7.

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Pov Sana



Já pararam pra pensar que quando você PRECISA dormir o sono simplesmente some? E quanto mais você tenta mais elétrica fica? É exatamente assim que me sinto agora. A última vez que vi as horas foi quando guardei o celular, marcava onze da noite, agora já não faço ideia do horário.

Me mexo na cama, me viro de um lado para o outro afim de finalmente capotar para o dia amanhecer e começar tudo de novo. Não me leve a mal, não estou reclamando, estou adorando ter esse gostinho de independência.

Ok. Acho que achei a posição perfeita, minha cabeça parece se aquietar e meu corpo relaxa aos poucos.

CARALHO.

— Alô? – Alguém me ligou e pela escuridão em que eu estava, nem olhei para claridade do celular para ver quem era.

Linda, sou eu. Vem aqui fora. – Era Eunha e o seu tom de voz não estava normal. Se não a conhecesse, arriscaria dizer que está bêbada.

— 'Tô indo, só um minuto. – Calcei os chinelos rapidamente, coloquei um hobby por cima do pijama e saí.

— Amorrr, achei que você não viria até mim. – Saiu com um pouco dificuldade, mas nada muito grande.

— Demorei 2 minutos, Eunha. O que você quer? – Eu chequei o celular depois que desliguei a ligação: uma hora da manhã. Eu estava começando a me irritar.

— Quero você, linda! Pra sempre. Mas você nem gosta de mim. – Se aproximou e tentou me beijar, mas eu virei o rosto. – 'Tá vendo só?

— Você está bêbada?

— De amor. – Ela riu.

— Falo sério. – Aproximei meu nariz de seu pescoço pra tentar sentir cheiro de álcool. Dito e feito. – Por que bebeu?

— Meus pais.

— Brigaram de novo?

— Não.

— Você vai falar ou vai ficar enrolando? – Saiu mais ríspido do que eu imaginava, mas realmente minha paciência estava esgotando.

— Vou viajar amanhã e só volto daqui duas semanas. Vou ganhar as notas todas com uma facilidade imensa, sem esforço nenhum. E quando eu perguntei sobre a possibilidade de eu não ir na viagem, meus pais jogaram na minha cara todos os meus privilégios e tudo que eles já fizeram e fazem por mim. – Falou sem pausas. – Me senti tão pequena que desabei e bebi.

— Eunha... – Meu tom foi triste. Eu não sabia o que dizer, então só a abracei. Nesse momento eu esqueci o estresse, ela precisava de mim. O sono se recupera.

— Você não consegue me chamar de "amor", né? – Se desprendeu de mim e me olhou com uma expressão que não consegui decifrar.

— Como assim? Claro que consigo. Mas isso é só uma palavra, não significa nada no final. Eu te amo, esquece sobre isso.

Nada mais foi dito e ficamos ali por mais alguns minutos. Ela não estava bêbada, só alterada. O que causou essa metralhadora de verdades foi só a tristeza somada ao álcool.

Depois, entramos no dormitório e eu pedi para que ela dormisse comigo e minhas amigas ali. Tive que insistir algumas vezes, mas no final foi aceito. Se antes eu já estava com dificuldade para dormir, agora eu praticamente não vou pregar o olho.

O que Eunha falou mexeu comigo. Tudo que ela disse, principalmente o que me envolvia. Claro que fiquei balançada com as coisas ruins que os pais dela fazem, mas eu não posso mudar isso. De certa forma, quando me envolve eu sinto culpa. Talvez eu tenha culpa mesmo.

Velha Roupa Colorida | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora