14.

783 86 13
                                    

Pov Dahyun





— Receberam a mensagem? – Perguntei.

— Sim. – Jeogyeon disse e sua expressão já era de cansaço.

— Que mensagem? – Jihyo perguntou.

— No grupo do buffet. – Puxei a cadeira e me sentei com elas a mesa pra tomar café. – Querem que a gente trabalhe nessa sexta.

— Ah...

— Você não vai, Hyo? – Minha amiga perguntou.

— Vou sim, dinheiro nunca é ruim.

—E você, Dubu?

— Claro que sim, gastei bastante com os novos medicamentos do meu pai e as consultas...

Elas não falaram nada, só mexeram a cabeça. Eu sei que esse assunto é sensível, por isso elas não sabem muito como agir quando eu comento algo do tipo.

[...]

O professor fala algumas coisas sobre o meio profissional da medicina e dá quase uma palestra sobre a vida dele, assunto que, obviamente, não cai na prova, então eu me permito dispersar um pouco da "aula".

Não falei com meus pais hoje, é estranho não ter um contato com eles diariamente. Também nunca sei se meu pai está realmente melhorando ou só estão me enganando pra que eu siga minha vida. É horrível a sensação de estar me despedindo dele cada dia que passa.

"Era gelado, silencioso e muito claro, odeio hospitais. Odeio mais ainda essa agonia no meu peito por não saber o que meu pai tem.

Ultimamente ele anda tossindo bastante, está muito fraco e pálido. Hoje ele desmaiou e acabados na emergência. Não acho que seja só depressão depois de ter sido demitido.

Essa demissão só trouxe desgraça. Se eu pudesse nada disso estaria acontecendo. Meu pai teria um trabalho melhor e em condições saudáveis, diferente do anterior.

— Vocês são da família? – A enfermeira entrou na sala de espera e perguntou.

— Sim. – Minha mãe respondeu em meio a fungados, afinal ela já tinha chorado bastante.

— O que ele tem? – Perguntei afoita.

— Agora ele está bem e estável, mas não sabemos o que ele tem de fato. – Me sentei novamente por frustração. – O quadro dele é complicado e sugiro que procurem médicos especializados, não apenas um clínico geral.

— Especializado em quê? – Perguntei mais afoita ainda.

— Dahyun, por que não vai lá pra fora e deixa que eu converso com a enfermeira? – Minha mãe disse, mas eu não sairia dali nem que me pagassem.

— Não. – Respirei fundo. – Especializado em quê?

A enfermeira fez uma pausa antes de dizer o que já estava na ponta de sua língua, olhou para minha mãe e depois de um balançar de cabeça da mesma, começou a falar:

— Sugiro que procurem um oncologista para esse caso.

Minha mãe sentou na hora. Foi um baque pra ela, deu pra notar. Eu ainda estava imersa em meus próprios pensamentos e sensações. Ambos ruins. Eu não queria acreditar que talvez meu pai estivesse com câncer.

As palavras da enfermeira não saíam da minha cabeça e isso tudo, apesar de durar poucos minutos até a conversa continuar, pareceu uma eternidade. Tudo em mim doía. Meu corpo estava mole e eu me senti fraca. Comecei a sentir enjoo de todas as formas possíveis e naquela hora já era possível ouvir meu choro.

Velha Roupa Colorida | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora