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Pov Sana




— Minatozaki Sana, você jura dizer a verdade, somente a verdade e nada além da verdade diante deste júri e sob a investigação de Minatozaki Ichiro? – A autoridade máxima da sala perguntava seriamente.

— Juro. – Respondi com a mão em livro e depois a levantei, cumprimento o ritual de juramento, em seguida sentei-me na cadeira para responder a todas as perguntas.

O julgamento do meu pai finalmente estava acontecendo. Muito mais rápido do que imaginei, mas muito tarde para tudo que ele deve.

Minha mãe já testemunhou, Mina também e agora é a minha vez. Alguns amigos da família foram chamados, mas responderam perguntas simples, sem muita enrolação. Nós da família estamos sendo seriamente interrogadas e isso é de extrema aflição.

O medo de dizer algo errado, mentir sem perceber, ou falar a verdade e ser responsável por alguma decisão importante consome a todos nesta sala, não somente a mim.

Meu pai está sentado numa mesa a frente do juiz. Ele está acompanhado de vários profissionais do direito, são tantos que nem sei para que serve. Apenas reconheço um advogado. É ele quem fala pelo meu pai, sempre falou. É seu parceiro há anos e nunca perdeu uma causa. Deve ser por isso que sua feição é tão serena.

Diferente da minha, que é nervosa, suada e quente. Estou uma pilha de nervos, é verdade. Nem parece que sou apenas uma testemunha nessa situação. Qualquer um me vendo de fora, pela aparência, julgaria que estou sendo acusada de algo, mas isso é só a pressão por estar contra o meu pai nisso tudo.

— A senhorita confirma que o réu comumente recebia visitas em casa, de portas trancadas, que duravam horas? – O advogado de acusação perguntou.

— Sim. – Respondi sem olhar para o meu pai, apenas mirava em minhas mãos, apoiadas sobre a mesa.

— Em uma dessas visitas, a senhorita pode responder se já viu este sujeito? – Virou-se para sua mesa, pegou uma fotografia no topo de alguns papéis e mostrou para todos, dando uma volta completa pela sala, por fim, entregando a mim. – Reconhece este homem? – Assim que bati o olho entrei em choque.

— Eu... Acho que sim. – Gaguejei. – Sim, conheço. – Mina também reconheceu e apenas fez um sinal de calma com as mãos. Somente assim consegui permanecer com paciência.

— Pode nos dizer de onde o conhece exatamente? – Olhei para o meu pai antes de responder e seu comportamento não era nada bom. Estava nervoso. Cobria o rosto com a mão e olhava para baixo, queria evitar que algo negativo acontecesse, mas não tinha mais controle de nada.

— O vi a primeira vez numa festa em minha casa. Uma festa que meu pai deu e chamou muita gente, inclusive gente do trabalho que nunca vi na vida, por isso não estranhei este homem. – Respondi detalhadamente para não restar dúvidas. – Mas tornei a vê-lo outras duas ou três vezes.

— Na sua casa?

— Não. – Respirei fundo. – Eu trabalhei na casa dele, mas o via pouco pois ele mal aparecia.

— Na casa deste homem? – O advogado parecia perplexo. Mostrou a foto novamente e pediu para que eu me concentrasse. Eu o reconheci de primeira, não havia necessidade de mais análise. Era o pai de Yeri.

— Fui babá dos filhos gêmeos dele, mas o emprego durou pouco, pois tive divergências com a filha mais velha do Kim. – Olhei para o meu pai que parecia um pimentão de tão vermelho. Tenho certeza que ele pensou "ela não deveria dizer tantos detalhes", mas eu não sou como o Ichiro. Não minto em juízo, não tenho nada a temer.

Velha Roupa Colorida | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora