçamos imediatamente e eu pude sentir meus ombros molhados. Ela chorava sobre mim.

— Onde? – Se desprendeu e virou para que eu não visse seu choro. Secou as lagrimas e voltou a me encarar.

— Vou checar ainda. Quando vi o símbolo verde de aprovação me empolguei tanto que esqueci de ver onde vou cursar.

Olhei para tela do celular e assim que li onde tinha passado, um misto de sensações me ocorreu. Passei numa faculdade difícil e prestigiada: felicidade. É em outro estado. Minha expressão mudou e eu já não sabia como dar a notícia.

— É... Mãe...  Gaguejei. – E-eu.

— O que houve, Dahyun?

Virei o celular para que ela mesma visse. Eu não conseguiria falar. Ela leu e me olhou:

— Eu não poderei cursar...

— O que? Está louca? – Ela sorriu e eu não entendi nada. De onde vinha essa felicidade? –  Você vai amanhã mesmo, dependendo de mim.

— Eu não posso deixar você sozinha para cuidar do papai. Não vou arriscar a saúde dele.

— Você vai pra lá sim. Vá e se forme para cuidar da gente. – Me abraçou.

— Mãe, o curso leva tempo. Pode ser tarde-

— Chega! Vá arrumar suas coisas. – Me interrompeu. – Seu pai também quer isso, tenho certeza.

— Eu não sei se quero voltar pra lá depois de tudo...

— Pensa em você, filha.

Era a voz do meu pai. Ele estava de pé, aparentemente sem muita dificuldade, depois de dias deitado. Parecia um sinal. Corri para abraçá-lo e recebi suas felicitações pela minha conquista, além de puxões de orelha sobre a ideia de não ir para Seul cursar o que eu sempre quis. Eu iria. Mesmo que isso custe a volta na cidade que fez tanto mal a mim e minha família. Eu iria e terminaria a faculdade por eles."

Recebo uma ligação, a qual me desperta dos meus pensamentos e me faz secar as lagrimas tentando ao máximo disfarçar minha voz de choro:

— Oi, Jihyo. – Funguei.

— Dahyun, onde você está??? – Seu tom era de preocupação.

— Estou só dando uma volta. Já volto para o dormitório para a gente ir pra faculdade, relaxa.

Velha Roupa Colorida | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora